Dirigido por Clara Linhart, Os Sapos se utiliza de atmosfera lúdica para gerar reflexões sobre a dependência, a falta de brilho e outros males que acompanham relações tóxicas
Na primeira cena de Os Sapos, acompanhamos Paula, Thalita Carauta, sozinha e indo em direção a uma chácara no meio do nada. Ela é a primeira das três grandes mulheres que serão introduzidas ao longo da produção, e o fio condutor que guiará todo o filme.
O roteiro de Renata Mizhari, baseado em uma peça homônima de sucesso e inspirado em sua vivência pessoal, se utiliza do truque do cinema clássico de uma “estrangeira” que chega em uma pequena comunidade e traz a experiência daqueles que já foram libertos da “caverna mítica de Platão”.
No caso de Os Sapos, isso se encontra na relação entre Paula, uma brilhante Thalita Carauta que carrega todas as nuâncias da personagem, da felicidade inicial até a sua inevitável quebra; Karina Ramil como Luciana, uma mulher que vive um relacionamento de 6 anos com Marcelo, um homem que não a assume, e por fim Verônica Reis como a submissa e triste Verônica.
Os Sapos se passa em um dia no qual todas as relações sofrem mudanças por conta da presença solar Paula, uma mulher que, em um dia, presencia algumas das dificuldades que as mulheres passam diariamente em nossa sociedade como abuso sexual, gaslighting e a falta de voz dentro de uma sociedade machista.
Paula presencia em primeira mão as dificuldades que mulheres como Luciana e Verônica, apresentam em seus relacionamentos, e percebe quão difícil é para elas largarem seus respectivos parceiros e entrar em contato novamente com a sua mulher interior é oprimida a tanto tempo por seus respectivos parceiros: Marcelo, um homem que prefere se manter no conforto do que aceitar o seu relacionamento e Cláudio, um homem com um ciúme doentio e que não aceita constatações.
Cartaz oficial de Os Sapos- Divulgação ATTI Comunicações
Indo do calor inicial para uma noite fria e escura, tecnicamente, Os Sapos não esconde a sua ancestralidade teatral, usando muitos planos estáticos, profundidade de campo, sons extra campo tanto de modo humorístico quanto dramático e longos diálogos.
O filme apresenta um ritmo lento, seu grande forte são os diálogos, a beleza de uma fotografia que remete ao paraíso da Bíblia, e uma escolha de figurino com tons monocromáticos que destaca muito as personalidades e momentos de suas personagens.
Os Sapos não é um filme para o grande público, ele também não apresenta catarses gigantescas ou grandes jornadas, na medida que o filme retrata somente um momento na vida destas mulheres, em que elas tentam despertar um feminino cansado dentro de si, o grande forte são as reflexões que ele consegue gerar e o retrato humano de algo muito visto e pouco discutido: a dificuldade em se quebrar ciclos de dependência emocional dentro do relacionamento.
Aqueles que se interessarem mais pelo assunto, Os Sapos apresenta um site oficial com diversas digressões e discussões técnicas sobre o modo como o filme foi idealizado e estruturado.
O filme estreia nos cinemas nacionais no dia 06 de Fevereiro, sendo uma boa escolha para aqueles que desejam refletir sobre o feminino e sobre relações na contemporaneidade.
Ficha Técnica:
OS SAPOS – Estreia nos cinemas em 06 de fevereiro
Direção: Clara Linhart
Roteiro original: Renata Mizrahi
Duração: 77 min
Gênero: Ficção / Drama
Estado: Rio de Janeiro
Ano de Produção: 2024
Direção: Clara Linhart | Roteiro: Renata Mizrahi
Produção: Gamarosa Filmes | Coprodução: Canal Brasil e Telecine
Fotografia: Andrea Capella | Montagem: Nina Galanternick
Trilha Sonora: Isadora Medella | Produção Executiva: Fernanda Abreu
Direção de Arte: Beatriz Moysés | Figurino: Paula Ströher
Produção de Elenco: Natasha Corbelino
Distribuição: Livres Filmes | Apoio à Distribuicão: Secec-Rio
Agente de Vendas: Figa Films
Elenco: Thalita Carauta (Paula), Karina Ramil (Luciana), Verônica Reis (Fabiana)
Pierre Santos (Marcelo), Paulo Hamilton (Cláudio)
Classificação Indicativa: 12 anos