A Desordem que Ficou (El desorden que dejas) já começa nervoso com um prólogo utilizando a personagem Viruca (Bárbara Lennie). Em seguida, a belíssima abertura da série impressiona. Logo depois, uma bonita flor… e mais pancada. Tudo começa nadando no drama. Conhecemos o cão da raça husky siberiano Nanook (mesmo nome de um documentário antropológico de 1922, Nanook, o Esquimó) e a mãe morta que permeia ao redor de Raquel (Inma Cuesta), que chega para dar aula numa nova escola bem problemática.
O primeiro episódio tem diversas gotas de suspense e planta os problemas que seguem durante a temporada. Ainda por cima, brinca com eficácia no espaço-tempo e na edição até uma revelação importante e um final provocador.
Com roteiro e direção de Carlos Monteiro, é perceptível o capricho da direção de arte, a fotografia soturna reflete nas roupas de tom escuro. Além disso, tem sexo, drogas e poesia. O desequilíbrio é o maior traço da maioria dos personagens.
Um grande jogo de maldades e suspense temperado com literatura é o que espera o espectador viajando entre passado recente e presente intransigente.
Afinal, é mais uma ótima produção espanhola de respeito – e suspeitos.