Literatura africana não é tão fácil de encontrar. Porém, Luís Vasco Furtado Vieira dá-nos a conhecer o trabalho que tem vindo a desenvolver desde o início deste ano e a importância do mesmo para instigar o hábito da leitura, com foco em livros e autores em torno de África. Antes de dar início ao projeto, Luís Vieira dedicava-se, juntamente com um amigo, à chamada Alfarrabista (venda de livros usados através de leilões online). Foi devido a sugestões deste mesmo amigo que abriu a livraria online Tchatuvela. A livraria tem como finalidade a venda de livros (usados e não só) relacionados com o continente africano através da redes sociais. É possível encontrar livros sobre diversos países como Angola, Cabo Verde, África do Sul, Senegal, entre outros países africanos.
Tchatuvela é uma palavra de origem angolana e significa “valeu a pena a espera”, ou “algo bem merecido”. E realmente valeu a pena a espera, pois esta livraria veio permitir aos africanos residentes em Portugal terem acesso a um “espaço” onde possam procurar e saber mais sobre África e que realmente os ajuda a saber mais sobre África. Luís Vieira apresenta-se como exemplo de um africano que reside fora do continente e que teve contacto com a literatura africana de forma tardia e acredita que existe uma falta de conhecimento relativamente a África por parte dos africanos residentes no estrangeiro. Revela que o seu primeiro contacto com a literatura africana foi através de um livro do escritor Manuel Ferreira. Apesar de este não ser um escritor de origem africana, viveu durante muitos anos em Cabo Verde e as suas obras contam com muitas expressões cabo-verdianas.
Intercâmbio
Assim Tchatuvela tem “a missão de estabelecer o intercâmbio, desafiar o nosso próprio conhecimento e criar uma sinergia em busca de tudo o que é africano. Ser um agente ativo na recuperação da identidade.”
Desde modo existe a responsabilidade de assumir o que é culturalmente africano e incentivar o hábito de leitura, refere Luís. E tendo em conta os princípios da literatura, o mentor do projeto Tchatuvela, menciona três princípios fundamentais que não podem faltar: agradar, mover e ensinar, ou seja, a finalidade é levar as pessoas a lerem, conhecerem, pesquisarem e consumirem aquilo que é africano e claro, não excluindo a literatura provenientes de outras regiões.
Onde encontrar
Atualmente a livraria encontra-se em duas plataformas, o Facebook e o Instagram. Contudo, é no Instagram Tchatuvelah onde existe maior interação com os amantes da literatura africana, isto porque a divulgação dos livros começou a ser feita através desta rede social e também por ser uma plataforma abrangente, de fácil acesso e prático. O feedback tem sido positivo, principalmente devido à adesão em massa dos jovens africanos. A adesão por parte de pessoas residentes em outros países, nomeadamente Inglaterra, Holanda, Suíça, França, também tem sido positivo, de acordo com Luís. O projeto também tem despertado a atenção dos órgãos de comunicação social, como por exemplo, no final do mês de maio foi apresentado no programa Bem-vindos África, da RTP África.
Sobre ideias para o futuro, o mentor do projeto Tchatuvela revela-nos que a curto prazo existe a necessidade de haver uma maior organização, devido a tarefas que têm vindo a ser anuladas, como por exemplo a catalogação dos livros. A longo prazo a finalidade consiste em investir num espaço físico, não só com uma livraria, mas também que promovesse encontros entre as pessoas. Um espaço onde as pessoas pudessem debater sem tabus e barreiras sobre questões acerca do continente africano. Afinal, Luís considera que é extremamente importante os africanos conhecerem a sua história e que tenham um papel ativo perante África.
Olá!
Gostaria de ter acesso à possibilidade de conhecer e eventualmente adquirir os vossos livros através da rede sem ser através do “Facebook” ou do “Instagram” pois não frequento estas plataformas.
Atenciosamente,
António Domingues