Cinema
António VARIAÇÕES | Crítica
Publicado
3 anos atrásem

Variações. Por um acaso já ouviste falar em António Variações? Se és de Portugal, sim. Se não é, dificilmente. Muitos o consideram uma espécie de Freddie Mercury português. A vida desse artista que imprimiu seu próprio estilo no tradicional Portugal da década de 80 virou filme. É o cinema português mostrando sua cara.
António Joaquim Rodrigues Ribeiro, natural do Lugar de Pilar, Fiscal, freguesia do concelho de Amares, foi para Lisboa com apenas 12 anos, em 1956. A película começa mostrando um pouco da infância desse ícone do meio musical lusitano, deixando claras algumas das grandes influência que teve. Em especial, sua fascinação pelo canto de Amália Rodrigues e sua sensibilidade incompreendida. Entretanto, foca no período entre 1977 e 1981, quando o cantor fez o primeiro show, o retorno para Portugal após sair de Amsterdã – onde viveu alguns anos. Além disso, mostra um pouco do seu trabalho como barbeiro em Lisboa e como compunha canções, utilizando um gravador, e a busca por músicos para transformar seus sonhos em realidade.
Inclusive, o filme demorou dez anos para ser feito, tendo alguns problemas em sua produção, e ainda conta com a participação do sempre eficaz ator brasileiro Augusto Madeira (‘Bingo: O Rei das Manhãs’, ‘Tropa de Elite’) como o jornalista musical Luís Vitta, que percebe o talento de António, e tenta ajudar.

Busca
Aliás, por falar em busca, esse é o mote e a meta de Variações. Um ser humano determinado em expressar sua arte e alcançar reconhecimento. Indubitavelmente, deve-se destacar a atuação de Sérgio Praia, que já havia vivido António Variações no teatro, e que traz todo o estilo, visceralidade e força do artista – ele mesmo que canta. Todo o elenco mantém a qualidade, sem inconstâncias, como Victoria Guerra e Lúcia Muniz. Não esquecendo de Filipe Duarte como Fernando Ataíde, personagem importante. As trocas de olhares entre António e Fernando, o carinho, são imagens que falam sem a necessidade de palavras. Essa relação é uma das bases que carregam o filme e proporcionam algumas cenas emocionantes, como uma ao final, ao som de ‘Cansaço’, na voz incomparável de Amália Rodrigues.
Tudo o que faço ou não faço
Outros fizeram assim
Daí este meu cansaço
De sentir que quanto faço
Não é feito só por mim.
Melancolia
João Maia escreveu o argumento e dirigiu o filme. Está redondo, os cortes são precisos, o andamento do filme é constante, sem grandes… variações. Inclusive, os closes são bem utilizados e a fotografia de André Szankonski começa belíssima na fase criança de António, com aquele tom que favorece a nostalgia, com jeito de sonho. Posteriormente, segue usando bem a paleta de cores, especialmente o vermelho, em momentos dolorosos, e sabe deixar o protagonista sombrio quando necessário, enaltecendo a melancolia que permeia seu caminho.
Enfim, o longa-metragem segue na linha desse lado biográfico musical do cinema onde tivemos recentemente Rami Malek em Bohemian Rhapsody, que acabou por ganhar Oscar de Melhor Ator, ou Taron Egerton em Rocketman. Variações firma nessa tendência, longe de ser genial, mas homenageando com eficiência essa figura tão controversa para o conservadorismo português, ainda mais na época em que viveu. Um artista que acabou sendo considerado criador do pop desse país – e, 35 anos após sua morte, deu origem ao um bom filme. Um comprimido de arte.
Trailer:
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Jornalista Cultural. Um ser vivente nesse mundo cheio de mundos. Um realista esperançoso e divulgador da cultura como elemento de elevação na evolução.

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Cinema
Crítica | ‘Meu Vizinho Adolf’ uma dramédia impactante
‘Meu Vizinho Adolf’ aborda as consequências do nazismo em uma dramédia tocante.
Publicado
4 dias atrásem
25 de maio de 2023Por
Rodrigo Adami
Após a Segunda Guerra Mundial muitos nazistas se refugiaram na América do Sul, algo que já foi abordado das mais diversas formas no cinema. Meu Vizinho Adolf, traz o tema novamente agora colocando um suposto Hitler como vizinho de um judeu que sofreu com o Holocausto. Um tema delicado que o diretor Leon Prudovsky consegue tratar bem e com um tom de humor mais discreto.
Mr. Polsky (David Hayman) perdeu toda sua amada família e decidiu viver isolado em uma velha casa na Argentina. Sua paz termina quando Mr. Herzog (Udo Kier), um alemão irritadiço, se muda para a casa ao lado. A aparência e o comportamento dele fazem com que Polsky desconfie que seja Adolf Hitler disfarçado.
Um clima triste mas que ainda nos faz rir
O personagem de Hayman passou anos evitando contato humano, sequer aprendeu espanhol, ele carrega uma dor que aperta o coração desde o início. Ainda, assim ele é um velho teimoso e também ranzinza do tipo que nos faz rir. Ao colocar na cabeça que seu vizinho é o próprio Führer, ele tenta alertar as autoridades sem sucesso.
Com isso Polsky começa a estudar a figura funesta para poder provar sua teoria. Todas as brigas e tentativas de invasão e espionagem são divertidas, não é aquele humor de fazer gargalhar e provavelmente não era essa a intenção do diretor. Conforme o filme avança, ambos vão criando uma amizade que obviamente é extremamente incômoda para Polsky. Mas ele começa a achar que estava errado até encontrar provas um pouco mais substanciais.
Um filme simples mas bem feito
Meu Vizinho Adolf não é um longa que exige cenários grandiosos, é tudo muito simples, são poucas locações. O foco são as atuações de David Hayman e Udo Kier que consegue cativar. Ambos os personagens carregam um passado cruel e toda a dor que eles sentem é revivida com força no final. A comédia fica um pouco de lado para falar de algo sério de forma acertada. Ao final temos um bom filme que consegue mostrar a crueldade do nazismo sem ter que colocar nenhuma cena pesada demais.
Estreando hoje nos cinemas brasileiros, Meu Vizinho Adolf é uma boa opção para quem quer fugir dos pipocões. Fique com o trailer:
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