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Mosquito | Filme de guerra explora subjugação dos povos africanos pelos europeus

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Mosquito, o filme

O filme Mosquito tem direção João Nuno Pinto. É um dos destaques da 44ª Mostra Internacional de São Paulo, que esse ano acontece em formato online, e no Belas Artes Drive in, onde ganha exibição na próxima terça-feira, dia 27 de outubro, às 18h40. A princípio, o filme teve sua estreia mundial na abertura do Festival International de Cinema de Rotterdam, em janeiro de 2020. Porém, já esteve em mais de uma dezena de Festivais em todo o mundo, com destaque para Lucca Film Festival (Italia), Mostra de Valencia (Espanha), Moscow International FF (Russia), entre outros. Além disso, o filme de João Nuno Pinto está indicado como Melhor Filme Ibero Americano do Goya 2021.

Mosquito tem inspiração em fatos reais. Inicialmente, acompanha Zacarias, um jovem português sedento por viver grandes aventuras heroicas durante a Primeira Guerra Mundial. O exército envia-o para Moçambique, onde o conflito se desenrola longe dos olhares do mundo. Em seguida, o pelotão deixa o jovem soldado para trás. Enfim, ele acaba partindo numa longa caminhada selva adentro, em busca dos seus camaradas, da guerra e dos seus sonhos de glória.

Durante a sua odisseia, com febres de malária e ameaças constantes, Zacarias confronta situações que o colocam frente-a-frente com os limites do seu corpo, a loucura dos homens e os ideais que persegue. Baseado numa história verídica, Mosquito navega num limbo entre o espaço e o tempo. Cruza constantemente a linha que divide a realidade e a ficção, num confronto com o horror da guerra e a subjugação dos povos.

Sonhos de Glória

“Em 1917, com apenas 17 anos, o meu avô paterno desembarcou em Moçambique junto com a 4ª Companhia Expedicionária Portuguesa, para defender a ex-colônia portuguesa da ameaça alemã. Como tantos outros soldados europeus na África durante a Primeira Grande Guerra, teve de fazer centenas de quilômetros a pé, em marchas diárias, enfrentando as mais duras privações, doenças, fome e sede. A diferença é que ele fez isso tudo sozinho, à procura da guerra e dos seus sonhos de glória. Aliás, Mosquito tem inspiração na história da chegada do meu avô a África. No entanto, o que se passou durante a sua longa e solitária caminhada pouco se sabe. É aqui que entra a ficção, a fabulação e o sentido que pretendo dar à narrativa.”, explica o diretor João Nuno Pinto.

Colonialistas

Para o diretor a maneira como os europeus ainda hoje lidam com as questões africanas é reflexo do passado colonialista e dos longos anos de doutrinação de uma certa ideia paternalista sobre África. Mosquito vai buscar uma história para confrontar com as escolhas do presente. Através da história do jovem soldado Zacarias, confronta-se com o horror da guerra e a subjugação dos povos africanos pelos europeus através do domínio colonial. O filme permite conhecer um pouco melhor um pedaço esquecido da história, a Primeira Grande Guerra na África. Por fim, obriga o espectador a refletir sobre um período muito maior que foi o direito em subjugar e “civilizar” outros povos que, convenientemente, eram considerados inferiores.

Mosquito é uma produção da Leopardo Filmes em co-produção da Alfama Films Production, APM Produções, da brasileira Delicatessen Filmes e da Mapiko Filmes, e tem distribuição nacional da Pagu Filmes. No elenco estão João Nunes Monteiro, João Lagarto, Filipe Duarte, Josefina Massango, Aquirasse Nipita, Sebastian Jehkul, Miguel Moreira, Alfredo Brito, Miguel Borges, João Vicente, Messias João, Hermelinda Simela, Gigliola Zacara, Gezebel Mocovela e com participação especial de Ana Magaio e Camané. A fotografia de Mosquito é do brasileiro Adolpho Veloso. Aliás, o roteiro é da também brasileira Fernanda Polacow em parceria com Gonçalo Waddington.

Veja no https://44.mostra.org/

Afinal, se liga no trailer:

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Nenhum saber para trás: os perigos das epistemologias únicas, com Cida Bento e Daniel Munduruku | Assista aqui

Veja o filme que aborda ações afirmativas e o racismo na ciência num diálogo contundente

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Nenhum saber para trás: os perigos das epistemologias únicas | com Cida Bento e Daniel Munduruku

Na última quinta-feira (23), fomos convidados para o evento de lançamento do curta-metragem Nenhum saber para trás: os perigos das epistemologias únicas | com Cida Bento e Daniel Munduruku. Aconteceu no Museu da República, no Rio de Janeiro.

Após a exibição um relevante debate ocorreu. Com mediação de Thales Vieira, estiveram presentes Raika Moisés, gestora de divulgação científica do Instituto Serrapilheira; Luiz Augusto Campos, professor de Sociologia da UERJ e Carol Canegal, coordenadora de pesquisas no Observatório da Branquitude. Ynaê Lopes dos Santos e outros que estavam na plateia também acrescentaram reflexões sobre epistemicídio.

Futura série?

O filme é belo e necessário e mereceria virar uma série. A direção de Fábio Gregório é sensível, cria uma aura de terror, utilizando o cenário, e ao mesmo tempo de força, pelos personagens que se encontram e são iluminados como verdadeiros baluartes de um saber ancestral. Além disso, a direção de fotografia de Yago Nauan favorece a imponência daqueles sábios.

O roteiro de Aline Vieira, com argumento de Thales Vieira, é o fio condutor para os protagonistas brilharem. Cida Bento e Daniel Munduruku, uma mulher negra e um homem indígena, dialogam sobre o não-pertencimento naquele lugar, o prédio da São Francisco, Faculdade de Direito da USP. Um lugar opressor para negros, pobres e indígenas.

Jacinta

As falas de ambos são cheias de sabedoria e realidade, e é tudo verdade. Jacinta Maria de Santana, mulher negra que teve seu corpo embalsamado, exposto como curiosidade científica e usado em trotes estudantis no Largo São Francisco, é um dos exemplos citados. Obra de Amâncio de Carvalho, responsável por colocar o corpo ali e que é nome de rua e de uma sala na USP.

Aliás, esse filme vem de uma nova geração de conteúdo audiovisual voltado para um combate antirracista. É o tipo de trabalho para ser mostrado em escolas, como, por exemplo, o filme Rio, Negro.

Por fim, a parceria entre Alma Preta e o Observatório da Branquitude resultaram em uma obra pontual para o entendimento e a mudança da cultura brasileira.

Em seguida, assista Nenhum saber para trás:

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