Na última semana, estreou um filme que deu o que falar. Infelizmente, do modo ruim. O Corvo, remake da obra original de 1994, alcançou péssimos números de abertura e já é considerado um dos piores longa-metragens de 2024.
O motivo? Muitos! A começar porque a obra dirigida por Rupert Sanders demonstra zero apreço por O Corvo (1994) e também pelos quadrinhos de James O’Barr onde foram originados. Vale lembrar que no longa dos anos 90, o ator principal Brandon Lee morreu durante as filmagens e só isso já configura uma áurea difícil de ser superada.
Apesar de suas cenas iniciais resgatarem elementos da HQ, todo o resto do filme evoca uma tentativa original de recontar a história. E isso nem seria ruim, claro. Desde que a própria narrativa resultasse numa saga criativa e que trouxesse uma roupagem nova para um clássico.
A história de O Corvo
Como citamos acima, O Corvo é uma reinterpretação moderna do clássico cult de 1994, do diretor Alex Proyas. Nesta versão moderna, o personagem principal Eric (sem o sobrenome Draven atrelado exatamente como nos quadrinhos) é agora interpretado por Bill Skarsgård (o Pennywise dos filmes IT) e é brutalmente assassinado junto com sua namorada, Shelly. A cantora e multiartista FKA Twigs deu vida ao grande amor do anti-herói.
Porém, Eric recebe a chance de se vingar e sai em busca de encontrar e matar os criminosos que tiraram sua vida e a de Shelly. Contudo, ao contrário da trama conhecida, neste novo filme, ele pode se sacrificar para trazer sua amada de volta do mundo dos mortos.
E é aí mais um dos momentos onde tudo dá errado.
Filme chato e sem vida
Se tinha uma coisa interessante na história de O Corvo – seja quadrinhos ou o filme de 94 – era o sobrenatural e o espírito de vingança atrelado ao personagem. O corvo, o animal em si, era um guia que ligava Eric ao mundo dos vivos e dos mortos. Neste novo longa, a ave é mero coadjuvante onde sequer mostra sua força. Isso é dado a uma nova cara que sequer deveria estar lá.
O elemento gótico também é inexistente e nem a trilha sonora – um detalhe fundamental na obra dos anos 90 – recheada de nomes como Joy Division, Enya (?) e Foals consegue aplacar o sentimento de “por que fizeram isso?“. Enquanto tentamos achar sentido no filme, lutamos de forma brutal para não dormirmos junto.
A tentativa de criarem um Eric e uma Shelly desajustados da sociedade e que se conhecem por meio de uma clínica de reabilitação também não cativa. Pelo contrário, só irrita. Todavia, a atuação de Bill Skarsgård é correta e o ator sequer tem culpa. Mas é inevitável a comparação com o status de lenda conquistado por Brandon Lee mesmo que com sua morte acidental.
Por fim, mesmo com tentativas de soar original e moderno, o que sobra é um filme sem vida que demora a engatar até mesmo nas cenas de ação. Por conta disso, O Corvo de 2024 se torna chato e sem sentido.
Assim sendo, esqueça esta bomba e vá direto na fonte original se quiser ver algo realmente místico e surpreendemente divertido.
Ficha Técnica
O Corvo (The Crow)
Direção: Rupert Sanders
Roteiro: Zach Baylin, William Schneider
Estados Unidos | 2024 | 1h51min. | Ação / Suspense / Fantasia
Elenco: Bill Skarsgård, FKA Twigs, Danny Huston
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