Cultura
Festival Rock The Mountain faz evento memorável em Itaipava
Publicado
3 anos atrásem
Por
Jéssica Borges
O Festival Rock The Mountain aconteceu neste sábado, 07 de dezembro, em Itaipava, região serrana do Rio de Janeiro. E confesso que precisei desses dias de imersão nos meus próprios pensamentos para conseguir digerir e definir um pouco do que foi a experiência incrível que vivi durante as 16 horas de festival.
Ficou difícil eleger o melhor momento, a apresentação mais marcante ou o quesito em que a organização mais mandou bem, porém, inegavelmente, todos que passaram por ali voltaram para casa de alma lavada. Pra lembrar com aquela nostalgia gostosa e registrar esse dia para a posteridade, contamos um pouquinho do que rolou por lá. Se liga:
Esquenta nacional de qualidade
Os cariocas da banda Biltre foram um dos primeiros do dia e, mesmo acostumados a se apresentarem a noite, cercados de muita decoração de LED, entregaram um show completo e de alto nível para um público fiel, que sabia de cor todas as letras. Além de muito entrosados e com uma ótima relação com os fãs, os meninos deram à apresentação um tom de encontro entre amigos e animaram o festival com “Piranha” e “Nosso amor foi um GIF”.
Do mesmo modo, outra grata surpresa foi assistir ao show do Gilsons, trio formado pelo filho e netos do grande Gilberto Gil, e ao intenso rock psicodélico dos goianos do Boogarins, que deram tudo de si entregando diversos hits como “Sombra ou Dúvida”, “Doce” e “Benzin”.

Emicida é dono do Festival
Sou fã do Leandro desde 2009, na sua estreia com “Pra quem já mordeu um cachorro por comida até que eu cheguei longe” e de lá pra cá, já tive o prazer de assistir alguns de seus shows (e por acaso até fazer um TCC com uma de suas músicas). Contudo, confesso que a energia transmitida neste sábado agiu como uma sessão de descarrego, no qual magicamente deixei pra trás todos os problemas e perrengues desse ano apocalíptico.
Emicida uniu os clássicos “Zica Vai Lá”, “Hoje Cedo” e “Levanta e Anda” à músicas de seu novo trabalho como “AmarElo” e “Pequenas Alegrias da Vida Adulta”, amarrando o show para agradar desde a galera das antigas até os recém-chegados.
Sorrisos, gratidão e até lágrimas foram reações unânimes entre as pessoas que estavam ali naquele imponente pôr-do-sol no palco Budweiser. Destaque para “Principia”, do seu novo álbum AmarElo, que gerou uma verdadeira catarse após o rapper ver um grupo de amigos se abraçando e pedir para que todos fizessem o mesmo, espalhando uma onda de muito amor, empatia e respeito.
Usando as próprias palavras do mestre, o show foi “latente, potente, preto, poesia”. Sem dúvidas é uma apresentação que fica pra história.

Um pedacinho do Nordeste em Itaipava
O clima em Itaipava surpreendeu até as mais confiáveis previsões meteorológicas – e não só porque um céu azul e limpinho se abriu, mas porque as atrações do festival incendiaram a galera e botaram todo mundo pra dançar como se não houvesse amanhã.
O recifense Johnny Hooker não economizou na energia e lançou um hit atrás do outro, como “Chega de Lágrimas”, “Alma Sebosa”, “Caetano Veloso” e “Corpo Fechado”. Subiu na cadeira, dominou o palco, beijou o guitarrista e não perdeu a oportunidade de manifestar sua oposição ao atual governo e defender todo tipo de amor.
Logo mais tarde, a também recifense Duda Beat trouxe um show mais calmo, porém, com muita qualidade. A rainha do pop sofrência é dona de um carisma enorme, contudo fez uma apresentação parada que talvez funcionasse melhor fora de um festival. O single “Bixinho” foi cantado em coro, mas o resto da setlist deixou um pouquinho a desejar.
Por fim, os fortes sobreviventes que aguentaram até de madrugada, com certeza não tiveram motivos para reclamar: os baianos do ATTOXXÁ fizeram um dos melhores shows da noite, com direito a muito passinho, rodas e uma mistura contagiante de axé, pop, brega e funk. Os meninos transformaram o palco AME num pedacinho do carnaval de Salvador e fizeram até quem não curte muito o ritmo, se divertir e se entregar àquela experiência única.

Organização, atrações radicais e todos os ritmos
O Rock The Mountain conseguiu realizar com maestria um feito que poucos festivais brasileiros já conseguiram: unir todas as tribos, oferecer outras opções de diversão e principalmente gerir tudo de maneira muito bem estruturada. E, de fato, desde a logística do transfer, até o sistema de descontos pelo app do AME, que ofereceu preços justos nas bebidas e rapidez nas filas, o evento prometeu ser o mais simples e confortável possível – e cumpriu!
A questão da preocupação ambiental, explícita principalmente no incentivo do uso dos copos reutilizáveis e no plantio de árvores em parceria com o Do Bem Recicla, remeteu muito o falecido SWU, que acontecia em Itu, interior de São Paulo. Assim como o Rock The Mountain, o festival tinha como mote a importância da cultura e sustentabilidade, sobretudo em um momento tão crítico no Brasil.
Os palco MD (Magic Disco) e Bud Basement, agregaram o melhor do eletrônico, rock e hip hop, servindo como parada estratégica entre um show e outro. Do mesmo modo, o voo de balão, bungee jump e a tirolesa garantiram mais um diferencial para os amantes de adrenalina. E eu, claro, não fiquei de fora dessa!

Edição 2020 já foi anunciada!
O anuncio da próxima edição do Rock The Mountain, antes mesmo de me recuperar desta, sem dúvidas foi a cereja do bolo que todo mundo pediu – e quem sabe, não é aquele empurrãozinho que faltava pra você também? O evento será dia 05 de dezembro de 2020, primeiro sábado do mês, e já tem uma banda confirmadíssima: Baiana System!
Por fim, a pré-venda dos ingressos já está acontecendo e você pode garantir o seu lugar nesse rolê incrível através do Sympla.
E ai, nos vemos ano que vem?
Jornalista cultural, cinegrafista de guerrilha e afogada nas possibilidades das relações humanas que nos afetam. Me surpreender com as coincidências da vida é meu maior deleite, afinal, não estamos aqui por acaso. Ou estamos?

Você pode gostar
Maria | Veja o clipe que une Dino D’Santiago e Emicida
Socioagrobiodiversidade | Evento traz Arte, Educação e Cultura
‘The Weeknd Live at SoFi Stadium’ é o primeiro álbum ao vivo do cantor
Brasil é um dos países mais acolhedores do mundo | Entenda
ID:Rio | Festival de moda e criatividade em Niterói, até domingo
Soy Rebelde Tour 2023 | RBD se apresenta no Brasil, saiba como comprar
Crítica
Benjamin, o palhaço negro | Uma homenagem ao primeiro palhaço negro do Brasil
Publicado
4 dias atrásem
25 de maio de 2023Por
Livia Brazil
Parece até piada que notícias como a do racismo sofrido pelo jogador de futebol Vini Jr. ou um aplicativo que simula a escravidão tenham saído enquanto “Benjamin, o palhaço negro” está em cartaz. Infelizmente não é. Assim como não é piada e nunca deveria ser considerada como uma as coisas que um certo “humorista” disse no vídeo que, com razão, foi obrigado a ser retirado do ar. Infelizmente, a luta contra o racismo continua, desde a época em que Benjamin de Oliveira viveu, de 1870 a1954. Cem anos e as atitudes dos racistas continuam iguais! É um absurdo!
Mas sabe o que mudou? O combate. Como fica bem óbvio no texto do musical, agora não se sofre mais calado. Agora há luta. Agora há regras, há leis, os racistas não vão fazer o que querem e ficar por isso. As pessoas pretas vão exigir o seu lugar de direito e o respeito de todos. Já está mais do que na hora, né?
Mas estou me adiantando para o final da peça. Vamos voltar ao começo.
Quem foi Benjamin de Oliveira?
Benjamin de Oliveira foi o primeiro palhaço negro do Brasil, em uma época em que pessoas pretas não eram aceitas ou bem-recebidas no mundo do entretenimento (e no mundo como um todo, sejamos sinceros). Além disso, ele foi o idealizador e criador do primeiro circo-teatro. Mas por que, então, não conhecemos a história dele?
Por que vocês acham?
Como os atores dizem no início do musical idealizado por Isaac Belfort, a história do circo foi embranquecida, assim como todas as histórias que aprendemos. A peça vem, portanto, para contar a história verdadeira e colocar luz em cima de quem deveria, desde sempre, ter ganhado os louros de sua invenção. Em um espetáculo intenso, sensível e moderno, o público aprende sobre quem foi Benjamin e, também, a valorizar os artistas negros atuais e da nossa história. Mostrando, assim, pra quem tinha dúvidas, quanta gente preta de talento existe e sempre existiu. Só falta, como disse Viola Davis, oportunidade.
O espetáculo
No palco, cinco atores. Eles se revezam para interpretar Benjamin, uma sacada ótima. Uma sacada que faz todo mundo querer se colocar no lugar daquele personagem. Uma sacada que faz qualquer um não conseguir não se colocar no lugar daquele personagem. E sentir todas as dores que ele sentiu. Para pessoas brancas, como a jornalista que vos fala, que nunca vão saber o que é sofrer o racismo na pele, é um toque certeiro pra empatia. Mesmo que forçada, aos que até hoje tentam ignorar esse mal da nossa sociedade. É necessário.
Outra sacada ótima foram os toques de modernidade ao longo de todo o roteiro, muito bem escrito. Colocar personagens da época de Benjamin agindo como os jovens tiktokeiros e twitteiros de hoje foi primordial pra facilitar a identificação. Mesmo para quem não conseguiria fazer a paridade entre a época outrora e os tempos atuais, o roteiro faz questão de não deixar dúvidas. E fica impossível não reconhecer algumas das personagens mostradas no palco. O espectador vai, na hora, conseguir lembrar de alguém que já conheceu ou viu passar pela internet. Ou vai pensar em si mesmo. E é aí que mora a chave do sucesso da peça: porque o reconhecimento traz a mudança (ou assim se espera).
Um elenco de se tirar o chapéu
Os cinco atores – Caio Nery, Elis Loureiro, Igor Barros, Isaac Belfort e Sara Chaves – sabem muito bem o que estão fazendo. Dão show em cima do palco. Cantam, atuam e se movimentam de forma emocionante. A cenografia ajuda, claro. Assim como a iluminação. E a coreografia. O espetáculo é apresentado em um espaço pequeno, que ajuda ao espectador se sentir dentro da peça. E a força com que cada elemento está em cena – atuação, música, iluminação, cenário – torna difícil não sentir cada cena como se estivesse acontecendo com si mesmo.
Preciso, porém, destacar dois dos atores: Caio Nery e Sara Chaves. Todos em cena estão visivelmente entregando tudo e fazem um espetáculo lindo de se ver. Mas Caio e Sara sobressaem. Destacam-se por ser possível enxergar a emoção por trás dos personagens, e deixarem a peça ainda mais forte e bonita. São dois jovens atores de 20 e poucos anos que, com certeza, ainda vão longe!
Curtíssima temporada
Se você se interessou em assistir “Benjamin, o palhaço negro”, corre! O espetáculo ficará em cartaz somente até o dia 28 de maio, esse domingo. Como mencionado anteriormente, o espaço é pequeno, portanto os ingressos esgotam rápido. Essa não é a primeira vez que o musical fica em cartaz no Rio de Janeiro. Ano passado teve sessão única em novembro e uma curta estadia em São Paulo. Isso porque é uma peça independente. O que resta ao público, além de assistir às sessões do final de semana, é torcer para conseguirem mais patrocínio para seguirem com essa peça tão importante por mais tempo.
Serviço
Benjamin, o palhaço negro
Onde: Espaço Tápias (Av. Armando Lombardi, 175 – 2º andar – Barra da Tijuca).
Quando: 27 e 28 de maio (sábado e domingo), às 20h.
Idealização e produção: Isaac Belfort
Direção geral e músicas: Tauã Delmiro
Direção musical e músicas: Peterson Ferreira
Coreografia: Marcelo Vittória
Design de luz: JP Meirelles
Design de som: Breno Lobo
Direção residente: Manu Hashimoto
Direção de produção: Sami Fellipe
Coprodução: Produtora Alada
Realização: Belfort Produções e Teçá – Arte e Cultura
Crédito da foto: Paulo Henrique Aragon
Por fim, leia mais:
Crítica | Los Hermanos: Musical pré-fabricado
Tick Tick… Boom! | Uma homenagem ao teatro musical
‘Cinderela” estreia no Teatro Miguel Falabella com trilha sonora diferenciada


Benjamin, o palhaço negro | Uma homenagem ao primeiro palhaço negro do Brasil

Crítica | ‘Meu Vizinho Adolf’ uma dramédia impactante

Aprenda uma receita de bolo vegano de chocolate feito com maionese à base de plantas

Crítica | Meu Pai É Um Perigo
Cultura


Benjamin, o palhaço negro | Uma homenagem ao primeiro palhaço negro do Brasil
Parece até piada que notícias como a do racismo sofrido pelo jogador de futebol Vini Jr. ou um aplicativo que...


Sucessos da DreamWorks são tema de exposição imersiva que chega a São Paulo
DreamWorks Animation: A Exposição - Uma Jornada do Esboço à Tela


‘Cinderela’ estreia no Teatro Miguel Falabella com trilha sonora diferenciada
Informações e ingressos antecipados com desconto pelo whatsapp 2199596-2747.


Donna Summer – Universal Music celebra a vida e obra da rainha do disco
Uma série de lançamentos com materiais inéditos estão programados para este ano
Crítica


Crítica | ‘Meu Vizinho Adolf’ uma dramédia impactante
'Meu Vizinho Adolf' aborda as consequências do nazismo em uma dramédia tocante.


Crítica | Meu Pai É Um Perigo
Comédia é leve, diverte e ainda traz algumas críticas de classe


Crítica | ‘A Pequena Sereia’ desenvolve os personagens melhor que a animação
Hans Christian Andersen: "Mas uma sereia não tem lágrimas, e, portanto, ela sofre muito mais"


Crítica | ‘Velozes e Furiosos 10’ conta com brilho de Jason Momoa
Entre cenas de ação nada memoráveis é Dante Reyes que se destaca
Séries


Aruanas | Segunda temporada apresenta poluição urbana como o inimigo
Série original Globoplay, desenvolvida pelos Estúdios Globo em coprodução com a Maria Farinha Filmes, acompanha a saga de ativistas ambientais


The Sympathizer – Nova série da HBO Max traz Robert Downey Jr.
Trailer mostra que o ator interpreta vários personagens.


The Acolyte | Ilha da Madeira é cenário de nova série Star Wars sobre os Sith
Destino português recebeu parte das filmagens de 'The Acolyte'


Belas Maldições – Neil Gaiman fala sobre trailer da 2º temporada
Série segue sem data de estreia mas agora temos noção de quando o trailer pode sair.
Literatura


Conheça a biografia do controverso Vladimir Putin em HQ
Obra da Conrad é uma leitura importante para quem quer entender as complexidades da política russa e suas estratégias globais


A Voz do Tempo | Conheça a história real de uma paixão entre um padre beneditino e uma jovem aristocrata
Escritora Lenah Oswaldo Cruz transforma em autobiografia manuscritos que encontrou do pai sobre o romance que chocou as sociedades paulista...


A plenitude do ser: O guia para uma vida transformada | Conheça a filosofia de Tina Turner
"Acredito que cada um de nós nasce com uma missão particular, com um propósito de vida que só nós podemos...


A Feira do Livro | Evento recebe Patricia Hill Collins, uma das mais potentes vozes do feminismo negro
Socióloga estadunidense, uma das mais importantes vozes da intelectualidade contemporânea, vem ao Brasil em junho
Música


2ª edição do Festival Rock Session acontece em São Paulo, Florianópolis e Curitiba
Para a edição estão confirmados Fresno, Raimundos, Charlie Brown Jr. 30 anos, Braza e Day Limns


1º Festival de Percussão e Ritmos do Mundo da Escola dos 7 Portões está com inscrições abertas
Acontece nos dias 2, 3 e 4 de junho, de sexta a domingo, em Araçariguama, SP


Som Livre confirma o retorno do Festeja Belo Horizonte
Um dos maiores festivais de música do país, que teve sua última edição na capital mineira em 2019, já tem...


Festival Halleluya 2023 acontece no Terreirão do Samba com entrada gratuira
Evento vai reunir diversos artistas da música católica em dois dias de evento
Tendências
- Cinema4 semanas atrás
Crítica | Deixados Para Trás: O Início do Fim
- Cinema2 meses atrás
Crítica | O Exorcista do Papa
- Cinema1 mês atrás
Crítica | ‘Beau tem Medo’ é bizarramente bom
- Cultura2 meses atrás
Abba The Show chega ao Brasil com turnê de 11 shows
- Cinema1 mês atrás
Crítica | ‘Herói de Sangue’ é destaque no Festival Filmelier
- Cinema1 mês atrás
‘Ninguém é de ninguém’ faz pré-estreia no RJ
- Cinema1 mês atrás
Crítica | A morte do demônio: A ascensão
- Música2 meses atrás
Francisco, el Hombre | Novo show da turnê de 10 anos acontece no Circo Voador