Crítica
Paty Lopes e o Livro Infantil: O dia em que descobri o que é o Axé
A autora Sinara Rúbia é educadora e mestre em Relações étnico-raciais do CEFET/RJ e diretora presidente do MUHCAB – Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira
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2 meses atrásem
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paty2606
“O dia em que descobri o que é o Axé” é o novo livro da autora Sinara Rúbia. Ela é uma escritora brasileira de livros infantis, educadora e mestre em Relações étnico-raciais do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ). Atualmente é diretora presidente do MUHCAB – Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira, no Rio de Janeiro.
Em 2001, ao tentar apresentar referências literárias negras para sua filha, percebeu a escassez do tema na literatura nacional brasileira. Daí teve a ideia de criar a história da personagem ficcional Alafiá, uma princesa guerreira negra do Reino do Daomé.
“Sabemos que vieram reinados africanos completos para o Brasil na época de escravidão. Sociedades extremamente organizadas foram colocadas em navios sem saber para onde iriam. A história da Alafiá é a história que a própria história não conta. São histórias do povo negro que ninguém aprende, que causam um dano enorme”, diz a escritora.
alicerce
A autora está cada vez mais alicerçada a transmitir a sociedade a cultura do povo preto, visando principalmente as crianças, o que indiscutivelmente é uma das formas mais inteligente de lutar contra o racismo. Dessa vez, Sinara, apresenta sua vida no passado, ao lado das irmãs, e traz a receita certa de como atravessar os momentos complexos e atarefados dos pais e educadores, o aprendizado infantil. Quando menina, teve que cuidar das suas irmãs enquanto seus pais trabalhavam. Tudo isso está no livro, mas sem vitimização, pois essa ainda é uma realidade da sociedade brasileira, principalmente do povo preto no Brasil. Sem leviandade e com licença poética suficentes para proporcionar/oferecer uma excelente ferramenta no auxílio educacional das nossas crianças.
A história do livro “O dia em que descobri o que é o axé” apresenta Sina (Sinara) explicando para as suas irmãs o que é essa força mágica.
“Isso é o Axé, uma energia intensa que pulsa dentro e fora da gente…”
Sinara é uma contadora de história nata. No livro, por exemplo, segundo suas irmãs, é possível tomar banho em água fria com alegria, porque para tudo, ela (Sina) inventava uma história! Deveres de casa tornavam-se vibrantes porque Sina sempre criava personagens para cada momento. O livro foi lançado na Expofavela, maior feira de negócios de favela do mundo, que aconteceu na Cidade das Artes, no último final de semana de julho.
Sinara tem uma forma muito bela de enxergar o outro, uma percepção inteligente, suave, usa sabedoria para descrever seus fios de pensamentos, entende-se que através de suas falas, há uma forma oxunica de luta,atua com a mansidão dessa orixá. Aliada a cultura do povo preto e bastante consciente da necessidade de mudar o quanto antes a literatura nas escolas, levando livros que em sua essência fortalecem a luta contra o racismo. O discurso da autora está distante de uma queda de braços entre brancos e negros, mas sim, a abertura de espaço para todos. Uma forma inquestionavelmente perfeita de reconhecer que todos pertencemos a sociedade, sem desqualificar qualquer um que seja. Um retórica fantástica, exatamente por isso, merece todos os olhares, inclusive das escolas. Para chancelar a menção dada a ela, basta ler o livro há pouco lançado.
“Essa força está em todos os seres…O axé está nas pessoas, nos pássaros, nos peixes, nas plantas… e também nas borboletas!… Essa energia está em nossas vidas todos os dias, minhas irmãs!” (trecho do livro infantil)
Em “O dia em que descobri o que é o Axé!”, nota-se a generosidade e forma de enxergar a sociedade por inteiro
O livro explica o que é o axé através de três meninas pretas, Sassá, Sina e Sabrina, e é muito explicativo, com uma linguagem para pequenos, de fácil compreensão, mas que também serve para muitos adultos. É um livro com personagens pretas, carregado da história do escravismo. Deveria ser lido por muitos adultos, para entenderem um pouco mais das políticas sociais e a necessidade das cotas para negros nas universidades, por exemplo!
O mercado literário infantil precisa de atenção, para mudar olhares da sociedade, ressignificar comportamentos. Não é possível que livros com temáticas negras tragam as prateleiras ilustrações onde negros são sempre serviçais, como as de Monteiro Lobato. Já estamos em 2023!
Ilustrar Salvador com uma sociedade branca, chega ser um escárnio. Não cabe levar crianças pretas aos livros com ilustrações que hostilizam os cabelos crespos dos pequenos e insinuar que anjinhos negros não existem, também é um ato racista cabível de protesto, de não aceitação. Isso ainda acontece, e pasmem, são premiados! Será que se mudarmos essas ilustrações, nos inclinando a equidade, não estaríamos mentindo, sendo hipócritas, por estar longe da realidade dessa parte da sociedade, que é a maior do Brasil? Pode-se dizer como Mather Luther King, que através dos sonhos podemos atingir a realidade!
I have a dream that one day this nation will rise up and live out the true meaning of its creed: “We hold these truths to be self-evident: that all men are created equal. / Eu tenho um sonho que um dia essa nação levantar-se-á e viverá o verdadeiro significado da sua crença: “Consideramos estas verdades como auto-evidentes que todos os homens são criados iguais” (1963)
Baobá
O livro é bastante colorido, com desenhos que chamam atenção dos pequenos, com desenhos da árvore Baobá (O Baobá é utilizado como fonte de inspiração para lendas, poesias e ritos na África, onde os nativos têm a espécie como a personificação do espírito africano, por isso é tida como a árvore da vida e de grande importância para diversas tribos). A ilustradora também trouxe uma suculenta, uma planta africana que estão nos nossos jardins, a Zamioculca. A diagramação acolhe letras grandes, que auxiliam na leitura das crianças, deixando de ser uma leitura cansativa. Valquiria Cordeiro é a ilustradora, mestre em Artes Visuais da UERJ, professora de Artes Visuais no colegio pedro II e doutoranda em Artes Visuais na UFRJ, entendeu da temática do livro, que também fala sobre o cruel escravismo por aqui vivido pelo povo africano.
Por fim, para quem quiser levar axé para os seus pequeninos, basta ir na plataforma da editora Nandyala para comprar seu exemplar: https://www.nandyalalivros.store/o-dia-em-que-descobri-o-que-e-o-axe/p
*Esta critica é uma parceria do Portal Eu, Rio! Que inclusive dá acessibilidade para sua leitura.
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Sou apenas uma crítica teatral, entendendo o quanto o teatro educa e move montanha em nós...

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Crítica
Notícias Populares | Série sobre jornal de São Paulo estreia no Canal Brasil
A série Notícias Populares estreia essa sexta-feira, 29 de setembro, no Canal Brasil. Ela mostra o dia a dia da redação do famoso jornal.
Publicado
3 dias atrásem
29 de setembro de 2023Por
Livia Brazil
Já ouviu falar de Notícias Populares? Pois hoje é dia. Da série, não do jornal. Essa série que é baseada no jornal, já que foi criada pelo jornalista André Barcinski, que de fato trabalhou no Notícias Populares por um ano e meio, e pelo cineasta Marcelo Caetano.
André conta que a ideia de fazer algo baseado no “Notícias Populares” já existe há muito tempo. “Vi no jornal uma escola muito grande de jornalismo cultural.”, diz. “É uma história que me fascina.”
Notícias Populares estreia hoje, dia 29 de setembro, às 22:30. Seu lançamento faz parte dos 25 anos do Canal Brasil, onde a série será exibida. Ao todo, serão sete episódios, lançados toda sexta-feira.
Pra entrar no clima, fique com o trailer:
Notícias Populares – O jornal
O “Notícias Populares”, mais conhecido como NP, foi um jornal de São Paulo. Circulou por quase 38 anos, entre outubro de 1963 e janeiro de 2001. Era conhecido por suas matérias sensacionalistas e escandalosas, que deixavam dúvida se eram verdadeiras ou não. Notícias como “Bebê Diabo” e “Gangue dos palhaços” foram temas do NP. Mas ele também foi precursor e avant-garde em algumas áreas. Foi, por exemplo, o segundo meio de comunicação do Brasil a ter uma coluna LGBTQIAP+. E a tratar pessoas dessa comunidade com respeito. Também havia mais profissionais negros e editoras mulheres do que em outros jornais.
Por ser popular, não era muito bem-visto. Era publicado pelo Grupo Folha, mas sua estrutura estava longe de ser a mesma de outros jornais do grupo. Os computadores, por exemplo, eram todos de segunda-mão. Quase tudo por lá era de segunda mão, aliás. O que a “Folha de São Paulo” não queria mais, enviava para o “Notícias Populares”. Portanto, era um ambiente bem desordenado. Por causa da estrutura, mas também pelo tipo de notícia que cobria. E por sempre receber visitas do público na redação.
É esse ambiente de caos que o espectador poderá ver na série.
Notícias Populares – A série
É início dos anos 90. O “Notícias Populares” está em crise. Vem sofrendo muitas críticas exatamente por seu teor sensacionalista. Para colocar ordem (ou tentar) na loucura que é o NP, chega Paloma. Vinda de Paris, onde trabalhou como correspondente de um dos maiores jornais do Brasil. Seu objetivo – e o que lhe foi prometido – é ficar seis meses no Notícias Populares, organizar a bagunça e ir para a Folha. Mas ela vai ver que não vai ser tão simples assim.

A personagem de Paloma, interpretada por Luciana Paes, não existiu. Ela está ali como uma representação do espectador, jogado aos leões, no meio da desordem que é a redação do NP. Paloma, assim como quem assiste, não sabe como aquele jornal funciona. Ela vem de fora, vem da Europa, não está mais acostumada com o Brasil. Muito menos com o Brasil “de verdade”, o Brasil sem frescura que é o NP. Luciana Paes está no ponto na pele da jornalista. Acostumada a fazer comédia e personagens mais escrachados, que externalizam muito no corpo, a forma como Luciana interpreta o jeito comedido de Paloma faz o espectador sentir junto com ela todo seu incômodo.
Cenografia
Apesar de Paloma não ter existido, grande parte do que se vê na tela é real. Ou foi. Não de forma exata. Até porque a intenção dos criadores não era de documentação, e sim de ficção. Mas muito do que ocorreu no Notícias Populares pode ser visto na série. Como as matérias bizarras. A cada episódio, o espectador se depara com uma das notícias que o jornal realmente publicou. O Bebê-diabo está lá. A Gangue dos Palhaços também. E muitas outras esquisitices.
O que também está lá são vários objetos que existiram na redação. Não o mesmo objeto, mas reproduções. A produção da série teve acesso a um documentário feito dentro da redação do jornal, portanto tiveram muita matéria-prima para reproduzir o cenário tal qual era nos anos 1990. Gravada em dos prédios do jornal Folha de São Paulo, o fato também ajudou a levar o clima do NP para as telas.
Estética e clima
Esse vibe meio trash da série permitiu que produção e elenco abusassem dos exageros. Isso ajuda o espectador que nunca teve contato com o Notícias Populares a entender o que era ler o jornal na época. Chegar na banca de jornal e ler reportagens absurdas. Essa era a intenção do diretor com o tom absurdo e excessivo visto na tela.
Assumidamente com referência de Pedro Almodovar, é possível notar a inspiração nas cores utilizadas tanto em figurinos e cenários, quanto na própria fotografia. Bruna Linzmeyer, que interpreta a personagem Rata, que aparece nos últimos episódios, diz que uma de suas referências foi Andrea Cara Cortada, de Kika, longa do diretor. Ana Flávia Cavalcanti, que dá vida à Greta, colunista social do NP, disse ter aproveitado para atuar um tom mais acima do que está acostumada, o que, segunda ela, foi muito divertido de se fazer.

Aliás, os personagens são um caso à parte e cada um deles poderia virar uma matéria no jornal, de tão interessantes e únicos. Do diretor do jornal ao “foca” (jornalista novato), passando pelos personagens das matérias, todos têm características irreverentes que divertem o espectador. Indo quase para um extremo, um absurdo, meio nonsense, mas conseguindo parar bem no momento que seria demais. Bem no clima do jornal mesmo. Essa é uma das características mais fascinantes da série: valorizar o que se considera ridículo em cada pessoa.
Diversidade
Por falar em personagens, uma curiosidade: para Notícias Populares, houve inscrição online para o elenco. O diretor revelou que acha primordial haver sempre renovação de casting, para não se ter sempre as mesmas pessoas nas produções. “É vital para ter novos rostos surgindo e de locais que não são agenciados. É uma função política até”, afirmou. Por conta disso, o elenco é bastante diverso. E com muitos rostos desconhecidos do grande público e que esbanjam talento.
Outro fato interessante é a troca de atores de seus gêneros audiovisuais mais usuais. Como a já mencionada Luciana Paes, que geralmente faz humor, no papel de uma jornalista muito comedida. Ou Ana Flávia, uma mulher séria e ativista, interpretando uma colunista social escrachada. “Quis fazer a troca de atores para ter um estranhamento. Pegar o sério para fazer o engraçado e o engraçado para fazer o sério”, contou. Foi uma boa escolha porque aumenta ainda mais o impacto do espectador para essa redação tão conturbada.

Enredo
O roteiro é de André Barcinski em parceria com o diretor Marcelo Caetano e, também, Anna Carolina Francisco e Ricardo Grynzpan. Os roteiristas conseguiram deixar a série redonda, sem pontas soltas. E com um equilíbrio perfeito entre comédia, suspense e até um pouco de drama. Há temas que são críticas nem um pouco veladas a alguns assuntos. Mesmo trabalhando com notícias surreais, como um jacaré que come crianças e é apelidado de “jacaré-cocô”, o roteiro consegue tocar em temas de forma leve e divertida, mas que geram análise e discussões. “A discussão crítica se mantém. O politicamente incorreto não deve ser celebrado, e, sim, colocado para discussão.”, afirma Marcelo.
Quanto à pesquisa para a escolha das matérias utilizadas, os roteiristas pesquisaram em mais de mil exemplares do jornal. Além disso, a produção também entrevistou profissionais que trabalharam no NP. Segundo André, há material para fazer ainda mais 5 temporadas. Estamos contando com isso, porque é uma série muito diferente e que deixa o espectador ávido por mais!
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