Entrevistas
Arthus Fochi | Saiba mais sobre a “Quarentena” nas plataformas digitais
Publicado
3 anos atrásem
Por
Lana Janoti
Arthus Fochi. “Eu sou um cantautor, sou compositor e cantor das minhas próprias músicas e vou andando por essas vertentes”. É assim que esse artista carioca se define quando questionado sobre o trabalho que faz há mais de dez anos. Músico, cantor, poeta, produtor, historiador e pesquisador de ritmos latinos, consegue de sua própria maneira convergir todas essas formações em seu trabalho.
Em maio de 2020 lançou nas plataformas digitais o seu novo single, “Quarentena”, em parceria com o selo “Astronauta Singles” e distribuição da Universal Music. Com uma estética que conversa com o lo-fi, diferente dos seus projetos anteriores, a música aborda diretamente o período que o mundo está enfrentando em meio à atual pandemia e conta ainda com um Lyric Video produzido por ele mesmo.
“Eu saí do Rio de Janeiro logo no começo da pandemia, quando anunciaram a quarentena. Fui para o interior, na Região dos Lagos, onde moram os meus pais porque fiquei preocupado. Nesse processo pensei em como produzir, como continuar o meu trabalho. Agora, a internet é a única forma que temos para nos comunicarmos”, conta. E de fato há um investimento nas redes sociais e nas plataformas digitais, pois além do single citado, “Quintal” e “Ideal (Demo)” também foram apresentadas nos últimos meses.
O lo-fi é uma novidade que tem vivenciado, o artista já percebeu que ele promove o alcance de outro público e tem ficado feliz com tais descobertas. “Essa música é até mais engajada que a mpb e a galera que curte acústico, por exemplo. Ela dialoga com uma faixa etária mais jovem e eu gostei de produzir isso”, declara.
Desenvolvimento do Clipe
Com a ida à casa dos pais e a vontade de produzir, toda e qualquer situação tornava-se um motivo de colocar a mão na massa. O single já seria lançado e estava muito presente nos seus pensamentos, foi justamente por esse motivo que ocorreu o desenvolvimento poético e visual do vídeo.
“Meus pais tem uma piscina que quase não usam, ela estava meio suja e tinha um bicho-pau. Já estava decidido que esse seria o single que eu lançaria e pensava muito nele. Sabe quando uma música toca na sua cabeça, você olha para os lugares e vê um clipe? Então, era isso”, fala sobre a criação do vídeo.
Música X Literatura
A música e a poesia andam lado a lado nos trabalhos de Arthus Fochi, difícil dizer se foi a literatura ou o som que despertou o seu fazer artístico. Aos 12 anos foi apresentado ao violão e aos 16 começou a escrever. Os sons já marcavam presença na família, pois sua mãe sempre tocou acordeon e piano. Enquanto seu pai, que é paraguaio, recebia muitos amigos músicos em casa.
“Eu compunha e tocava alguns acordes no violão, gostava de criar as melodia e cantar. Minha casa sempre foi musical, mas a literatura veio forte aos 19 anos quando entrei na Faculdade de História e logo depois montei com alguns amigos um grupo que tinha muita influência nas músicas da américa latina.” O grupo acabou se dissipando com o tempo e Fochi, ao que parece, foi o único que seguiu a carreira artística.
O que não faltam são curiosidades em sua vida, o músico conta que já participou até mesmo de um coletivo de poetas de rua do Rio de Janeiro, lembra com carinho e incentiva: “Tem uma galera boa fazendo isso, tem que comprar o que eles produzem mesmo. Fora que tem muita gente que vive disso, né? Essa parte também é interessante, o trabalho informal da arte é uma possibilidade”, diz de forma reflexiva. O músico tem três livros já publicados, são eles: “Afasia”, “Poema Poeira” e “Ao Amor Imigrante”.
Arthus Fochi e Os botos da Guanabara (2019), Suvaco do Mundo (2017) e Êxodo Urbano (2012)
Se as suas novas canções demonstram qualidade, conhecer os trabalhos anteriores do artista é altamente recomendável. Embora tenham estéticas diferentes, todos levam um pouco de sua marca. “O mundo muda e com ele também mudam as nossas experiências, a gente aprende a se adaptar”, disserta o também poeta.
Êxodo Urbano (2012), seu primeiro disco, foi concebido a partir de um convite feito por um produtor musical enquanto Arthus estava em uma viagem fora do país. Todas as faixas foram gravadas praticamente ao vivo com elementos aplicados posteriormente. “Hoje vejo como minha voz estava imatura, era tudo ao vivo. Dá para reparar como eu cantava e tocava diferente. Isso faz parte dessa linha do tempo que nós temos que passar”, recorda.
Nesse período as influências das músicas latino-americanas eram muito presentes. “Eu sempre cantei músicas latino-americanas e canto espanhol. Acho que esse disco tem uma parte maior deste cantautor”, diz sobre o Êxodo Urbano.
Em seu disco mais recente, Arthus mescla duas de suas paixões. Os Botos da Guanabara são um coletivo de poesia formado em Niterói que originou a partir do Grupo de Estudos e Produções Poéticas Laboriosa. A gravação do disco foi uma das atividades realizadas pelo coletivo. Por isso, no início das faixas podemos escutar poemas de Luli, da dupla Luli e Lucina; Carlos Drummond de Andrade e dos próprios Botos.
Influências Latinas
Durante um mochilão que fez por seis meses passando por países da América do Sul, Arthus vivenciou momentos cruciais com relação a sua musicalidade. Com 20 anos, muita coragem e sede de conhecimento, ele tocava violão pelas ruas da Venezuela, dormia nas praças, conhecia pessoas por onde andava, ensinava as canções brasileiras e sempre pedia a alguém para aprender os ritmos locais. Com isso, fazia amizades efêmeras e guardava consigo tudo o que podia absorver.
Encontro com o Joropo
Foi durante as suas viagens que conheceu o Joropo – ritmo com referência folclórica e popular pertencente à Venezuela e a Colômbia – em uma festa de uma cidade pequena do país dentro das savanas venezuelanas. “As pessoas tocavam harpa, baixo, maracas e cuatro venezuelano. Todos cantavam, dançavam e bebiam cerveja. Eu me surpreendi na época e hoje em dia isso faz muito parte da minha cultura, da forma de me expressar melodicamente e ritmicamente”, diz.
Candombe
O ritmo Afro-Uruguaio que começou a existir através de uma resistência popular negra e quase não possui canto, ele é basicamente composto por tambores que desfilam pelas ruas. O Candombe também marcou o músico que hoje utiliza em várias das suas criações. “É uma coisa única, o Uruguai tem uma riqueza rítmica e melódica incrível, foi o que mais influenciou a minha forma de fazer. Ele é interessantíssimo porque é um ritmo de resistência com uma história muito bonita”, fala o poeta Arthus Fochi.
Ano Sabático
Ficar parado não parece ser uma característica do cantor. O Ano Sabático que, a princípio, se transformaria em um documentário e série de TV, traz composições autorais de forma natural, leve e fluida com participações de onze artistas, entre eles: Julia Vargas, Chico Chico, Ana Frango Elétrico, Juliana Linhares, Duda Brack, Qinho, José Delgado e mais. Enquanto os planos iniciais não puderam ter continuidade, os vídeos com as canções estão disponíveis no YouTube para que todos tenham acesso à obra.

“As pessoas que escolhi são de um convívio dentro da cena musical do Rio. Nós frequentamos os shows uns dos outros, fazemos churrascos, marcamos presença nos aniversários, somos integrantes de uma mesma família. A cidade é pequena, no que tange à cena musical que percorre o eixo zona sul-centro, quando você começa a trabalhar e fazer shows passa a conhecer todo mundo”, conta sobre a sua proximidade com os cantores convidados.
Arthus deixa claro que um dos motivos de chamá-los foi também para que o seu público pudesse identificá-los. “Convidei com o intuito de mapear mesmo, são pessoas que acredito e gosto do trabalho. Estamos aqui fazendo a cena e eu queria impulsioná-los, fazer com que os públicos se conhecessem”. Criar uma unidade e a identificação de quem os escuta foi um dos fatores para tirar esse projeto do papel. “É histórico também, para mim ele já se tornou histórico. Imagina o que vai ser desses registros daqui a 20 anos?”, prospecta.
Próximos lançamentos
A quarentena lhe causou algumas perdas como os shows que já tinha agendado para sua turnê que passaria pelo Uruguai, Paraguai e Rio Grande do Sul. Mas, em contrapartida, há muitas novidades vindo por aí. No próximo dia 19, será lançado o 11° single do Ano Sabático com participação de Déa Trancoso e em breve chegará um vinil com o trabalho do Ano Sabático contendo as onze participações e uma canção cantada somente por ele. Em julho sairá mais uma música pelo “Astronauta Singles” acompanhada de um vídeo dirigido pelo próprio cantor.
Fochi também já gravou um álbum no Uruguai que será lançado no final de 2020 e adiantou que ele virá somente com letras que falam sobre a terra e temas que permeiam a natureza. Não terá influências eletrônicas, o ritmo contará com uma pitada folclórica e acústica, típico das músicas da América do Sul.
Está escutando o quê?
No dia da entrevista, Arthus Fochi ouvia, Astor Piazzola, bandeonista e compositor argentino. Mas, em suas playlists também estão: Vovô Bebê, Sergio Sampaio e o novo álbum do cantor Cícero. Há pouco tempo foram ao ar os primeiros episódios do “Membrana”, podcast criado por ele, Gabriel Martinho e mais um amigo anônimo onde são feitas entrevistas com artistas e críticas de discos. Está aí uma boa dica para acompanhar depois de conhecer as suas músicas.
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Lana Janoti é jornalista.

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Cinema
O Pastor e o Guerrilheiro | Confira entrevista exclusiva com Johnny Massaro
Longa-metragem chega aos cinemas brasileiros com distribuição da A2 Filmes
Publicado
2 meses atrásem
13 de abril de 2023Por
Redação
Nesta quinta-feira, dia 13 de abril, o longa-metragem O Pastor e o Guerrilheiro, do cineasta José Eduardo Belmonte, chega exclusivamente aos cinemas brasileiros com distribuição da A2 Filmes. O protagonistas ganham vida através dos atores Johnny Massaro e César Mello, em grandes atuações. Além disso, o filme ainda conta com a presença do saudoso Sérgio Mamberti (O Homem Que Desafiou o Diabo e Castelo Rá-Tim-Bum), em seu último trabalho.
A trama se passa nas décadas de 1960, 1970 e nos últimos dias de 1999, na virada do milênio. Em 1968, o jovem comunista João (Johnny Massaro) deixa a universidade e vai para uma guerrilha na Amazônia. Lá é preso, sofre torturas e vai para a prisão em Brasília, onde encontra Zaqueu (César Mello), um cristão evangélico, preso por engano. Então sofrem juntos, superam diferenças ideológicas, se ajudam e marcam um encontro para 26 anos depois, à meia-noite, na virada do milênio, em cima da Torre de TV de Brasília.
Em seguida, confira nossa entrevista com Johnny Massaro:
Produzido por Nilson Rodrigues e com o roteiro de Josefina Trotta, inspirado em uma história real, o filme foi rodado no Estado do Tocantins, às margens do Rio Araguaia, e em Brasilia, e conta com a produção executiva de Caetano Curi, direção de fotografia de Bárbara Alvarez, direção de arte de Ana Paula Cardoso, direção de produção de Larissa Rolin, música de Sascha Kratzer e figurino de Diana Brandão.
Quer saber se é bom? Já vimos. Olha aí a crítica:
Com distribuição da A2 Filmes, a estreia do filme O Pastor e o Guerrilheiro aconteceu no Festival de Gramado e o filme chegará agora no dia 13 de abril de 2023 aos cinemas de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre, Vitoria da Conquista, Tocantis, Palmas, Campo Grande, Niterói, Macéio, Natal, Manaus, João Pessoa, Guararapes, Goiania e Fortaleza.
Ah, também conversamos com Túlio Starling, que também participa do filme. Confira:
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