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Dreams
CinemaCrítica

Crítica: O que Dreams revela sobre o primeiro amor?

Por
André Quental Sanchez
Última Atualização 26 de junho de 2025
7 Min Leitura
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Dirigido por Dag Johan Haugerud, Dreams se utiliza de uma sonhadora protagonista para retratar uma narrativa

Na medida que exploramos a sétima arte, percebemos algumas diferenças cruciais em quesitos de tom, ritmo e principalmente de construção narrativa e emotiva, afinal, o histórico de cada país e produção é diferente, por consequência, isto acaba sendo transmitido na arte. Se pegarmos um filme como Deixe Ela Entrar (2008, Tomas Alfredson), percebemos uma identidade e um tom que discute diretamente com a cultura do norte da Europa, mais especificamente da Suécia, mas se tomarmos como exemplo o seu “irmão norte americano”, Deixe-me Entrar (2010, Matt Reeves), percebemos mudanças estéticas que tornaram a narrativa mais acessível para um público distinto, que talvez nem mesmo saiba que exista uma produção anterior.

Um cinema nórdico se difere muito de um cinema tradicional norte-americano, se considerarmos o cinema Blockbuster, o buraco é ainda maior. Assim, quando formos analisar uma produção, é sempre importante destacar, e relembrar, o local em que ela foi produzida, pois isto afeta muita coisa. No caso específico de Dreams, desde a sua primeira cena, percebemos que não é um filme norte-americano, seja pelo modo como é gravado, por uma pequena troca de diálogos, ou pelo contexto extremamente poético, e singelo, que rodeia toda a produção.

Confira abaixo o trailer de Dreams e continue lendo a crítica

Último filme da trilogia Sex/Love/Dreams de Dag Johan Haugerud, a produção venceu o Urso de Ouro na 75.ª edição do Festival de Berlim, Dreams se utiliza de uma constante narração para exemplificar, e até mesmo ampliar, os sentimentos amorosos de Johanne, uma jovem de 17 anos, por sua professora, Johanna.

Construindo uma jornada de emoções e reflexões que relembra o método como a narração em off foi utilizado em O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2002, Jean-Pierre Jeunet), porém, com uma diferença crucial: enquanto a produção de Jean-Pierre se utiliza de um narrador onisciente que apresenta noção das verdadeiras agonias e reflexões de sua protagonista, no caso de Dreams, a narração é feita pela própria, e apaixonada, Johanne, assim, na medida que se encontra emocionada e confusa, como todos ficamos quando sentimos o primeiro amor, a narração cai no campo do não confiável, pois tudo acaba sendo para ela somente um belo e lúdico sonho.

Atualmente, existe uma ampla discussão no meio cinematográfico em relação à male gaze, e o retrato de histórias femininas pelo olhar masculino, porém, no caso de Dreams isto passa longe de ser uma questão, afinal, além da produção focar somente em personagens femininas, incluindo três gerações de uma mesma família, o filme trata o fato de Johanne se apaixonar por uma mulher, ainda mais pela professora, como “uma segunda-feira normal”, não sendo visto como algo de destaque, afinal, tiraria o foco da verdadeira intenção da produção: a transmissão de emoções e o retrato de um jovem e inocente primeiro amor.

Dreams

Selome Emnetu e Ella Øverbye em cena de Dreams- Copyright Pyramide Distribution

Acompanhar os absurdos e reflexões de Johanne é quase cômico, ainda mais se considerarmos que sua narração em primeira pessoa ocorre em momentos que nem mesmo está presente, permitindo alguns momentos de conforto e risos com canto da boca, da parte do espectador, na medida que relembramos do nosso primeiro amor, e como sentimos esta paixão de maneira mais semelhante com Johanne, do que gostaríamos de lembrar.

Dreams se sustenta não somente com sua protagonista, afinal, sua mãe e avó, por meio da coragem e das palavras da garota, refletem sobre seus próprios sentimentos e chances que deixaram passar ao longo de suas vidas. Em relação principalmente à avó, presenciamos uma melancolia e um cuidado que diversas mulheres viúvas passam, sendo retratado este sentimento com muito cuidado e afeto, transbordando emoções até mesmo em momentos mais íntimos e sagrados.

O fato de Dreams não apresentar um clímax pode ser uma dificuldade para parte da audiência, afinal, uma hora e 50 de somente diálogos oníricos e reflexivos, pode cansar qualquer um, e de certa forma a narrativa se estende um pouco mais do que realmente deveria, tornando algumas cenas demasiadamente longas demais, porém, ao seu final, a produção conta com um ritmo e tom próprio, permitindo que o espectador desfrute de um senso de nostalgia, desejo, e alegria, porém, trazendo um senso de catarse por conta da jornada de evolução de sua protagonista, tornando o filme bem mais do que um simples coming of age.

Em quesito técnico, Dreams apresenta uma estética simples e tradicional, apesar de algumas cenas que abordam um tom mais onírico, em sua grande parte a produção se direciona para uma estética clássica tanto em fotografia, quanto em direção de arte e som, o que neste caso não é ruim, afinal, a narrativa é muito pé no chão, e realista em inúmeros aspectos, o simples então se torna extremamente eficiente, deixando sua marca muito após a sessão ter se encerrado.

Dreams faz parte do Festival de Cinema Ponte Nordica, um festival de cinema que ocorrerá de forma gratuita no CCSP (Centro Cultural São Paulo), entre os dias 26/06 e 29/06, com diversos filmes da Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia, além de debates com críticos e diretores renomados.

A programação completa pode ser encontrada no site oficial do Festival.

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Tags:crítica dreamsDag Johan HaugerudDreamsFestival de Cinema Ponte Nordicafilme sobre primeiro amor
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