“Lucicreide Vai pra Marte” é uma comédia nacional que estreia nesta quinta-feira, 04 de março de 2021. Traz uma personagem velha conhecida do público dos tempos de “Zorra Total” e revive nossas alegrias de sábado à noite. Contudo, infelizmente, sem seu velho escudeiro Carretel, personagem de Nelson Freitas que não está presente na produção.
A princípio, Lucicreide foi a personagem que nos apresentou o talento de Fabiana Carla. Principalmente em representar pessoas incríveis e inteligentes que não possuem um falar refinado, mas sim cheio de gírias regionais e muita sagacidade pra não perder o rebolado e sempre ter uma resposta pronta em todas as situações, até nas mais desagradáveis e preconceituosas.
Direção
A história foi bem dirigida e permite ser assistida tranquilamente com toda a família. Garante algumas risadas frouxas e outras mais forçadas que, mesmo assim, valem a pena ter ido ao cinema. Ao relembrar o filme o que fica é a sensação de ter visto uma epopeia leve, daquelas inacreditáveis e divertidas de acompanhar. Os locais de filmagem foram bem escolhidos, transmitem bem a imagem das diferenças regionais e sociais entre os personagens e permite uma visita guiada às instalações incríveis da NASA, sonho e curiosidade de muitas crianças e adultos país a fora.
E por falar em crianças, no elenco temos uma mais talentosa que a outra! Foi um filme de recordar as bagunças de infância, as ideias malucas e os sons de uma casa cheia, que às vezes causa uma dorzinha de cabeça, mas que faz falta assim que nos distanciamos; ao menos pra quem teve uma vivência parecida.
Família
As noções do que é ser família estão em processo de mudança, felizmente. Permitindo realidades totalmente novas como o home office de um pai cuja empresa onde trabalha é estabelecida em outro país e este fica responsável em casa pelo filho único, enquanto a mãe executiva viaja a negócios e está menos presente na criação, mas não menos afetiva e responsável pela educação do pequeno e que, tendo tantos compromissos, conta com a ajuda de uma doméstica de confiança (nem tudo muda), que se vê emocionalmente longe de sua grande família e sem saber se conectar com aquelas crianças que se desenvolvem tão rapidamente. Uma mulher que acredita ter perdido seu espaço “sagrado” de mãe e que tenta reencontrar seu lugar no mundo. Talvez em Marte? É o que veremos.
Filhos são uma responsabilidade em tempo integral e que gera consequência tanto para os pais quanto para as crianças. Além disso, “Lucicreide Vai pra Marte” tenta dar uns toques sutis sobre o que é viver e ter propósito. Lição pras crianças ou para os adultos?
Mesmo para um filme de comédia a sensação é boa no contraste com a ideia de algo maior (seriedade) e de que a noção de uma vida mais simples pode ser a mais sincera e necessária. Usar nossos dons e habilidades em favor do outro, hoje, é algo que realmente muitos esquecem que podem fazer e com isso perdem a chance de encontrar sentido e felicidade. É um filme de humor, mas não tem porque não tocar em algo tão urgente, como se sentir um com o todo, aqui mesmo, na terra.
Troque Marte por céu e entenderá a profundidade no seu significado. Bom filme a todos!