As primeiras cenas de The Underground Railroad : Os Caminhos para a Liberdade já chegam com o pé na porta. Aquele tom pungente de tristeza que virá durante os próximos episódios. A protagonista olha diretamente para nós e diz uma frase sofrida. A gente nem sabe o que vai acontecer, mas já dói.
A minissérie tem cinematografia esmerada, o que salta na tela logo no início, de tom perturbador. A produção sabe usar as luzes e sombras para contar essa história sobre escravidão, sobrevivência e liberdade. Esse tema sempre me toca, não só por sua importância e contundência, mas por saber que minha bisavó foi escrava. Ou seja, isso aconteceu outro dia, na minha família. Tão próximo – e tão distante, afinal, sou livre, vivo livre. Agradeço todo santo dia por isso.
Cora (Thuso Mbedu) é uma jovem em situação de escravidão em uma plantação de algodão na Georgia. Porém, um recém-chegado da Virgínia, Caesar (Aaron Pierre), a convoca para fugiram juntos por uma rota de fuga, a ferrovia subterrânea. Então, a caça por eles começa. Há muitas cenas fortes de violência, de várias maneiras, e dá vergonha de fazer parte dessa humanidade tão desumana.
É epicamente literário e tristemente realista. A produção é de Barry Jenkins, o mesmo que fez Moonlight.