Crítica
Titãs (Série Netflix) | Segunda Temporada
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4 anos atrásem
Após uma primeira temporada um tanto irregular, mas promissora, chega a segunda temporada de Titãs. Pessoalmente, lia as estórias dos Titãs desde criança. Eram muito boas, com algumas sagas realmente bem escritas e surpreendentes, tratando de muitos temas adultos como dependência de drogas, traumas familiares, crescimento. Os desenhos animados dos últimos anos trouxeram os Titãs de volta com força, por um outro viés. Animações divertidas ajudaram a popularizar esses heróis para as novas gerações. Inteligentemente, a Netflix veio com essa produção, com estilo mais adulto, violento, bem diferente dos últimos desenhos. Todavia, com algo de extrema relevância: a essência do grupo está lá.
E isso não é pouca coisa, pois os Titãs nunca se resumiram somente a herói conta vilão. Havia personagens complexos, buscando seus lugares no mundo, passando pelas mudanças da adolescência, tendo de lidar com responsabilidades inesperadas e perdas inevitáveis. A série tem violência, sangue, sofrimento, problemas de família, dúvidas, boas lutas, problemas com drogas, conspirações, traições, demônios. Ou seja, tudo aquilo que fez dos quadrinhos dos anos 80 e 90 algo especial.
A segunda temporada começa relativamente bem. O episódio inicial é o fechamento da primeira temporada. É mais um último do que um primeiro. Tem bons momentos de terror, desesperança, superação, contudo, o que deveria ser o clímax, passa num piscar de olhos. Tal fato deixa uma certa frustração. Porém, para contrabalancear, vem o gostinho de um dos maiores vilões do universo DC, e arqui-inimigo dos Titãs, o Exterminador.
Jorah Mormont, o Cavaleiro das Trevas
O segundo episódio traz uma nova personagem, mais recente, dos Titãs. E um velho conhecido, o mestre do Robin, ganhando vida pela competência de Ian Glen (Sor Jorah Mormont de Game of Thrones). Ele interpreta com a postura necessária, o Cavaleiro das Trevas, já mais velho, auxiliando um Dick Grayson que busca novos caminhos, não mais como um sidekick, e sim, como tutor da nova geração.
Jason Todd (Curran Walters) continua se destacando, com seu jeitão arrogante, acaba sendo carismático e peça-chave na convivência – e nas confusões – dos Titãs. Sua inconsequência traz… consequências. Ainda mais no terceiro e bom episódio, onde vemos curiosas interações entre os membros da equipe e boas cenas na sala de treino. Enquanto o quarto começa com uma sequência ao som de jazz que mostra uma enorme habilidade de matar com eficiência. Além disso, nesse capítulo vemos um pouco dos velhos Titãs em seu auge. É um dos melhores da temporada – talvez o melhor mesmo – cheio de situações que despertam emoções no espectador, uma alegria em conhecer mais sobre os personagens e suas interações, e prováveis lágrimas nas pesadas perdas. O roteiro e a direção conseguem nos fazer sentir próximos daquela família.
Além disso, temos Aqualad (Drew Van Acker), o Atlante. Ele e Donna Troy (Conor Leslie) são as maiores estrelas desse emocionante quarto episódio. Em seguida, o quinto segura bem e volta ao presente fazendo um link com o passado mostrado no anterior e o resultado de algumas decisões tomadas. É tenso, com traumas ressurgindo, sentimentos guardados e acumulados. O tema da vingança salta fortemente.
Superboy e Krypto
Certamente, o sexto era um dos mais esperados, pois traz o aguardado Superboy ao lado do cão Krypto. A sequência de ação no Kansas é ótima e vemos a dicotomia presente no personagem. Uma criança imprevisível e poderosa. O sétimo vem com uma – como dizer? – entusiasmada e divertida, atuação de Ian Glen. Só por ele já vale o episódio. No oitavo temos a oportunidade de conhecer Jericó e sua bonita conexão com os Titãs. Assim como descobrimos mais das motivações do Exterminador (Esai Morales). Acaba sendo legal a mistura de estórias clássicas dos Titãs com algumas mais recentes, de uma outra geração. Inclusive, Chella Man, o ator que traz vida a Jericó, é também modelo, YouTuber, e conhecido por compartilhar suas experiências como transgênero e surdo. É um ativista pela casa LGBT e pelos direitos Trans.
No geral, a produção respeita bastantes os quadrinhos, todavia, grandes sagas são resumidas em poucos episódios (até em um só), o que não é necessário. É uma série, não um filme. É possível utilizar o tempo de forma mais adequada. Então, a partir do nono, as coisas começam a desandar. O que poderia ser um fim de temporada bem conduzido, vai se perdendo entre falhas de roteiro, soluções fáceis, bobeiras. Ainda restam alguns bons momentos, contudo, no geral, decepciona. O epílogo para a próxima temporada tampouco empolga.
A saber, a terceira temporada está confirmada. Existem muitas boas possibilidades, e, se focarem no que deu certo, as interações e a evolução dos personagens, o contexto de uma família de desgarrados, tem tudo para ter vida longa. Vamos, Titãs!
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Jornalista especializado em Jornalismo Cultural pela UERJ.
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‘Aumenta que é rock ‘n roll’ traz nostalgia gostosa | Crítica
Longa protagonizado por Johnny Massaro e George Sauma estreia em 25 de abril.
Publicado
9 horas atrásem
24 de abril de 2024Por
Livia BrazilUns anos atrás, mais especificamente em 2019, o Festival do Rio (e outros festivais do Brasil) trazia em sua programação um documentário sobre a Rádio Fluminense. “A Maldita”, de Tetê Mattos, que levava o título da alcunha pela qual a rádio era conhecida, narrava sua história e, além disso, a influência que teve em seus ouvintes. Para muitos, principalmente os que não viveram a época, foi o primeiro contato com a rádio rock fluminense.
Anos depois, no próximo 25 de abril, quinta-feira, estreia “Aumenta que é rock ‘n roll”, longa de Tomás Portella. O longa é baseado no livro “A onda maldita: Como nasceu a Rádio Fluminense”, escrito por Luiz Antônio Mello, criador da rádio. Protagonizado por Johnny Massaro na pele de Luiz Antônio, o filme foca em toda a trajetória do jornalista desde sua primeira transmissão na rádio do colégio, até o primeiro contato com a Rádio Fluminense (por causa de seu amigo e cocriador Samuca) e a luta pra fazer da Fluminense a rádio mais rock ‘n roll do Rio de Janeiro.
Muito rock
Pra começo de conversa, é preciso dizer que o filme é uma bela homenagem ao gênero rock. Além de uma trilha sonora com nomes de peso, como AC/DC, Rita Lee, Blitz e Paralamas do Sucesso, o longa consegue mostrar ao espectador do que o rock é verdadeiramente feito: de muita ousadia e questionamentos. Em uma época em que o gênero vem sendo esquecido, principalmente pelas gerações mais jovens, Tomás Portella consegue relembrar a todos que o rock é sinônimo de controversão e revolução, já que foi criado para questionar os ideais vigentes da época.
Isso fica muito claro nos personagens que compõem a rádio e que a tocam pra frente. A ideologia de fazer diferente fica tão nítida na tela que eu desafio o espectador a não sair do filme com vontade de revolucionar o mundo ao seu redor.
Roteiro
Isso se dá, obviamente, por um texto muito bem escrito e uma trama bem desenvolvida e bem amarrada. O que significa, portanto, que L.G. Bayão fez um ótimo trabalho na adaptação do livro.
Mas, além disso, as atuações dos atores em cena tambémajudam muito. Apesar de a maioria dos atores nem sequer ter vivido a época (no máximo, eram criancinhas nos anos 80), eles personificam a vontade de transformar da época. Principalmente Flora Diegues, que tem uma atuação tão natural que dá até pra pensar que ela pegou uma máquina do tempo lá em 1982 e saltou na época em que o filme foi gravado. Infelizmente, a atriz faleceu em 2019 e uma das dedicatórias do longa é para ela. Merecidissimo, porque Flora realmente se destaca entre os integrantes da rádio rock.
Sintonia fina
George Sauma interpreta o jornalista Samuca, amigo de colégio de Luiz Antonio que cria a rádio com o colega. A escolha dos dois protagonistas não poderia ser melhor, já que Johnny Massaro e George têm uma química que salta da tela. O jogo de dupla cheio de piadas, típico dos filmes de comédia dos anos 1980, funciona muito bem entre os dois. Os dois atores têm um timing ótimo para comédia e, ao mesmo tempo, conseguem emocionar quando o texto cai para o drama. Tanto George quanto Johnny brilham.
Também brilham a cenografia e o figurino do filme. Cláudio Amaral Peixoto, diretor de arte, e Ana Avelar, figurinista, retrataram tão bem a época que parece que estamos mesmo de volta aos anos 1980. A atenção aos detalhes faz o espectador, principalmente o que viveu tudo aquilo, se sentir dentro da rádio rock.
Nostálgico
Para resumir, é um filme redondinho e gostoso de assistir, com atuações incríveis e uma trilha sonora de arrasar. Duvido sair do cinema sem vontade de ouvir uma musiquinha de rock que seja!
Fique, por fim, com o trailer de “Aumenta que é rock ‘n roll”:
Ficha Técnica
AUMENTA QUE É ROCK ‘N ROLL
Brasil | 2023 | Comédia
Direção: Tomás Portella
Roteiro: L.G. Bayão
Elenco: Johnny Massaro, George Sauma, João Vitor Silva, Marina Provenzzano, Orã Figueiredo.
Produção: Luz Mágica
Coprodução: Globo Filmes e Mistika
Distribuição: H2O Films.
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