A divulgação é um dos pilares do jornalismo, principalmente daquele dito cultural. As obras precisam chegar ao público de alguma forma, assim, o jornalismo assume o papel de ponte, de mediador. Porém, não somente atua como elo, mas sim como bússola, direcionando, apontando para onde o público deve ou não olhar, no que deve prestar atenção. É como um elemento que demonstrará o que é relevante. O que não o é, não aparece ou ganha destaque.
Surge então, a polêmica, a discussão: o que é cultura? O que “merece” ser destacado? Quais os critérios? A tradicional teoria Agenda Setting emerge. No jornalismo cultural há uma pressão para o noticiamento dos lançamentos. A cada dia, a cada semana, são novos filmes, exposições, programas, peças teatrais, jogos, etc.
A gama de produtos culturais é crescente e demanda espaço midiático. Cultura é um conceito amplo, dessa forma, a história, a bagagem cultural, as preferências estéticas específicas do jornalista acabam por tornar-se o principal critério indicador do que merecerá ser noticiado. O mediador cultural, nesse caso, o jornalista, tem que peneirar, filtrar os lançamentos pensando no que possa interessar e atingir um público maior, pesando o conceito de atualidade, equilibrando-se entre o peso da tradição e o faro jornalístico para a novidade, a percepção de tendências. Em especial hoje em dia com a agilidade e a instantaneidade das novas mídias, com todos conectados o tempo todo, ávidos por informação rápida, a visão expansiva e seletiva do jornalista adquire maior importância, trazendo consigo inerente responsabilidade.
A riqueza intelectual, a capacidade de estar antenado, o gosto pessoal e a habilidade do distanciamento são o mote diferencial, cujo poder decisório argumenta em prol do que será destaque, o que será uma nota e o que há de ser ignorado.
Jornalista, o que tu escolherás? Noticiarás a nova revista em quadrinhos do Neil Gaiman, a exposição do Basquiat ou o filme do Almodóvar? Discorrerás sobre os grafites politicamente críticos de Bansky ou o novo álbum de Caetano Veloso? As dúvidas e questionamentos hão de perdurar, contudo, a confiança no próprio conhecimento, nos estudos e atualizações constantes devem sobressair, indicando assim as prioridades. A necessidade de abraçar os nichos, informando as massas, a partir sim de suas referências pessoais, porém, acima de tudo analisando o que pode chamar mais atenção e ao mesmo tempo gerar reflexão, quiçá contribuindo para o processo evolutivo intelectual e cultural do público.