Estrondo Descolonizador
Solidão e indignação. Como se fosse eu menos que você. Talvez pela minha cara, minha cor, me olhas de cima para baixo, não me dá chance de falar.
Pois eu tenho fala, eu tenho voz! E é pura força, estrondo. A raiva tomava meu corpo, cada vez que me cortava e interrompia, com tua desfaçatez. Quem te colocou como senhor da verdade? Arrogância extrema, aproveitando o momento público para me humilhar a partir de qualquer motivo. Quem tu pensas que és? Não sou anedota.
Bolso furado, palhaçada, é o que tuas atitudes gritam. Em retorno, quem sussurra sou eu, ressoando aos deuses, clamando aos Orixás que sempre me mantenham de pé mesmo que esteja eu obrigado a ficar de joelhos.
Ergo meu ego aos céus, Saturno me cobra tudo que deixei de fazer. Sofro, mas não pereço. Ei de seguir, e, de passo em passo, passarei por todos. Algures, finalmente, de longe, te verei, ínfimo.
Do alto, derradeiramente perceberei que a vitória não foi chegar ao topo; foi atravessar a jornada em meio aos desumanos e tocar nas nuvens com o que me agiganta: a Arte.