O filme A Substância, dirigido por Coralie Fargeat, mergulha em um ambiente perturbador onde a busca pela perfeição feminina se torna um pesadelo. A história, que conta com uma performance hipnotizante de Demi Moore, aborda questionamentos sobre os padrões estéticos impostos pela sociedade moderna. O filme usa a metáfora do corpo dividido quando a protagonista enfrenta uma versão idealizada de si mesma. Isso representa a luta interna entre aceitar e rejeitar a própria identidade, subvertendo-a de forma frenética, grotesca e catártica.
A diretora não se limita a discutir os efeitos físicos dessa transformação. Ao invés disso, ela também faz uma crítica incisiva à indústria que propaga essas crenças, utilizando elementos sociais como exemplos. A mudança de Elizabeth para Sue, sua versão mais jovem, ilustra o desafio do tempo e as repercussões emocionais e psicológicas que isso acarreta.
‘A Substância’ é body horror e crítica social se unindo para expor a obsessão pela juventude
A escolha de Demi Moore para o papel é emblemática, pois reflete sua própria trajetória no mundo do entretenimento e como a longevidade na carreira de uma mulher pode ser vista sob uma lente distorcida. Essa crítica se intensifica pelo uso de técnicas cinematográficas como lentes angulares, closes e elementos visuais vibrantes, revelando o grotesco que reside na busca incessante pela juventude.
Afinal, ao usar o body horror não apenas como um recurso estético, Fargeat habilmente constrói um enredo que desafia as convenções sociais. Dessa forma, expõe as feridas de uma sociedade que prioriza a aparência sobre a essência. A Substância não apenas entretém, mas também provoca uma reflexão profunda sobre os custos de seguir esses falsos padrões.
Em seguida, leia mais:
Rosa Amarela apresenta show ‘Odara’ no Rio de Janeiro
Crítica: ‘Terra de Ciganos’ é o retrato musical de uma cultura especial