Música
Perotá Chingó faz show de sensações no Circo Voador
Banda argentina tocou na Lona no último domingo, 22 de outubro.
Publicado
1 mês atrásem
Por
Livia Brazil
Perotá Chingó, banda argentina, fez um show no Circo Voador no dia 22. Antes, havia tocado já em São Paulo e Porto Alegre. Hoje vou sair um pouco do registro “jornalista” e fazer um relato bem pessoal sobre esse show.
Fui graças à assessoria do Circo Voador (agradeço muito, aliás). Porém, eu não conhecia nada da banda. Pra não dizer que não conhecia nada, uma de minhas primas já havia me mostrado umas músicas (duas, talvez), que eu não tinha gostado. Era um vibe meio zen, que não combina muito comigo, rockeira e popeira que sou. Mas quis ir ao show. Sou do tipo que gosta de conhecer coisas novas, de comidas a grupos musicais. E lá fui à minha casa de shows favorita do Rio de Janeiro (e nem tô puxando saco, é minha casa de shows favorita desde a adolescência) num domingo à noite.

Neste momento, dou uma pausa do relato para contar aos que não sabem (que, acredito, sejam muitas pessoas) quem são Perotá Chingó.
Breve história
Formada originalmente pelo duo Dolores Aguirre e Julia Ortiz, o Perotá Chingó surgiu como uma experiência musical. Se tornou, então, um fenômeno na internet ao gravar seu primeiro vídeo e postar no YouTube. A partir de então, na década de 2010, passou a ser reconhecido na cena independente argentina, mas também em outros países da América do Sul, como Chile e Brasil.

Desde o início, a dupla se apresenta com o brasileiro Martin Costa, percussionista, e o uruguaio Diego Cotelo, guitarrista. Ao longos dos anos, se apresentaram com nomes como Chico César, Lenine, Jorge Drexler, Joss Stone, entre outros. A banda tem quatro álbuns de estúdio: Un viajecito (2012), Perotá Chingó (2013), Aguas (2017) e Muta (2019). Neles, misturam diversos ritmos da América do Sul com música folclórica.
De volta ao show
O show do Circo Voador comemorou 11 anos da banda. Contou, em seu repertório, com sucessos seus de todos os álbuns. E digo sucessos não porque conhecia, mas porque todos os presentes cantaram junto. Todas as músicas. E a casa estava lotada. Mas comecemos do começo.
Dolores e Julia entraram ao palco ao som gritos e aplausos. Muitos aplausos. E muitos berros de “lindas!” também. Eu, totalmente sem saber o que me aguardava, estava ansiosa para as reações cessarem e elas começarem a cantar. Contudo, apesar de minha expectativa ser baixa por não ter gostado das poucas músicas que conheci, me surpreendi nas primeiras notas. Começaram a cantar, somente as duas, uma música a capella. E, gente, que vozes! A harmonia de suas vozes juntas é impressionante! Suas vozes se unem de maneira perfeita. Parecem ter sido feitas para cantarem juntas. É lindo. E quem entende um pouco de técnica vocal e de musicalidade percebe quão boas elas são. Quando os músicos entraram, tudo ficou mais lindo ainda. E o público só não foi mais à loucura porque já estavam muito entusiasmados, acho que não era possível ficar mais.
Simplicidade
Vou ser bem sincera: apesar de ser completamente arrebatada pelas vozes da dupla, achei o começo do show bem morno. A meu ver, elas não tinham presença de palco. As vozes preenchiam o espaço inteiro, mas elas não. Porém, todavia, contudo, percebi que, talvez, esse fosse mesmo o intuito. Por exemplo: por ser um show tão voltado para a potência vocal de Julia e Dolores, tudo é muito simples. Os músicos (elas inclusive) só têm um figurino, do início ao fim. No palco, somente cantoras, músicos, instrumentos e um fundo preto. A única exceção são as luzes, que formam imagens ao longo de todo show. As imagens construídas, inclusive, levaram uma sensação de etéreo, algo muito presente nas músicas. O iluminador, com certeza, apesar de não estar no palco, foi mais um personagem muito presente do show. E está de parabéns.

O show todo é muito sensorial. Com uma mistura muito grande de gêneros musicais e instrumentos diversos, as músicas transportam o público para outro lugar. E, mais uma vez adiciono, a iluminação tem uma parcela imensa nesse fator. Observando as pessoas presentes era possível ver como elas estavam fazendo parte de uma grande experiência. E como cada canção as transportava para uma época em suas vidas, as fazia pensar em algum momento, já que muitas choravam, sorriam, se abraçavam, se beijavam, claramente envoltos em uma atmosfera única e muito pessoal. Mesmo eu, que estava conhecendo as músicas naquele momento, tive vontade de chorar com algumas músicas. E eu estava 100% sóbria! As músicas falam muito sobre sentimentos e sensações. E, também, a como fazer desse um mundo melhor. Acredito que esse seja o motivo de deixar todos com a energia pra cima.
Entrega
Voltando ao que eu disse de não sentir Dolores e Julia como pessoas com presença, essa percepção minha modificou com o passar do show. Talvez por sentirem o público cada vez mais entregue, as duas também se entregaram. Começaram a conversar mais, a movimentarem-se mais, a preencher mais o palco. O público também começou a preencher cada vez mais o espaço a que lhes cabia, criando danças e fazendo até mesmo uma roda na música “Meia vuelta”. Foi bem bonito de assistir. Também foi bonita o cover que fizeram de “Velha infância”, dos Tribalistas. Com participação de Bela Ciavatta, que abriu o show para a banda, a versão que entregaram foi emocionante, com a voz de Bela se integrando às da dupla de forma encantadora. Julia, inclusive, disse que essa canção fez muito sucesso na Argentina, por isso foi a música brasileira escolhida para cantar.
Único ponto negativo do show, a meu ver, foi a homogeneidade do público. As pessoas eram majoritariamente brancas. E, também, de uma classe financeira mais alta. Talvez por cantarem músicas mais utópicas e que não são a realidade da maioria dos brasileiros, o Perotá Chingó atinja uma classe social que não precisa enfrentar tantos problemas e ainda tenham mais esperança em um mundo justo e feliz. Não sei, é uma suposição. Mas me incomodou não ter visto uma plateia mais diversa.
Contudo, foi um show muito gostoso de se assistir. E as vozes de Dolores e Julia me impressionaram demais. Acredito que, a partir de agora, eu vou buscar mais músicas da banda. E ver se elas me ajudam a ter esperança de um dia esse mundo seja de fato justo para todos.

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Escritora, autora dos livros Queria tanto, Coisas não ditas e O semitom das coisas, amante de cinema e de gatos (cachorros também, e também ratos, e todos os animais, na verdade), viciada em café.

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1ª FEIRA NATAL NA TIRADENTES ACONTECE NO CENTRO
Publicado
1 dia atrásem
29 de novembro de 2023
No agitado primeiro fim de semana de dezembro, a Praça Tiradentes, localizada no coração do Rio de Janeiro, será transformada no palco principal da estreia da “Feira Natal na Tiradentes”. Uma iniciativa vibrante do CRAB Sebrae (Centro de Referência do Artesanato Brasileiro), essa feira envolve o local nos dias 1º e 2 de dezembro com uma programação diversificada e totalmente gratuita.
A feira contará com 50 barracas apresentando produtos de artesanato, moda, design e gastronomia do projeto “Tempero de Favela”. O evento ainda oferecerá um espaço lounge, visitas do Papai Noel, árvore de Natal e diversas oficinas, incluindo Cartola, Cartão de Natal e Samba. Além disso, shows de renomados artistas como Moacyr Luz e a bateria da Mangueira estão programados para o dia 1º de dezembro, enquanto o saxofonista Chacal e a bateria da Escola de Samba Mangueira, com a participação de Flavia Saolli, animarão o público no dia 2 de dezembro.
A proposta vai além do entretenimento, buscando colaborar com a geração de renda para os expositores, empreendedores atendidos pelo Sebrae Rio nas áreas de Economia Criativa, Empreendedorismo Social e Indústria e Comércio. A decoração natalina instalada na fachada do CRAB Sebrae permanecerá até janeiro de 2024, contribuindo para manter o espírito festivo na região.
Cultura, Exposições e Oficinas: Mais do que uma Feira
Sergio Malta, diretor de Desenvolvimento do Sebrae Rio, destaca a relevância do evento para a Praça Tiradentes, ressaltando a importância de transformar o local em um ponto de encontro cultural. Ele enfatiza o compromisso do CRAB em levar o melhor do artesanato brasileiro aos visitantes, destacando a riqueza cultural e criativa da região.
Além das atividades na feira, o evento também proporcionará visitas guiadas às exposições no CRAB, incluindo a mostra da Mangueira e peças de artesanato de Pernambuco. Oficinas gratuitas para o público adulto e infantil também serão oferecidas, ampliando as oportunidades de engajamento cultural.
Gastronomia Afetiva e de Qualidade como Destaque
O Tempero de Favela, projeto reconhecido pela qualidade e afetividade em sua culinária, é uma das atrações destacadas, representando um exemplo bem-sucedido de capacitação de empreendedores de comunidades do Rio na área gastronômica.
Sobre o CRAB: Centro de Referência do Artesanato Brasileiro
O CRAB, situado na Praça Tiradentes, é um centro que promove o artesanato nacional e contribui para qualificar a imagem dos produtos feitos à mão no Brasil. Desde sua inauguração, o CRAB realizou exposições, mostras, programas educativos e participou de eventos estratégicos, consolidando-se como um espaço cultural que valoriza a criatividade brasileira.
O “Natal na Tiradentes” não apenas oferece uma experiência cultural única, mas também reforça o compromisso do CRAB em contribuir para o desenvolvimento econômico e cultural da região. A meta é que o evento se torne uma tradição no calendário do Rio de Janeiro, atraindo um público diversificado para celebrar a riqueza da cultura brasileira no período natalino.
Serviço:
- Evento: Natal na Tiradentes
- Local: CRAB Sebrae – Centro de Referência do Artesanato Brasileiro
- Endereço: Praça Tiradentes, 69 – Centro
- Data: 01 de dezembro às 12h / 02 de dezembro às 10h
- Ingressos: Entrada Gratuita
- Classificação Indicativa: Livre
- Instagram: @crabsebrae
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