A boneca sinistra M3GAN já nasce se destacando entre a vasta gama de serial killers que o cinema criou. Tem origem bem definida, motivação distorcida porém plausível e consegue ser carismática mesmo sendo feita para nos deixar desconfortáveis sempre que estamos olhando pra ela. O filme ainda tem conteúdo e não é só sobre um brinquedo obcecado pela sua dona.
M3GAN é uma boneca realista dotada de uma inteligência artificial, programada para ser a melhor amiga de uma criança. Gemma (Allison Williams), sua criadora, precisa cuidar da sobrinha órfã ao mesmo tempo que tenta finalizar o projeto do brinquedo. Para conciliar trabalho e família ela acaba deixando o protótipo de M3GAN cuidando da menina.
Quando o terror tem algo a debater…
O gênero dá a seus autores a escolha de criarem filmes apenas sobre assassinos, monstros ou o que for sem necessariamente discutir alguma questão mundana. Não é um demérito e nem torna a obra automaticamente ruim, mas quando qualquer filme traz um debate temos um leque maior de pontos a serem analisados e discutidos.
Obviamente em M3GAN temos o assunto sobre inteligência artificial e seus limites. A boneca já tinha uma base muito problemática na criação de sua IA, mas o que faz dela uma assassina é quando aprende por conta própria sobre morte e o seu significado para nós. A IA percebe o quanto banalizamos perdas alheias e entende que para proteger a menina vale eliminar quem faz mal a ela. O tema é melhor explorado em filmes como A.I. – Inteligência Artificial, Chappie e Ex_Machina: Instinto Artificial. Contudo, aqui ele vem mais para dar uma base sólida para sua protagonista e deixa as discussões para o público.
O tema que tem real destaque na trama é o da relação que temos com as crianças, principalmente diante da tecnologia que seria um “meio” de deixá-las quietas. A pequena Cady (Violet McGraw) perde os pais, que talvez já não fossem o melhor dos exemplos pelo pouco que aparecem no filme, e se torna um fardo na vida de Gemma. Não que a tia não se importasse com a menina mas ela não sabe lidar com uma criança e ainda vê seu trabalho como algo mais importante. Como M3GAN fica no lugar do responsável, Cady fica extremamente dependente da boneca e até violenta com Gemma. Essas relações nos brindam com os melhores momentos de terror e humor do filme.
Em seguida, se liga no trailer, e segue para a conclusão da nossa opinião:
A sintonia perfeita
A boneca foi concebida para ser sempre estranha e o diretor Gerard Johnstone soube brincar com isso. São diversos planos onde a presença de M3GAN ao fundo, no canto da tela ou no meio de brinquedos normais nos causam muito desconforto. É o mesmo que sentimos ao ver a foto ou na vitrine de uma loja uma boneca que tenta ser realista mas falha, porém aqui sabemos que essa pensa e mata.
E essa presença terrível tenta ser fofa para acalmar Cody ou ludibriar os adultos. Nessas horas o filme entrega uma dose de humor na medida para não transformar o filme em uma galhofa. Ela vai cantar, dançar e até tocar um piano e vai ser sempre bizarro e engraçado. Tudo isso funciona porque a direção é competente, a iluminação sempre entrega o clima perfeito e as atuações são muito eficientes. É impossível não dar os devidos destaques às pequenas Violet McGraw e Amie Donald que empresta toda sua expressão corporal para M3GAN enquanto Jenna Davis dá a voz.
Conclusão e avisos pertinentes
Por fim, o filme é imperdível, mas sabendo que algumas pessoas podem ser sensíveis com mortes de animais ou crianças é preciso fazer um adendo com pequenos spoilers. Um cachorro e uma criança morrem no filme mas ambas as cenas foram bem pensadas. Não há gore no filme e essas duas em particular não são mostradas. Há um corte e fica subentendido o que aconteceu. Dito isso, provavelmente o longa será um sucesso e teremos uma nova franquia interessante para acompanhar.
M3GAN estreia dia 19 de janeiro nos cinemas.