Crítica
‘Querem acabar comigo’ é o livro que destrincha Roberto Carlos, por Paty Lopes
Publicado
2 meses atrásem
Por
paty2606
Falar sobre Roberto Carlos é falar sobre a história da música popular brasileira.
Roberto faz parte de um dos maiores movimentos de música do Brasil, a Jovem Guarda, na década de 60. No meio de tantas informações, sabe-se que Roberto permeou em diversos espaços, inclusive o televisivo, pois era talentoso demais.
O autor soube trazer excelentes temas em relação ao Roberto e um breve histórico de suas músicas no decorrer das décadas, através dos críticos. Quanto a crítica deles, essa não era tão simpáticas com o Rei Roberto, mas é aquilo, se vc cair na graça de meia dúzia de pessoas certas. A porta se abre e não mais fecha. Principalmente se o artista tiver competência. Mas não foi só isso que aconteceu a Roberto, ele cativou seu público. Só chegou ao auge após estar na boca de quase todos os jovens brasileiros.
Aliás, super indico o filme A História de Meio Século da Jovem Guarda, que traduz também a história.
Roberto, chamava atenção dos críticos, mas na década de 60 ainda não tinha alcançado a fama totalmente entre os jovens. Somente depois, em 1965, quando lançou a música Quero que Vá Tudo para o Inferno, que os jovens se entregaram ao Robertão.
Foi nessa mesma época, que mudanças chegaram, que a Jovem Guarda passa a enfrentar a MPB. Era engajamento político e a indústria cultural contra a alienação romântica da Jovem Guarda.
Se de um lado tínhamos Wanderléa, Roberto e Erasmo, em um programa televisivo, do outro lado tínhamos Elis e Jair Rodrigues, que briga boa essa, não?
O livro apresenta informações bem bacanas, pertinentes também. Roberto em 2013, por exemplo, duelava com sua música “Esse Cara Sou Eu”, enquanto Michel Teló chegava as rádios com a música: “Ai Se Eu Te Pego”.
O cantor sempre há de ser um artista contemporâneo, abraçou diversos jovens artistas, como Marisa Monte, Anitta, Maria Gadu e o funkeiro Mc Leozinho, com a música “Se Ela Dança, eu Danço”.
Roberto sempre soube fazer pontes, mesmo sendo o artista premiado que é.
Acho esse reconhecimento bem bacana, levando em consideração que os grandes artistas do movimento da Tropicália, que foi muito importante para a música brasileira, não deixaram de lado do Roberto.
“Você
Precisa tomar um sorvete
Na lanchonete
Andar com gente
Me ver de perto
Ouvir
Aquela canção do Roberto”
“Baby”, de Caetano Veloso
Uma das referências musicais da Tropicália, e sem cogitar a imensa Elis Regina que também não deixou de cantar Roberto, incluindo as canções dele para seus discos.
Roberto, embora tenha politicamente apoiado Sergio Moro e Bolsonaro, também foi condecorado durante a ditadura e aplaudido por Pinochet. É tudo um pouco confuso quando alinhamos Roberto a MPB, levando em consideração que o estilo é claro até mesmo no seu nome, Música Popular Brasileira, ou seja, deveria vir do povo. Caetano e Chico sendo torturados enquanto o mocinho Roberto Carlos plainava nos acordes da paz…
O livro é bem bacana, vale conferir a leitura. Além de uma diagramação leve. Tito Guedes foi excelente em sua pesquisa!
Desde a Jovem Guarda, Roberto Carlos é um sucesso de público e fenômeno de vendas. A crítica musical, porém, demorou a lhe estender o tapete vermelho. A maior parte do tempo ele foi visto como um cantor alienado, brega, carola e acomodado. Para contar a trajetória do mais bem-sucedido nome da música brasileira de todos os tempos, sob o ponto de vista da imprensa especializada, o pesquisador Tito Guedes garimpou centenas de resenhas publicadas desde os anos 60 até hoje em veículos como O Globo, Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil, O Estado de S. Paulo, Veja e Manchete.
Com prefácio do jornalista Arthur Dapieve, “Querem acabar comigo” mostra que, em mais de meio século de carreira, Roberto viveu uma relação difícil com a crítica, pouco generosa em suas análises e na contramão da crescente popularidade do ídolo. Os raros momentos de trégua se deram apenas quando medalhões da MPB abraçaram o cantor: na Tropicália, com Caetano Veloso à frente; com Nara Leão gravando um LP todo dedicado à obra do Rei no fim dos anos 70; ou quando Maria Bethânia fez um elogiado tributo ao cantor.
Tito Guedes nasceu em Niterói/RJ e é formado em Estudos de Mídia pela Universidade Federal Fluminense, onde começou a desenvolver a pesquisa sobre Roberto Carlos e a crítica musical. Atualmente, trabalha no Instituto Memória Musical Brasileira.
Afinal, o livro está disponível na Amazon.
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Cinema
Crítica | ‘O desafio de Marguerite’ mostra a potência da mulher
Filme estreia em 07 de dezembro no Brasil.
Publicado
2 horas atrásem
1 de dezembro de 2023Por
Livia Brazil
O desafio de Marguerite foi destaque na primeira edição do Festival Internacional de Cinema de Biarritz. Além disso, foi apresentado na Sessão Especial do Festival de Cannes de 2023, onde venceu o prêmio do júri técnico CST Young Film Technician Award, pela direção de arte assinada por Anne-Sophie Delseries. O longa de Anna Novion estreia no Brasil no dia 07 de dezembro, com distribuição da Synapse Distribution.
O filme conta a história de Marguerite Hoffmann, uma estudante de 25 anos que está prestes a apresentar sua tese de doutorado. Mas, quando um erro técnico acaba com sua teoria, ela decide sair da universidade e aplicar o que aprendeu na vida real. A personagem foi inspirada em uma experiência pessoal da diretora e na trajetória de Ariane Mézard, uma das grandes matemáticas francesas da atualidade. “Ela foi a primeira pessoa que conversou comigo sobre matemática de uma forma artística e imaginativa, o que me interessa muito como cineasta”, diz Anna Novion.
A diretora conta também que, quando tinha cerca de 20 anos, ficou doente e precisou se afastar do convívio social por seis meses. Ao retornar, sentiu uma lacuna entre ela e as pessoas da mesma idade, como se não pertencessem ao mesmo lugar. Essa experiência de desconexão com o mundo e com as outras pessoas, aliada aos ensinamentos de Ariane, tornaram O Desafio de Marguerite possível de acontecer.
Para exemplificar, fique com o trailer:
Originalidade
O ponto alto do filme é, sem dúvida, sua temática diferenciada. A diretora se utiliza da matemática e do fato de Marguerite não ter outra vivência senão o estudo da ciência para mostrar como as pessoas arranjam artifícios dos mais variados para esconder suas fragilidades e se esconderem do mundo. É uma forma bastante criativa de tratar do assunto, principalmente por ser uma mulher. Temos muitos filmes retratando cientistas e estudiosos de áreas das Exatas homens, porém poucos que mostram mulheres cientistas.
O motivo disso aparece em O desafio de Marguerite e está no fato de se relacionar sempre mulheres a sentimentos e associar isso a algo negativo. Como o orientador de Marguerite diz, “matemáticos não podem ter sentimentos”, e a sociedade acredita que só mulheres os têm. E , além disso, que essa característica as resume. O filme mostra que não. E que é possível utilizar esses sentimentos ditos negativos no mundo científico para benefício próprio. E, também, como a mulher é desvalorizada no mundo acadêmico, principalmente em um tão masculino como o da matemática.

É muito original, também, a forma como os conflitos de Marguerite são resolvidos. Os caminhos que ela vai tomando a partir de sua saída da universidade. É um roteiro que não segue o óbvio. Ele te surpreende a cada passo tomado, e isso é muito surpreendente. Principalmente em um mundo tomado de obras audiovisuais previsíveis.
Ritmo diferente
Contudo, exatamente por não ser uma produção genérica e mais do mesmo, há um burilamento no roteiro, ele tem um ritmo diferente do que se vê por aí hoje em dia. Portanto, o espectador acostumado a um ritmo mais acelerado vai estranhar. Pode, inclusive, achar um pouco chato. É um filme cheio de silêncios, principalmente por causa da natureza contida de Marguerite. Ele te obriga a observar o tempo inteiro, assim como precisa fazer um matemático tentando provar uma hipótese. Isso não significa que é um filme chato ou lento demais. Por causa do ritmo, você entra aos poucos na vida e na cabeça de Marguerite, e esse tempo ajuda a compreender melhor a personagem.
Ella Rumpf brilha no papel de Marguerite, essa mulher que faz de tudo para se esconder do mundo e das pessoas. E que só sabe enxergar seu potencial no mundo acadêmico, mas não tem ideia de como enfrentar o mundo real. É bonito de ver como a atriz se entregou ao papel e a forma como ela retrata a personagens aos poucos se entregando e entendendo como o mundo funciona fora dos portões da universidade.
“Quando conheci Ella Rumpf, conversamos muito e eu simplesmente soube. Tive a sensação de que poderia haver uma conexão fascinante entre Ella e a personagem, e que daria à luz uma encantadora Marguerite. Ela exalava uma intensidade e um comprometimento que eu queria filmar”, disse Anna Novion.
É um filme encantador, que mostra a potência da mulher. Em qualquer área que escolha viver.

Ficha técnica
O DESAFIO DE MARGUERITE
Le Théorème de Marguerite | 2023 | França | 1h52 | Drama
Direção: Anna Novion
Roteiro: Anna Novion e Mathieu Robin
Elenco: Ella Rumpf, Jean-Pierre Darroussin, Clotilde Courau
Produção: TS Productions
Distribuição: Synapse Distribution
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