Vamos de Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo, esse filme tão aguardado por fãs da Turma da Mônica de todo o Brasil. Lembrando que, ao contrário de Laços e Lições, e também da série da Turma da Mônica lançada pela Globoplay, o longa não apresenta a turminha quando criança. Como diz o título, agora eles estão adolescentes.
É a primeiro longa da Turma da Mônica inspirado nos gibis da Turma da Mônica Jovem e, por isso, há uma imensa expectativa do público. Principalmente das pessoas que cresceram lendo os mangás (na minha infância e adolescência, por exemplo, não existia a Turma da Mônica jovem, só a original, portanto acredito que minha expetativa seja menor que a da geração mais nova). Porém, é preciso lembrar que não é um filme para adultos. Não é mais um filme infantil, contudo, não esperando um filme para adolescentes e adultos. O público-alvo deles é bem claro e específico: pré-adolescentes de uns 10 anos até adolescentes de 14, por aí. Essa consciência faz toda a diferença na hora de assistir o filme.
Sinopse
O longa estreou na última quinta-feira, 18 de janeiro, nos cinemas de todo o Brasil. Antes de mais nada, fique com a sinopse:
No primeiro dia de aula do Ensino Médio, Mônica, Cebola, Magali, Cascão e Milena não demoram muito para perceber que as coisas no colégio andam estranhas. Quando descobrem que o Museu do Limoeiro será leiloado, eles decidem se unir em uma missão para tentar salvá-lo. Enquanto investigam o que está acontecendo, eles se deparam com segredos antigos e assustadores do bairro do Limoeiro que envolvem a centenária Ordem dos Cozinheiros. Toda a Turma logo vai perceber que pode estar lidando com uma ameaça muito maior do que imaginavam.
Para exemplificar, assista o trailer:
Mudança de elenco
Por causa da nova geração também de personagens, já que, agora, Mônica, Magali, Cebola, Cascão, Milena e etc. estão crescidos, os atores foram modificados. Dessa vez, em vez de Giulia Benite, Laura Rauseo, Kevin Vechiatto, Gabriel Moreira e Emily Naiara, entram em cena Sophia Valverde, Bianca Paiva, Xande Valois, Théo Salomão e Carol Roberto.
Talvez seja difícil para o público, já familiarizado com o elenco anterior, se acostumar com a nova turma. Contudo, os atores de Reflexos do Medo não deixam nada a desejar aos anteriores, em sua maioria. Os destaques da turminha nova são Théo Salomão, que interpreta o Cascão, e Carol Roberto, a Milena. Os dois sobressaem-se na tela do cinema, apesar de os protagonistas serem Mônica e Cebola. Tanto Théo quanto Carol apresentam muita maturidade em suas atuações, conseguindo mostrar as nuances de sentimentos necessárias no filme.

Elenco adulto
O mesmo não podemos dizer, todavia, dos atores adultos. Talvez por terem personagens menos desenvolvidos que os adolescentes, por não serem o foco do enredo, há algumas interpretações que incomodam. É o caso de Mateus Solano, por exemplo. O ator dá vida a Licurgo, diretor do colégio em que a turma estuda. O personagem é uma referência ao personagem Louco antes de perder sua sanidade. Portanto, por isso, Mateus o interpreta de forma alterada, já dando a entender o que acontecerá em seu futuro. Porém, mesmo com esse fato em mente, é possível perceber que a atuação de Mateus Solano é exagerada demais, tornando-se caricata. Do meio para o final do filme o exagero diminui um pouco e parece que o ator vai conseguindo acertar no tom. Mas já é quase tarde demais.

Crédito: Laura Campanella.
Eliana Fonseca, a tia Nena, também parece estar em um lugar diferente de atuação que todo o resto. Apesar de, aparentemente, ser a personagem feita para acalmar a turminha e ser o ponto de tranquilidade, sua interpretação cai no oposto do de Mateus Solano e parece morna demais. Ainda mais se tratando em uma trama de suspense como é a de Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo.
Gênero cinematográfico
Falando de suspense, é importante lembrar que esse é um filme de suspense e aventura. E como tal, ele consegue cumprir esse papel. Não é um filme de terror. Talvez crianças mais novas fiquem com bastante medo (a filha de 6 anos de uma amiga, por exemplo, assistiu ao trailer a ficou com medo). Contudo, é muito difícil o público-alvo do filme considera-lo de terror.
Mas há muito mistério e aventura, isso sim. Em cima disso, o enredo é bem construído, apesar de algumas falhas. Por exemplo, algumas informações ficam faltando, como sobre o tio do Cascão, que sabemos ser o Capitão Feio devido à série da Turma da Mônica. Como o filme se pretende ser uma obra isolada das produções anteriores, cabia uma explicação maior sobre o fato para o espectador, principalmente os mais novos, não ficar confuso. Isso pode fazer a pessoa especular quem é aquele tio que Cascão menciona tantas vezes e fazê-lo sair da atmosfera do filme. Mas, tirando esse fato, o mistério em si do longa é bem construído.
Muitas vezes, o filme faz pensar na série de sucesso da Netflix Stranger Things. Tanto em enredo, quanto em elementos cenográficos, e também na trilha sonora. E, inclusive, na forma de relacionar o medo e a insegurança ao grande vilão. Isso pode ser bom como referência, fazendo o adolescente lembrar de outra produção que ele também assiste e gosta. Porém, algumas pessoas, principalmente as mais velhas, podem enxergar como falta de originalidade. Aí vai caber a cada um tirar sua conclusão. Acredito ser uma boa ideia para fazer o público sentir aquela familiaridade com o filme e até, por que não?, sentir (já) uma nostalgia.

Detalhes que fazem a diferença
É preciso enaltecer o incrível trabalho de caracterização do filme. Apesar de menos parecidos fisicamente do que o elenco dos filmes anteriores, a caracterização de cada um dos personagens está muito bem-feita. O figurino conseguiu construir roupas para os personagens que, em todos os momentos, trazem elementos de cada um quando crianças. As cores típicas de cada um sempre sobressaem em seus figurinos. Além disso, adicionaram elementos novos que não causam estranhamento, e sim ajudam mais ainda a contar a história e a mostrar a personalidade de cada um dos personagens.
Agora, apesar de ser um filme isolado aos anteriores, é interessante perceber que a fotografia é bastante parecida com seus antecessores. A forma que a iluminação entra nas cenas, principalmente nas que acontecem no parque, como a câmera deixa a luz do sol entrar. Lembra muito a estética da fotografia anterior, e talvez seja para não cortar de vez com a memória da turminha e deixar esse pingo de familiaridade pra trazer, até, uma continuidade.
Final melodramático
Fiquem tranquilos, não darei spoilers sobre o que acontece no final. Apenas me limito a dizer que foi um final bastante meloso. Sabemos que o intuito da Turma da Mônica, desde as tirinhas, é ensinar valores às crianças. À medida que o tempo foi passando, esse propósito ficou cada vez mais forte. Isso fica evidente, por exemplo, quando inserem em seus gibis personagens que fazem parte de minorias para poder ensinar às crianças o respeito a elas. E isso é ótimo e muito necessário. Esse valor pode explicar a motivação do final de Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo, que traz uma moral para o espectador. No entanto, essa conclusão poderia ter sido melhor elaborada e menos clichê. Muito menos melodramático. Ainda mais se tratando de um filme para uma faixa etária um pouco mais velha. Adolescentes, por exemplo, não irão comprá-lo. Nisso, o filme falha.
Apesar disso, é um filme gostoso de se assistir, principalmente em família. Bom para levar crianças entre 9 e 13 anos. E para acompanhar uma trama que te deixa no suspense em muitos momentos. Até porque, como o Brasil inteiro já é apegado a essa turminha, é bem difícil não torcer pra tudo dar certo no final.

Ficha Técnica
TURMA DA MÔNICA JOVEM: REFLEXOS DO MEDO
Brasil | 2024 | 1h41min. | Aventura, mistério
Direção: Maurício Eça
Roteiro: Sabrina Garcia, Rodrigo Goulart e Regina Negrini?
Colaboração de roteiro: Antônio Arruda, Victor Michels, Bruna Boeing e Tiago Cunha?
Produção: Bronze Filmes e Mauricio de Sousa Produções
Coprodução: Bebossa?Filmes
Produtora associada: Rubi Produtora?
Distribuição: Imagem Filmes
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