Um filme de ação livremente baseado num assalto à banco, “Assalto na Paulista” dramatiza e inventa muito em cima de um dos maiores crimes da história do Brasil. Infelizmente, o filme perdeu muitas chances de fazer algo eletrizante, seja no roteiro mecânico, nos erros bobos ou na falta de ritmo.
História e a falta de didática
Em pouco menos de duas horas, o longa de Flávio Frederico até apresenta uma estrutura interessante, mas que acaba se perdendo com clichês e na falta de organização. De longe, o maior problema é a falta de exposição; “Assalto na Paulista” começa com um flashback mostrando a origem de Rubens (Heriberto Leão), um bandidão e pecuário do interior paulista. Depois disso, o filme pula no tempo para última reunião antes do assalto entre o Rubens e os seus comparsas. Aos poucos os personagens são apresentados, como Leônia (Bianca Bin), que solidifica a seriedade do esquema. A personagem deixa implícito (mas mal explicado) que esse assalto está sendo planejado há cerca de 2 anos.
Infelizmente, é nisso que o filme peca. Ou as coisas não são explicadas, ou ficam meio que implícitas, o que atrapalha no bom entendimento da história. A falta de explicação da dinâmica emocional e pessoal entre os personagens é o erro mais crítico. A audiência não é apresentada adequadamente ao grupo, então não existem motivos para se importar com nenhum dos personagens. Até existe um esforço para humanizar o Rubens, mas ele é tão genericamente maquiavélico com os seus comparsas que se torna só um protagonista meio vazio.
Aspectos técnicos
É chato comentar isso, mas em uma cena passada em 2003 tinha um iPhone e laptop novos em cima de uma mesinha. Na outra cena a Leônia está sem óculos, quando olha para o outro lado ela está de óculos. Rubens é baleado várias vezes, ainda assim ele não parece ser afetado de verdade. Afora essas gafes bobas, faltou uma boa revisão no roteiro; os diálogos são apresentados de forma genérica, sem espaço para falas mais naturais e espontâneas. Falta uma conversa fiada, um jogo de cintura, e principalmente, uma química entre os membros do elenco.
Olhando tecnicamente, montagem, fotografia e som estão bons. Salvo algumas escolhas cafonas de música e de composição (principalmente o uso desnecessário de drone), não tem mais nada do que reclamar. Felizmente, quando o diretor quer, a montagem permite um tempo para desenvolver as cenas com mais calma.
Finalmentes
Concluindo, o que funciona bem no longa não consegue resolver os problemas de ritmo, atuação e roteiro, o que é decepciona, visto que muita coisa estava ótima. A aparente falta de comunicação (dentro e fora do filme) acabaram matando um projeto que tinha tudo para ser um filme de ação nacional muito competente e chamativo, mas ainda assim, tem seu valor.
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