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Crítica

Picard e a aposentadoria | A aventura continua aqui

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Picard não quer ficar aposentado. Saiba mais no Vivente Andante.

Picard. Sem picardias ou trocadilhos infames, admito que sou um entusiasta da ficção científica. Então resolvi dar uma olhada na série Star Trek: Picard. Ou seja, Jornada nas Estrelas. Conheci com esse nome quando era criança. A abertura tinha sempre a emblemática fala “espaço, a fronteira final”. E lá ia a nave Enterprise com sua tripulação para explorar o universo. Nessa série, Jean-Luc Picard, ex-capitão dessa nave, está aparentemente tranquilo em um vinhedo, após tantas viagens e missões. Algumas questões saltaram em minha mente enquanto assistia. A cena inicial mostra que apesar de parecer que está bem, Picard não está. Ele não quer que o jogo acabe. Seu trabalho era sua vida. O trabalho é a vida de quantas pessoas? Sua vida é o trabalho?

O ator Sir Patrick Stewart, que já deu vida ao Professor Xavier dos X-men, para variar, apresenta uma atuação convincente e tocante como o orgulhoso Picard, alguém que tinha uma importância gigantesca, percorreu diversas galáxias, e agora, é só um homem comum. Tem uma cena na qual ele chega na recepção da antiga empresa em que trabalhava, a Federação, e fala que quer encontrar uma pessoa de alta patente, sem se apresentar. O recepcionista pergunta pelo nome dele. Percebe-se a frustração do personagem no olhar e nos pequenos gestos.

Um estranho para si

Em outro momento, Picard ouve uma pergunta interessante: “Já se sentiu um estranho para si mesmo?”. Claro, todos nós estivemos em lugares e situações onde não éramos nós mesmos. E nem a gente entende o motivo muitas vezes e, apesar disso, se empenha para pertencer. A sensação de pertencimento é relevante para o ser humano e é a grande busca de muitos. Todavia, tem um algo a mais que chama para sua vocação; primeiro sussurra, depois encosta em você; posteriormente, balança seu corpo e, por fim, grita. Você olha ao redor de repente e pensa, o que estou fazendo aqui? Está se sentindo estranho, não tem mais o motor que movia sua vida, a meta maior. Mas ainda há tempo de retomar o rumo.

Além disso, fiquei pensando que mesmo o melhor ser humano é passível de erro. Entre eles, o orgulho exagerado, o qual nos afasta de tantas pessoas – e de nós mesmos, produzindo mágoas que nem imaginamos. Porém, em todo lugar por onde andamos, plantamos sementes que nem percebemos, as quais fornecem frutos quando menos esperamos. Afinal, a aventura continua pela fronteira final que é viver – e se conhecer.

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Cinema

EO – O mundo visto pelos olhos de um burro

Foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2023

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Estreia neste dia 01/06, “EO” do diretor polonês Jerzy Skolimowski. O filme acompanha a incrível jornada de um burro, após ele ser tomado de um circo por autoridades locais em uma campanha contra maus tratos a animais.

Foi indicado ao Oscar de melhor filme internacional de 2023. “EO” é uma homenagem ao filme “A Grande Testemunha” (1966), de Robert Bresson. Segundo Jerzy, esse filme também centrado em um burro, foi o único que o fez chorar.

Acompanhamos a jornada de EO por meio de encontros e desencontros, enquanto ele observa um mundo totalmente novo. Sua visão inocente e passiva do mundo atua como a visão do próprio espectador. Um olhar sobre um mundo contemporâneo.

EO. (Imagem de divulgação).

A jornada de EO

O burro é um animal que costuma aparecer em algumas fábulas. E nesta fábula moderna, onde nem tudo é o que parece, embarcamos com EO em uma jornada perigosa com muitas descobertas e uma alternância entre momentos de angústia e outros sublimes.

O filme busca representar a percepção e a sensibilidade de EO em relação ao que ele vê e o que interage. A fotografia, a edição e a trilha musical funcionam nesse sentido de uma forma tão harmoniosa que dificilmente um espectador não se sentirá conectado ao simpático burrinho.

Kasandra (Sandra Drzymalska) e EO. (Imagem de divulgação).

A interpretação de EO

xistem alguns filmes estrelados por animais. Porém animais realmente interpretam ou simplesmente reagem a estímulos? No início do filme, EO é um artista, pois participa de um espetáculo circense-teatral com Magda. Ironicamente, após a ser libertado ele passa a ser um simples burro de carga.

Muitas vezes, EO não reage ao que acontece à sua volta no filme. Porém quando isso ocorre, é de forma surpreendente. Segundo o diretor, algumas cenas que pareciam ser complicadas sucediam de forma tranquila. Enquanto, outras que pareciam mais simples foram mais trabalhosas. 

EO. (Imagem de divulgação).

Algumas cenas também foram adaptadas de acordo com as reações e comportamento do burro. Aliás, dos burros, pois EO foi interpretado por seis burros: Tako, Ola, Marietta, Ettore, Rocco e Mela.

O poder e o mistério da natureza

Eventualmente, durante a jornada de EO vemos muitos cenários belos e solitários. Ou seja, o filme mobiliza o espectador por meio da articulação entre as locações, os sons e as cores. A natureza é exuberante. Essa exuberância é mostrada como um mundo, o qual nós humanos não paramos para prestar atenção. Um mundo que estamos despreparados para lidar ou que encaramos com descaso.

EO. (Imagem de divulgação).

Enfim, outro aspecto abordado é a comunicação. Afinal, nós, humanos, temos diversas barreiras de idiomas, presentes nos personagens dos filmes. Desse modo, essa barreira que também nos impede de entender os animais, parece inexistente para EO, inclusive quando ele se depara com outras espécies. Nesse sentido, o filme também funciona como uma defesa da causa animal.

Onde assistir EO

Em suma, o filme possui um ritmo agradável com uma trama cativante. Portanto, vale a pena conferir na tela grande!

Por último, consulte a rede de cinemas de sua cidade para encontrar sessões disponíveis.

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