Cinema
Crítica | ‘Pureza’ é antiescravagismo na veia e cinema nacional de qualidade
Publicado
1 ano atrásem
Por
Felipe Novoa
Às vésperas do aniversário de 134 anos da Lei Áurea, “Pureza” joga holofotes na constante existência do trabalho escravo no Brasil atual. Nesse filme do diretor Renato Barbieri, vemos a história de Pureza Lopes Loyola, uma mãe do interior do Pará vivida por Dira Paes, que sai em busca do seu filho Abel (Matheus Abreu). O rapaz foi procurar trabalho numa fazenda e caiu no cárcere privado. Nessa busca, ela se infiltra numa fazenda onde a morte e a violência regem com punho de aço.
Prenúncio de problemas
Apesar de se passar nos anos 90, “Pureza” está longe de ser um filme datado. A película já começa a bordoada emocional ao mostrar a vida dura de Pureza e Abel como oleiros fazendo tijolos de barro. O trabalho pesado debaixo do sol é mal remunerado e destruidor para o corpo dos protagonistas, o que leva o filho a procurar trabalho numa cidade maior, o mesmo que o seu tio fez.
Nesse ponto do filme, já se pode entender o que vai acontecer. Assim como o tio, Abel some por meses, o que inquieta cada vez mais Pureza. Com medo do pior ter acontecido, ela vai atrás do rapaz, viajando quilômetros pelo interior Paraense até a cidade onde ele disse que iria.
Atuação
Desde o começo do filme, Dira Paes é a definição de sofrimento. Do momento que o seu filho some até o final do filme, ela consegue representar medo, cansaço, ódio, compaixão e tantos outros sentimentos que a guiam até o seu objetivo. Seja no meio do mato ou em Brasília, a atriz traz uma nuance única ao calvário dessa mãe.
Junto dela, outro ator que rouba a cena é Flavio Bauraqui, que vive o capataz Narciso. Como chefão daquela região, ele conseguiu exprimir um misto de frieza e determinação nervosa que deixa os cabelos em pé. Em vários momentos o ator apresenta uma fúria animalesca que parece um pouco exagerada, mas que ajuda a sedimentar o sentimento negativo pelo personagem de forma efetiva. Assim, Bauraqui e Dira Paes carregam o grosso da atuação em “Pureza”.
Temática e exposição
Como um todo, “Pureza” é uma denúncia que joga luz para uma situação de 1888 que até agora não foi resolvida. A situação do trabalho escravo se agrava a cada fala presidencial que critica o combate à esse crime hediondo. Se não for por filmes como esse e notícias como essas, a população como um todo permaneceria no escuro. Existem inúmeros relatos de trabalho escravo, tanto no campo quanto na cidade. Mesmo assim, esses crimes contra a humanidade continuam.
Talvez um dos pontos mais importantes em “Pureza” seja justamente a caracterização do dono daquela fazenda infernal no meio do nada. Quem manda de verdade não é o capataz, nem o leão de chácara, mas sim o empresário paulista que chega de avião e passa o dia no ar-condicionado. Ter consciência de que o problema é muito mais extenso que meia dúzia de fazendas no interior é essencial. São pessoas “finas” da capital que estão lucrando com o trabalho forçado de coitados que são exauridos e mortos.
Finalmentes
Apesar do final corrido e de algumas atuações menos precisas, “Pureza” entrega uma mensagem clara. Se o povo não se meter, os horrores vão continuar. Foram movimentos populares que derrubaram a ditadura brasileira, e serão movimentos populares que vão trazer segurança para os trabalhadores. Longe de ser um filme moderado como outros lançados ultimamente, “Pureza” não mede esforços para radicalizar um povo humilhado e cansado. Por conta disso, não posso deixar de indicar que você vá ao cinema e assista esse filmaço.
Por fim, o filme estreia nos cinemas brasileiros no dia 28 de abril. Nosso jornalista Alvaro Tallarico falou com a Dona Pureza e Dira Paes sobre o filme há dois anos atrás, veja aqui.
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Crítico/fotógrafo. Atualmente focando na graduação em jornalismo e escrevendo muito.

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Cinema
Crítica | Transformers: O Despertar das Feras
Sétimo da franquia é mais do mesmo, mas superior a outros
Publicado
3 dias atrásem
7 de junho de 2023
O início de Transformers O Despertar das Feras (Transformers: Rise of the Beasts) é frenético, com uma boa batalha. Em seguida, conhecemos os protagonistas humanos, que são mais cativantes do que de outros filmes. O rapaz latino Noah Diaz (Anthony Ramos) e seu irmão (Dean Scott Vazquez), o qual serve mais como uma metáfora para o espectador. E a divertida Dominique Fishback, como Elena Wallace.
Nessa primeira parte do filme há algumas boas críticas, como o fato de Elena ser uma estagiária e saber muito mais que sua chefe, porém, sem levar nenhum crédito por isso. Enquanto Noah tem dificuldades de arrumar um emprego. Há aqui uma relevante abordagem sobre periferia (Brooklyn) ao vermos alguns dos desafios da familia de Noah, o que o leva a tomar decisões errôneas. A princípio, é um bom destaque essa caracterização dos personagens, em especial, favorece o fato da história se passar em 1994.
Dessa vez, o diretor é Steven Caple Jr., o qual não tem a mesma capacidade de Michael Bay para explosões loucas e sequências de ação. Steven faz sua primeira participação nesse que é o sétimo filme dos robôs gigantes. Ele era fã de Transformers quando criança e procura mostrar os Maximals (Transformers no estilo animal) de uma maneira autêntica.
Aliás, veja um vídeo de bastidores e siga lendo:
O público alvo do longa é o infanto-juvenil, que pode se empolgar com algumas cenas. Contudo, no geral, o roteiro é um ponto fraco. O Transformer com mais destaque aqui é Mirage, que fornece os instantes mais engraçados da história e faz boa dupla com Noah.
Além disso, as cenas no Peru e a mescla de cultura Inca com os robôs alienígenas é válida, com alguma criatividade e algumas sequências tipo Indiana Jones. Há muitas cenas em Machu Picchu e na região peruana que são belíssimas e utilizam bem aquele cenário maravilhoso. Vemos, por exemplo, o famoso festival Inti Raymi em Cusco, antiga capital do Império Inca, o qual o longa usa com alguma inteligência. Pessoalmente, essas partes me trouxeram lembranças pelo fato de que já mochilei por lá (veja abaixo), então aqui o filme ganhou em em relevância pra mim.
O longa se baseia na temporada Beast Wars da animação e traz o vilão Unicron, um Terrorcon capaz de destruir planetas inteiros. Na cabine de imprensa, vimos a versão dublada, a qual ajuda a inserir no contexto dos anos 90 com gírias da época.
Por fim, dentre os filmes dessa franquia que pude ver, esse sétimo está entre os melhores, apesar de ser somente regular, e conta com momentos divertidos. Além disso, a cena pós-crédito (só há uma) promete um crossover com muita nostalgia, Transformers: O Despertar das Feras chega aos cinemas de todo o país na próxima quinta-feira, 8 de junho.


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