O Festival Rock The Mountain aconteceu neste sábado, 07 de dezembro, em Itaipava, região serrana do Rio de Janeiro. E confesso que precisei desses dias de imersão nos meus próprios pensamentos para conseguir digerir e definir um pouco do que foi a experiência incrível que vivi durante as 16 horas de festival.
Ficou difícil eleger o melhor momento, a apresentação mais marcante ou o quesito em que a organização mais mandou bem, porém, inegavelmente, todos que passaram por ali voltaram para casa de alma lavada. Pra lembrar com aquela nostalgia gostosa e registrar esse dia para a posteridade, contamos um pouquinho do que rolou por lá. Se liga:
Esquenta nacional de qualidade
Os cariocas da banda Biltre foram um dos primeiros do dia e, mesmo acostumados a se apresentarem a noite, cercados de muita decoração de LED, entregaram um show completo e de alto nível para um público fiel, que sabia de cor todas as letras. Além de muito entrosados e com uma ótima relação com os fãs, os meninos deram à apresentação um tom de encontro entre amigos e animaram o festival com “Piranha” e “Nosso amor foi um GIF”.
Do mesmo modo, outra grata surpresa foi assistir ao show do Gilsons, trio formado pelo filho e netos do grande Gilberto Gil, e ao intenso rock psicodélico dos goianos do Boogarins, que deram tudo de si entregando diversos hits como “Sombra ou Dúvida”, “Doce” e “Benzin”.
Emicida é dono do Festival
Sou fã do Leandro desde 2009, na sua estreia com “Pra quem já mordeu um cachorro por comida até que eu cheguei longe” e de lá pra cá, já tive o prazer de assistir alguns de seus shows (e por acaso até fazer um TCC com uma de suas músicas). Contudo, confesso que a energia transmitida neste sábado agiu como uma sessão de descarrego, no qual magicamente deixei pra trás todos os problemas e perrengues desse ano apocalíptico.
Emicida uniu os clássicos “Zica Vai Lá”, “Hoje Cedo” e “Levanta e Anda” à músicas de seu novo trabalho como “AmarElo” e “Pequenas Alegrias da Vida Adulta”, amarrando o show para agradar desde a galera das antigas até os recém-chegados.
Sorrisos, gratidão e até lágrimas foram reações unânimes entre as pessoas que estavam ali naquele imponente pôr-do-sol no palco Budweiser. Destaque para “Principia”, do seu novo álbum AmarElo, que gerou uma verdadeira catarse após o rapper ver um grupo de amigos se abraçando e pedir para que todos fizessem o mesmo, espalhando uma onda de muito amor, empatia e respeito.
Usando as próprias palavras do mestre, o show foi “latente, potente, preto, poesia”. Sem dúvidas é uma apresentação que fica pra história.
Um pedacinho do Nordeste em Itaipava
O clima em Itaipava surpreendeu até as mais confiáveis previsões meteorológicas – e não só porque um céu azul e limpinho se abriu, mas porque as atrações do festival incendiaram a galera e botaram todo mundo pra dançar como se não houvesse amanhã.
O recifense Johnny Hooker não economizou na energia e lançou um hit atrás do outro, como “Chega de Lágrimas”, “Alma Sebosa”, “Caetano Veloso” e “Corpo Fechado”. Subiu na cadeira, dominou o palco, beijou o guitarrista e não perdeu a oportunidade de manifestar sua oposição ao atual governo e defender todo tipo de amor.
Logo mais tarde, a também recifense Duda Beat trouxe um show mais calmo, porém, com muita qualidade. A rainha do pop sofrência é dona de um carisma enorme, contudo fez uma apresentação parada que talvez funcionasse melhor fora de um festival. O single “Bixinho” foi cantado em coro, mas o resto da setlist deixou um pouquinho a desejar.
Por fim, os fortes sobreviventes que aguentaram até de madrugada, com certeza não tiveram motivos para reclamar: os baianos do ATTOXXÁ fizeram um dos melhores shows da noite, com direito a muito passinho, rodas e uma mistura contagiante de axé, pop, brega e funk. Os meninos transformaram o palco AME num pedacinho do carnaval de Salvador e fizeram até quem não curte muito o ritmo, se divertir e se entregar àquela experiência única.
Organização, atrações radicais e todos os ritmos
O Rock The Mountain conseguiu realizar com maestria um feito que poucos festivais brasileiros já conseguiram: unir todas as tribos, oferecer outras opções de diversão e principalmente gerir tudo de maneira muito bem estruturada. E, de fato, desde a logística do transfer, até o sistema de descontos pelo app do AME, que ofereceu preços justos nas bebidas e rapidez nas filas, o evento prometeu ser o mais simples e confortável possível – e cumpriu!
A questão da preocupação ambiental, explícita principalmente no incentivo do uso dos copos reutilizáveis e no plantio de árvores em parceria com o Do Bem Recicla, remeteu muito o falecido SWU, que acontecia em Itu, interior de São Paulo. Assim como o Rock The Mountain, o festival tinha como mote a importância da cultura e sustentabilidade, sobretudo em um momento tão crítico no Brasil.
Os palco MD (Magic Disco) e Bud Basement, agregaram o melhor do eletrônico, rock e hip hop, servindo como parada estratégica entre um show e outro. Do mesmo modo, o voo de balão, bungee jump e a tirolesa garantiram mais um diferencial para os amantes de adrenalina. E eu, claro, não fiquei de fora dessa!
Edição 2020 já foi anunciada!
O anuncio da próxima edição do Rock The Mountain, antes mesmo de me recuperar desta, sem dúvidas foi a cereja do bolo que todo mundo pediu – e quem sabe, não é aquele empurrãozinho que faltava pra você também? O evento será dia 05 de dezembro de 2020, primeiro sábado do mês, e já tem uma banda confirmadíssima: Baiana System!
Por fim, a pré-venda dos ingressos já está acontecendo e você pode garantir o seu lugar nesse rolê incrível através do Sympla.
E ai, nos vemos ano que vem?