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A mulher da casa abandonada | Entenda por que esse podcast é genial
Publicado
1 ano atrásem
Por
Livia Brazil
Se você já era adulto no ano 2000, ou pelo menos um adolescente que acompanhava notícias – o que não era meu caso -, pode já ter visto o caso nos jornais. Mas, antes, quero lhe informar que se você não tem costume de ouvir podcasts, ou não tem assinatura de nenhuma plataforma de áudio, os episódios já estão no YouTube. Além disso, há transcrição de todos os áudios para as pessoas surdas, ensurdecidas ou pra quem prefere ler a ouvir podcasts.
Dito isso, é possível que você já tenha ouvido falar de A mulher da casa abandonada. O podcast tomou proporções estrondosas, que nem o Chico Felitti, jornalista criador do mesmo, imaginou que aconteceria. Desde que foi lançado, dia 8 de junho deste ano, se mantém no topo dos podcasts mais ouvidos do Brasil. Ele é o podcast mais ouvido do Brasil. Mas não é por ter se tornado popular que estou indicando ele aqui, e sim porque ele é muito bom MESMO.
Eu acompanho o Chico desde 2019. O conheci pelo podcast Um milk-shake chamado Wanda (que não vou explicar por aqui o que é porque, se você me conhece, eu com certeza já falei dele pra você – e eu não sei o que você tá fazendo aí que ainda não ouviu ao menos 1 episódio). Na época, ele tinha escrito um texto sobre Ricardo Corrêa, conhecido em São Paulo como o Fofão da Augusta.
Obviamente li o texto inteiro, publicado no Buzzfeed, e me apaixonei pela escrita do Chico. Ele conta histórias de um jeito único e muito, totalmente envolvente, seja escrevendo, como no texto sobre Ricardo, seja falando, como faz em dois podcasts que lançou anteriormente – Isso está acontecendo, da Globoplay, e Além do Meme, um podcast da família Wanda (sim, do Milkshake). E é o que ele faz em A mulher da casa abandonada, que ele faz em parceria com a Folha de São Paulo devido o rumo que a simples história que ele achou que ia contar acabou tomando.
Bem, com Chico apresentado a vocês, falarei um pouco sobre o podcast em si: A mulher da casa abandonada.
O primeiro episódio começa com Chico encontrando essa mulher, que diz se chamar Mari. Como ele já explicou em diversos outros veículos para onde deu entrevista, ele começa a gravar seu primeiro encontro com ela porque ele já queria contar sua história. A história de uma senhora que mora, sozinha, em uma casa abandonada – ou melhor, uma mansão abandonada – em um dos bairros mais ricos de São Paulo, Higienópolis. Ele sabe – ou assim imagina – que a casa não tem eletricidade e nem tratamento de esgoto. Portanto, quando ele decide contar a história dessa senhora que ele descobriu morar nessa casa abandonada enquanto andava pelas ruas do bairro onde ele mesmo mora, ele pensa que vai contar uma história de uma sociedade que não valoriza as pessoas mais velhas, que ostraciza as pessoas excêntricas, diferentes, e talvez até uma história de misoginia.
Porém, a medida que vai sabendo mais sobre a mulher, conversando com as pessoas que moram naquele local a mais tempo que ele, descobre algo totalmente diferente. E eu falo aqui porque não é um spoiler e porque todo mundo – ou quase todo mundo, todos os que já acompanhavam o Chico quando o podcast foi lançado – já sabia desse fato quando colocou o play no primeiro episódio e eu te garanto, não faz diferença nenhuma saber disso e não tira nenhum impacto dos episódios seguintes: ele descobre que a mulher é procurada pelo FBI por ter cometido um crime horrível nos Estados Unidos. Óbvio que não vou contar o que foi, pra não estragar a surpresa – e o horror – dos que ainda vão ouvir A mulher da casa abandonada. Mas te digo que é algo horrível e chocante. À medida que a gente escuta os episódios seguintes, infelizmente a gente percebe que não é tão improvável assim que seja algo que ainda aconteça, e vocês vão entender o motivo. Mas é triste, e revolta.
Além de toda a curiosidade que o simples existir de um crime, e um crime que não sabemos qual é e como tudo aconteceu, suscita na gente (ou em mim, pelo menos, que sou louca, de maneira saudável, por tudo relacionado a crimes e mistérios), outro motivo que faz A mulher da casa abandonada ter tanto sucesso é a narração de Chico Felitti. Como eu disse antes, Chico sabe contar histórias. Ele sabe seduzir. E não só a quem ouve, mas todos com quem ele conversa durante o podcast também. Como ele bem disse no bate-papo que teve com Marcela Ceribelli na Bienal do Livro, ele gosta de entregar um pouco dele ao interlocutor, e não é nem visando obter algo e troca. É dele. E, com isso, o outro sente confiança nele e entrega, às vezes, mais até do que ele esperava. Além disso, Chico tem muito respeito por todos com quem conversa e, principalmente, com os mais prejudicados pelo crime mencionado no podcast. Dá pra sentir em sua voz o quanto ele condena aquilo, por mais que digam que jornalistas precisam ser imparciais. Mas tem coisas que não tem como ser imparcial. Nesse caso, não há possibilidade de ser imparcial. Ainda assim, Chico dá chance para os culpados se explicarem. Quando eles não o fazem, é porque não querem.
Tenho medo de falar mais aqui e acabar entregando muito do que aconteceu. Acabaria tirando o impacto que se tem ouvindo os seis episódios que já estão disponíveis – falta somente um, que sai na quarta-feira que vem, dia 20 de julho. Ele promete ser tenso! Mas só quero fechar dizendo que A mulher da casa abandonada é importante de ser ouvido não só por ser um podcast feito com muita qualidade e responsabilidade e dedicação, mas porque denuncia algo que ainda faz parte da sociedade, infelizmente, e que precisamos prestar atenção e lutar para extinguir.
Ademais, ouça abaixo e depois leia mais sobre podcasts:
Vai pra Cuba | Confira um podcast pela ilha polêmica
Além disso, podcast com Marcelo Monteiro falando de Cosmogonia Africana
Por fim, podcast com Ana Catão fala sobre dança afro
Escritora, autora dos livros Queria tanto, Coisas não ditas e O semitom das coisas, amante de cinema e de gatos (cachorros também, e também ratos, e todos os animais, na verdade), viciada em café.

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Notícias
Mostra Petrus Cariry vai até 06 de outubro
Mostra terá masterclass de Silvia Buarque.
Publicado
17 horas atrásem
3 de outubro de 2023Por
Livia Brazil
A Mostra Petrus Cariry: imagem, tempo e poesia ficará na CAIXA Cultural Rio de Janeiro até esta sexta-feira, 06 de outubro. A saber, a temática da Mostra realça o estilo marcante das obras de Petrus Cariry, que combina, de forma engenhosa, tempo e realidade, representando-os de maneira poética. Dessa forma, aborda a dureza da vida de personagens socialmente emblemáticos que traduzem, assim, uma contemporaneidade em transe e, de certo modo, distópica.
O evento de lançamento da Mostra ocorreu no novo cinema da CAIXA Cultural na última sexta-feira (29), com a presença do diretor, de Bárbara Cariry, Silvia Buarque e convidados como Chico Buarque e Walter Lima Jr.

Programação
Amanhã, quarta-feira, dia 4 de outubro, às 14h, a masterclass sobre produção cinematográfica será com a produtora Bárbara Cariry. Em seguida, serão reexibidos os filmes A Praia do Fim do Mundo, às 16h; e Clarisse ou Alguma Coisa Sobre Nós Dois, às 18h.
Na quinta-feira, dia 5, às 14h, a atriz Silvia Buarque vai ministrar a masterclass sobre atuação de cinema e teatro. Silvia vai abordar as diferenças de linguagem entre teatro, cinema e TV. Em seguida, vai bater um papo descontraído sobre curiosidades dos seus 38 anos de profissão. Por fim, serão reexibidos os longas O Barco, às 16h; e O Grão, às 18h.
No último dia, na sexta-feira, dia 6, A Jangada de Welles será reexibido às 14h. Mãe e Filha será exibido em seguida, às 16h. Para o encerramento, Mais Pesado é o Céu, sétimo longa-metragem de Cariry, estará na telona às 18h.
Mais pesado que o céu
Protagonizado por Matheus Nachtergaele e Ana Luiza Rios, a trama acompanha Antônio e Teresa. Eles acolhem uma criança abandonada, iniciam uma jornada pelas estradas e compartilham um passado que está nas memórias de uma cidade submersa no fundo de uma represa.
Silvia Buarque também está no elenco do longa. A atriz já tinha trabalhado duas vezes com Petrus Cariry como diretor de fotografia. Contudo, em “Mais Pesado é o Céu”, foi dirigida por ele pela primeira vez. “Como diretor de fotografia, ele é exigente, caladão e um gênio. Como diretor, ele também tem as mesmas características, mas não é nada caladão. Ele lidera e alegra o set com muita sensibilidade e entusiasmo. Ele me dirigiu com muita precisão e inspiração. Adoro os longas que ele dirigiu e estou sempre pronta para trabalhar com ele”, detalha Silvia.
Álvaro Tallarico, jornalista do Vivente Andante, assistiu ao filme. Para ler a crítica é só clicar aqui.
Mais sobre a Mostra
A Mostra Petrus Cariry: imagem, tempo e poesia é uma experiência estética que retrata um Brasil simbolicamente rico, criativo e cheio de ânimo produtivo, em sua grandeza e diversidade. A entrada é gratuita, sujeita a lotação da sala, com distribuição de senhas 1h antes de cada sessão.
Endereço: Rua do Passeio, 38 – Centro.
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15 de julho de 2022 at 18:39
A escritora me cativou tanto com sua entusiasmada crítica, que estou louca para participar do rol destas pessoas que já curtiram este podcast. E também estou muito ansiosa para conhecer este fato acontecido e noticiado em 2000, porque nesta época eu já era bem adulta e desconheço totalmente este “crime” – talvez porque não me interessasse por notícias, nesta época – Só queria saber de trabalhar e não tinha tempo para saber o que acontecia fora do meu universo diminuto. Agora não posso perder a oportunidade e conhecer este fenômeno estrondoso de repercussão e entrar para o rol dos ouvintes do Podcast mais Ouvido do Brasil. Será que vou concordar com a opinião dos demais?
Camila Longa
16 de julho de 2022 at 14:11
Suas indicações são sempre certeiras!
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