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Crítica

Espetáculo ‘Mãe de Santo’ é um encontro espiritual

A atriz Vilma Melo está de volta aos palcos com o monólogo

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crítica peça mae de santo

A peça “Mãe de Santo” aborda temas como ancestralidade, empoderamento feminino e resistência cultural. A Mãe de Santo é representada como uma figura forte e inspiradora, capaz de enfrentar as adversidades com sabedoria e coragem. O olhar do público é capturado pelos detalhes do figurino da protagonista (achei lindo o conjunto da saia com o vestido) e adereços utilizados no cenário, que remetem às características das religiões afro-brasileiras.

A princípio, a atuação intensa e cativante da atriz Vilma Melo transmite toda a emoção presente na história. Através de falas profundas e reflexivas, a peça provoca o espectador a pensar sobre questões raciais e de gênero, ampliando sua consciência e estimulando seu engajamento na luta contra o preconceito. 

Saúde Mental

Pessoalmente, acho que precisamos prestar mais atenção em como as mulheres negras enfrentam uma variedade de formas de racismo, incluindo estereótipos negativos, discriminação no acesso a oportunidades educacionais e profissionais, tratamento desigual no sistema de justiça criminal e violência policial, além de experiências de racismo institucionalizado. Inclusive, uma das personagens abordada na peça chegou a sofrer com discriminação no aeroporto fazendo com que ela acabasse perdendo seu voo.

Essas experiências podem ter um impacto significativo na saúde mental das mulheres negras, levando a sintomas de estresse, ansiedade, depressão e baixa autoestima. Ademais, o racismo também pode afetar negativamente a autoimagem e a autoconfiança dessas mulheres.  

Mãe de Santo” é uma obra que promove a valorização da diversidade cultural e o respeito às tradições religiosas afro-brasileiras. É uma oportunidade de conhecer e se inspirar com a trajetória de mulheres fortes e determinadas.   

Por fim, a peça me lembrou que, apesar das dificuldades, somos todos humanos e merecemos ser tratados com dignidade e respeito. E que, no final das contas, o que realmente importa é a nossa capacidade de amar e nos conectarmos uns com os outros. 

SERVIÇO

Espetáculo: “Mãe de santo”

Temporada: de 11 a 20 de agosto

Dias e horários: sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 19h

Local: Teatro Ipanema (Rua Prudente de Morais, 824 – Ipanema)

Duração: 45 minutos

Ingressos: R$ 20 (meia) | R$ 40 (inteira)

Capacidade: 222 lugares

Classificação indicativa: 12 anos

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Caroline Teixeira é estudante de Psicologia e Psicanálise, apaixonada por palavras, cultura e boas relações, acredita que a arte pode ser uma ótima ferramenta para a evolução da psique humana.

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Cinema

Crítica | ‘O desafio de Marguerite’ mostra a potência da mulher

Filme estreia em 07 de dezembro no Brasil.

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O desafio de Marguerite.

O desafio de Marguerite foi destaque na primeira edição do Festival Internacional de Cinema de Biarritz. Além disso, foi apresentado na Sessão Especial do Festival de Cannes de 2023, onde venceu o prêmio do júri técnico CST Young Film Technician Award, pela direção de arte assinada por Anne-Sophie Delseries. O longa de Anna Novion estreia no Brasil no dia 07 de dezembro, com distribuição da Synapse Distribution.

O filme conta a história de Marguerite Hoffmann, uma estudante de 25 anos que está prestes a apresentar sua tese de doutorado. Mas, quando um erro técnico acaba com sua teoria, ela decide sair da universidade e aplicar o que aprendeu na vida real. A personagem foi inspirada em uma experiência pessoal da diretora e na trajetória de Ariane Mézard, uma das grandes matemáticas francesas da atualidade. “Ela foi a primeira pessoa que conversou comigo sobre matemática de uma forma artística e imaginativa, o que me interessa muito como cineasta”, diz Anna Novion.

A diretora conta também que, quando tinha cerca de 20 anos, ficou doente e precisou se afastar do convívio social por seis meses. Ao retornar, sentiu uma lacuna entre ela e as pessoas da mesma idade, como se não pertencessem ao mesmo lugar. Essa experiência de desconexão com o mundo e com as outras pessoas, aliada aos ensinamentos de Ariane, tornaram O Desafio de Marguerite possível de acontecer.

Para exemplificar, fique com o trailer:

Originalidade

O ponto alto do filme é, sem dúvida, sua temática diferenciada. A diretora se utiliza da matemática e do fato de Marguerite não ter outra vivência senão o estudo da ciência para mostrar como as pessoas arranjam artifícios dos mais variados para esconder suas fragilidades e se esconderem do mundo. É uma forma bastante criativa de tratar do assunto, principalmente por ser uma mulher. Temos muitos filmes retratando cientistas e estudiosos de áreas das Exatas homens, porém poucos que mostram mulheres cientistas.

O motivo disso aparece em O desafio de Marguerite e está no fato de se relacionar sempre mulheres a sentimentos e associar isso a algo negativo. Como o orientador de Marguerite diz, “matemáticos não podem ter sentimentos”, e a sociedade acredita que só mulheres os têm. E , além disso, que essa característica as resume. O filme mostra que não. E que é possível utilizar esses sentimentos ditos negativos no mundo científico para benefício próprio. E, também, como a mulher é desvalorizada no mundo acadêmico, principalmente em um tão masculino como o da matemática.

O desafio de Marguerite
Imagem: Divulgação.

É muito original, também, a forma como os conflitos de Marguerite são resolvidos. Os caminhos que ela vai tomando a partir de sua saída da universidade. É um roteiro que não segue o óbvio. Ele te surpreende a cada passo tomado, e isso é muito surpreendente. Principalmente em um mundo tomado de obras audiovisuais previsíveis.

Ritmo diferente

Contudo, exatamente por não ser uma produção genérica e mais do mesmo, há um burilamento no roteiro, ele tem um ritmo diferente do que se vê por aí hoje em dia. Portanto, o espectador acostumado a um ritmo mais acelerado vai estranhar. Pode, inclusive, achar um pouco chato. É um filme cheio de silêncios, principalmente por causa da natureza contida de Marguerite. Ele te obriga a observar o tempo inteiro, assim como precisa fazer um matemático tentando provar uma hipótese. Isso não significa que é um filme chato ou lento demais. Por causa do ritmo, você entra aos poucos na vida e na cabeça de Marguerite, e esse tempo ajuda a compreender melhor a personagem.

Ella Rumpf brilha no papel de Marguerite, essa mulher que faz de tudo para se esconder do mundo e das pessoas. E que só sabe enxergar seu potencial no mundo acadêmico, mas não tem ideia de como enfrentar o mundo real. É bonito de ver como a atriz se entregou ao papel e a forma como ela retrata a personagens aos poucos se entregando e entendendo como o mundo funciona fora dos portões da universidade.

“Quando conheci Ella Rumpf, conversamos muito e eu simplesmente soube. Tive a sensação de que poderia haver uma conexão fascinante entre Ella e a personagem, e que daria à luz uma encantadora Marguerite. Ela exalava uma intensidade e um comprometimento que eu queria filmar”, disse Anna Novion.

É um filme encantador, que mostra a potência da mulher. Em qualquer área que escolha viver.

Anna Novion.
A diretora Anna Novion.

Ficha técnica

O DESAFIO DE MARGUERITE

Le Théorème de Marguerite | 2023 | França | 1h52 | Drama

Direção: Anna Novion

Roteiro: Anna Novion e Mathieu Robin

Elenco:  Ella Rumpf, Jean-Pierre Darroussin, Clotilde Courau

Produção: TS Productions

Distribuição: Synapse Distribution

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