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Cinema

‘Letícia, Monte Bonito, 04’ e ‘Pátria’ são curtas de destaque na Mostra de Cinema de Tiradentes

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Letícia Monte Bonito 04

Letícia, Monte Bonito, 04

Toda pessoa passou por uma paixonite, um momento onde duas almas se cruzam e criam um pequeno laço. “Letícia, Monte Bonito, 04” conta uma história dessas duas raparigas, uma tarde de verão e um alinhamento propício das estrelas.

Todo esse palavreado romântico e poético é bem adolescente, mas esse é o ponto do filme, são duas gurias de uns 16 anos que estão passando por um momento onde tudo é intenso. Ninguém sabe o que se passa nas suas cabeças, mas a diretora Julia Regis consegue encontrar uma forma clara e leve de expor isso. Além da simplicidade como tudo é apresentado, temos um romance LGBT acessível, sem dramas desnecessários, e jovem.

“Letícia, Monte Bonito, 04” é um belo curta indicado para qualquer um, pois ele tem o relato não de um amor, mas de uma atração corriqueira. Às vezes só precisamos encontrar um alguém com quem passar uma tarde de verão, e nada mais.

Pátria

“Pátria”, uma ideia tão volátil e tão concreta na mente da população. Quando ouvimos de uma pátria sabemos o que é imediatamente, mas descrever já é outra história. Até onde me consta, Pátria é o conceito da identidade de região geográfica, seus signos e seu povo. Se fosse apenas isso, eu seria fluminense, carioca ou até mesmo insulano; a ideia de ser brasileiro é tão distante que mal acredito quando olho na minha carteira de identidade. Neste curta, dois estudantes de Fortaleza, Lívia Costa e Sunny Maia, discorrem sobre a pátria e o poder.

Através de cortes abruptos e uma edição em VHS, os dois diretores mostram imagens antigas com uma aura antiga, remontando a um conceito mais distante do que temos agora no Brazil real. O que nos resta é futebol e política, e ambos andam mal das pernas. Todos os outros símbolos parecem ter se perdido num mar de ressignificação e polarização. 

Ode

“Pátria” parece ser uma ode romantizada a uma instituição falida; entretanto, vemos um desprezo ao que essa instituição suportou e significou ao longo dos anos. A presidência talvez seja o maior símbolo da pátria, visto que todos os valores que essa posição representa estão concentrados em uma única pessoa. Essa pessoa (geralmente um homem branco cisgênero, fato que o filme deixa bem claro ao excluir Nilo Peçanha e Dilma Rousseff do carrossel de presidentes) acaba por ser não só o maior líder da Pátria, mas também um símbolo da sua era e do seu povo. Um ditador pode tomar o poder ou ser eleito democraticamente, se a massa popular concordar passivamente isso apenas mostra onde está a moral.

Esta identidade acaba por tomar uma posição absolutamente central na vida de muitos, o que os engana com um senso de comunidade sem fundamentos. Pátria é um curta curioso e bem montado que questiona a nossa concepção de Brasil enquanto faz graça do povo que o idolatra.

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Cinema

Critica | A Primeira Comunhão

Filme do diretor espanhol Victor Garcia tem distribuição da Paris Filmes e está nos cinemas

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critica a primeira comunhão

O terror que entrega mais atuação do que enredo

A Primeira Comunhão, filme do diretor espanhol Victor Garcia, conhecido pelo premiado filme De Volta a Casa Da Colina (2007), traz a história de Sara, uma adolescente simples e com dificuldades para fazer amizades na nova cidade. Após mudar com sua familia para o interior da Espanha, Sara conhece Rebeca, uma adolescente rebelde e mal falada na cidade que em determinada noite leva Sara para uma balada um pouco distante de sua casa.

Porém, na volta, as duas se arriscam ao pedir carona para o traficante da cidade. No trajeto Sara avista uma menina vestida de branco com uma boneca de primeira comunhão na mão. Após Chivo parar o carro assustado, Sara desce a procura da menina, Rebe a repreende e pede para que volte para o carro e em seguida a personagem principal encontra a fatídica boneca. Rebeca e Chivo, que já conheciam sobre uma antiga lenda da cidade acerca da garota e da boneca, a chamam de volta para o carro, mas Sara leva a boneca consigo. Dessa forma, a partir daquele momento, todo o grupo é amaldiçoado pela boneca e por Marisol (a dona da boneca).

Pontos positivos

Um dos maiores pontos positivos do filme é a capacidade do elenco de entregar ótimas atuações, dando ênfase a Aina Quiñones, que interpreta Rebeca. Em seu show particular, Aina entrega tudo que se espera de um filme como esse: medo e aflição. Uma das cenas que envolve o pai de Rebeca é digna de prêmios, um pai que só maltrata a filha e a trata do modo visto no filme, ao ver a filha em possessão se desespera ao ponto de arrombar uma porta e trazer emoção pura a cena.

Já o ponto alto se mostra já pelo final, em uma cena em um poço. A atuação de Carla Campra é simples, mas no momento dessa sequência se faz importante e mostra como a simplicidade pode agregar muito a uma obra. Vale ressaltar sobre a atuação de Carla no momento do acidente de Chivo, onde a mesma entrega emoção e desespero, um momento que com certeza é marcante ao mostrá-la como indefesa diante de toda situação.

Aliás, veja o trailer de A Primeira Comunhão, e siga lendo:

Afinal, A Primeira Comunhão traz um terror genérico, mas com boas atuações e cenas de suspense. Sente-se a falta da trilha que leva o publico a estar mais concentrado no filme e até mesmo a se sentir mais imerso naquela realidade. A obra aborda temas que a indústria espanhola vem utilizando cada dia mais como a amizade e o romance adolescente. Um ponto que pode incomodar aos românticos de plantão é o fato de Sara e Pedro não se aprofundarem em sua relação e nem mesmo terem tantas cenas românticas do único casal abordado no filme.

No geral o filme é bastante conveniente para aqueles que curtem um terror básico, mas que ainda sim entregue o suspense digno de filmes do segmento. Algumas cenas como o terror familiar de Rebeca podem vir a gerar gatilhos a quem passa ou já passou por situações parecidas. mas sem dúvidas é um tema importante a ser abordado.

A Primeira Comunhão (The Communion Girl), com distribuição da A Paris Filmes, está nos cinemas brasileiros.

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