Quadrinhos no cinema são cada vez mais comuns. Em verdade, histórias em quadrinhos e cinema têm algumas semelhanças entre si tanto na sua forma dinâmica de leitura e narrativa quanto no preconceito que muitas vezes sofrem por quem não reconhece seus méritos artísticos e apenas enxergam estas linguagens como forma de entretenimento vazia e dependente do mercado de consumo.
Embora ambos tenham surgido na forma como conhecemos em fins do século XIX, pode-se apontar suas origens de muitos séculos antes. Desde quando os seres humanos realizavam pinturas nas paredes das cavernas já existiam imagens em sequência.
Aliás, muitas vezes filmes e história em quadrinhos (assim como videogames, mas isso fica para outro dia) foram apontados por educadores e pais como responsáveis por desvirtuar os jovens dos estudos ao proporcionar divertimento sem conteúdo e fútil.
A luta pelo reconhecimento
Histórias em quadrinhos por muito tempo foram muito associadas ao universo infantil. Contudo, um nome desde muito tempo batalhou para que isso mudasse: Will Eisner, criador do personagem Spirit.
A princípio, Eisner fazia quadrinhos de aventura. Em seguida, passou um tempo fazendo arte para o exército americano até que realizou aquela que costuma ser chamada como a primeira graphic novel: “Um Contrato com Deus”, que consiste em quatro contos de dramas humanos passados no Bronx em Nova York. A partir daí ele lançou diversas outras obras neste formato que não deviam em nada aos melhores romances escritos.
A importância dele para o reconhecimento dos autores de quadrinhos como artistas e das HQs como expressão artística é tanta que existe até um prêmio com o nome dele. Eisner também escreveu um livro sobre a arte sequencial. Ou seja, como funciona a linguagem narrativa e visual dos quadrinhos. Temos aí os tipos de enquadramento, cuja lógica é bastante similar aos enquadramentos do cinema.
Qual é a melhor forma de adaptar quadrinhos no cinema?
Por muitos anos alguns quadrinhos foram adaptados no cinema e televisão, como os filmes de Dick Tracy e Superman. Pode-se citar também a clássica série do Batman. Porém essas produções normalmente eram filmes B, ou produções claramente voltadas ao público jovem, sem muitas aspirações além disso. Apenas o entretenimento leve.
Isso tudo mudou quando o filme “Batman”, de Tim Burton, foi lançado em 1989. Pela primeira vez um filme baseado em quadrinhos trazia uma visão mais sombria/adulta iniciando uma era totalmente nova de adaptações de quadrinhos na telona. Essa nova era também ajudou a despertar mais atenção do público em geral para os quadrinhos e assim aumentar seu reconhecimento e visibilidade.
Desde então altos e baixos (alguns muito baixos) fizeram a história dos quadrinhos no cinema. Qual é a melhor forma de se adaptar uma história em quadrinhos no cinema? Sendo totalmente fiel ou mudando para adequá-la a linguagem do filme?
No próximo domingo, dia 12/07, às 17:00, vai rolar uma live no canal do Instagram @lucianobugarinfilmes, que é onde divulgo meu trabalho de cinema e cinema-educação e também dou dicas de filmes. Vou conversar com o ator, dublador e cantor Walter Campos sobre este tema. Não percam!