Abrindo o 26º Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade, foi exibido Fuga, de Jonas Poher Rasmussen. Esta animação documental trata de temas como identidade, sexualidade e a posição do refugiado num mundo hostil. Ao longo de 90 minutos acompanhamos os relatos de Amin, um cidadão afegão que encontrou asilo na Dinamarca.
Assim como Waltz with Bashir, pode ser observada a psiquê fraturada de um homem que sofreu o horror da guerra no oriente médio durante os seus anos de juventude e agora vive em um local pacífico. Fuga começa com as memórias da juventude de Amin, que as relata para seu amigo, o diretor Rasmussen. Além de contar a sua história terrível, Amin tenta racionalizar os seus problemas atuais em Copenhagen, e o trauma que ele passou afeta o relacionamento com o seu namorado.
Trauma
Socialmente falando, Fuga é um pontapé na boca do estômago. Além de todos os problemas que a guerra trouxeram, um menino é obrigado a crescer num meio onde pessoas do seu tipo não tem a permissão de existir, onde nem existe uma palavra na sua língua materna para definir o que ele é: homossexual. Apesar do ambiente leve e acolhedor onde Amin cresce, a cidade e o país a sua volta não seria tão complacente. Mesmo hoje, em pleno século XXI, é perigoso ser uma minoria num país sexualmente progressivo no ocidente.
Além disso, o ponto mais chamativo de Fuga é justamente a humanização extrema do personagem principal e da sua família. Amin é um homem que é mais do que um refugiado, ele é um membro da academia, possui um doutorado, uma carreira, tem um namorado que o ama, é mais do que apenas um conjunto de memórias de uma fuga da guerra e do abuso no exterior.
Por fim, Fuga mostra uma história tão triste quanto Quando Hitler Roubou o Coelho Cor de Rosa, mas ainda assim humana, com altos, baixos, verdades, mentiras, momentos felizes e tristes. Este documentário mostra uma versão da realidade, aquela que decidimos contar e decidimos aceitar, o que não faz disso menos verdade.