No dia 15 de julho a Netflix lançou, mundialmente, a adaptação do livro de Jane Austen, Persuasão. Desde a estreia, a qual antecedeu o aniversário de 205 anos da morte da autora, a recepção do filme pelo público foi cada vez pior. A partir de então, o longa coleciona threads no Twitter e vídeos de TikTok com críticas e piadas, principalmente dos fãs mais assíduos da autora. Além disso, tem uma classificação de 31% no Rotten Tomatoes, plataforma de críticas cinematográficas.
Para começar a entender essa insatisfação, é necessário ter em mente um pouco do que Jane Austen representa. Uma autora do começo do século século XIX, com seu primeiro livro publicado em 1811. Sua presença foi significativa na literatura inglesa por seus pontos de vista avançados para o tempo em que vivia.
Seus romances trazem um ponto que hoje é muito comum, mas que foi um advento para época: fortes protagonistas femininas. Esse foi um fator influente na falta de apoio da comunidade literária do século, muito dominada por homens. Além disso, seus romances se tornaram uma das bases do gênero. Suas dinâmicas são os clichês da cultura pop contemporânea tanto em livros quanto em produções de Hollywood. Dessa forma, Jane Austen acumula novos fãs mesmo depois de mais de 200 anos de sua morte.
Amor e papel feminino na sociedade
Apesar de seus livros tratarem primariamente do amor, a autora traz uma reflexão profunda do papel feminino na sociedade, ainda que de maneira sutil, o que é uma de suas maiores qualidades. Seus livros trazem diversas críticas à estrutura social inglesa, à frivolidade da alta sociedade e, em especial, ao tratamento da mulher neste contexto. A falta do sarcasmo, ironia e delicadeza de Austen na adaptação foi uma das primeiras coisas criticadas pelos fãs. Eles consideram o filme muito agressivo com seus diálogos e, por vezes, sem consideração pelo aspecto crítico do livro.
Persuasão conta a história de Anne Elliot, que foi desencorajada de se casar com o grande amor de sua vida, o Capitão Wentworth, por ser um homem de classe social mais baixa. Ela passa os oito anos seguintes refletindo sobre a decisão tomada através da influência de sua família ambiciosa, e ao reencontrar sua paixão da adolescência, percebe o grande erro que cometeu, agora impossível de reverter. O livro tem uma carga emocional alta, e muitos espectadores apontam que o longa falha em retratar a intensidade de Anne, e faz sua intérprete, Dakota Johnson, parecer quase despreocupada com a situação – o segundo maior ponto de crítica.
A heroína original não é boa em expressar seus sentimentos, é insegura e reservada, além de, muitas vezes, prender sua língua por medo das convenções sociais – ponto crucial na história. Já a Anne Elliot da Netflix é extremamente confiante e destemida, falando sempre o que pensa. Esses não são traços ruins, mas dentro do contexto, matam a maior parte da trama e o objetivo da obra, tornando compreensível a insatisfação dos admiradores da personagem.
Imprecisões e curiosidades
Também apontaram muitas imprecisões históricas, além de uma simplificação da escrita de Jane Austen para a transformação do roteiro, usando uma linguagem moderna em um filme de época. Há ainda uma comparação com outra adaptação, Orgulho e Preconceito, de 2005, por exemplo, que teve 5 indicações ao Oscar.
O complicado de passar livros para as telas é que os leitores esperam ansiosamente por momentos, diálogos e personagens marcantes, poém, quando isso não acontece, a frustração é grande. Muitas outras adaptações também passaram por esse problema, e raros são aquelas bem recebidas pelos fãs.
No final de tudo, fica aquele velho debate das redes sociais: o livro sempre será melhor do que o filme?
“Fato é que as adaptações sempre despertam curiosidade para a obra original. Austen, como uma das maiores escritoras de língua inglesa, coleciona fãs, e sem dúvida, ganhará, assim, ainda mais leitores. Pra quem gostou, ou não, da adaptação literária, vale lembrar, sempre há o livro”, comenta a supervisora editorial do Skeelo, Thereza Castro, que trouxe as obras de Austen para fazerem parte do acervo de e-books do aplicativo.
Se você assistiu ao filme Persuasão, da Netflix, e quer entender sobre o que os fãs de Jane Austen estão falando ou se já é fã e o filme te deu vontade de ler o livro, confira o aplicativo do Skeelo em: app.skeelo.com. Disponível para Android e iOS.