O espetáculo Boca de Ouro dirigido por Bruno Seixas e estrelado por Diogo Vianna como personagem-título tem suas últimas apresentações no próximo fim de semana, nos dias 01 e 02 de fevereiro. Primeiramente, no famoso texto de Nelson Rodrigues, Boca de Ouro foi parido num reservado de gafieira, em uma pia de banheiro onde a mãe o deixou, sob a torneira aberta, num batismo cruel e pagão. Contudo, o menino cresce e se torna um bicheiro temido, e de certa forma, uma figura mitológica na comunidade onde vive.
Analisando a sociedade carioca e brasileira, onde, muitas vezes, quem dita as regras é a contravenção e a bandidagem, esta obra de Nelson Rodrigues acaba sendo atemporal, pois retrata temas que ainda hoje vivenciamos, basta ligar a televisão ou prestar atenção nas notícias. “O espetáculo tem a intenção de fazer o público sentir a profundidade das questões vividas pelos personagens em uma trama impactante”, declara Luiza Outão, que interpreta Celeste e umas das Granfinas. Enquanto, segundo o diretor Bruno Seixas a peça “busca demonstrar a como surge a visceralidade humana diante de dilemas que envolvem vida ou morte. O abismo profundo dos sentimentos como vingança, raiva e ganância.”
Subúrbio e Inconsciente
Perguntei para Diogo Vianna como é viver o Boca de Ouro. “Divertido. O personagem consegue ser vilão e carismático ao mesmo tempo. Ele é um ponto de contradição para espectador”, respondeu.
Inicialmente, o espetáculo ‘Boca de Ouro’ busca um casamento entre o particular e o universal. Todavia, procura esse equilíbrio entre o subúrbio, em suas peculiaridades, e a simbologia arcaica do inconsciente, visando o mais genérico. Além disso, ao longo de sua trajetória artística, Nelson Rodrigues foi alvo de muitas polêmicas. Inclusive, isso o fez conhecer tanto o sucesso absoluto – como em Vestido de Noiva, 1943, cuja encenação por Ziembinski marca o surgimento do teatro moderno no Brasil – quanto a total execração, como em Anjo Negro, 1948, ousada montagem para a época pelo Teatro Popular de Arte. Enfim, distante de qualquer modismo, tendência ou movimento, Nelson criou um estilo próprio e é hoje considerado um dos maiores dramaturgos brasileiros.
Ficha Técnica:
Texto: Nelson Rodrigues
Concepção e Direção: Bruno Seixas
Elenco: Ale Maria, Daniella Rocha, Gustavo Luiz, Francys Bloch, Luiz Bezerra, Luiza Outão, Maria Clara Pavão, Myllena Santos e Renan Espósito
Atores Convidados: Diogo Vianna e Luiz Felipe Martins
Cenografia: Cláudia Aragão
Direção Musical: Raphael Piquet
Iluminação: Diogo Borges
Realização: Sorria Que é Drama
Serviço:
Data: de 11/01 a 02/02
Dias e horários: Sábados e Domingos, às 18h
Local: Sede da Cia. de Teatro Contemporâneo, Rua Conde de Irajá 253 – Botafogo – Rio de Janeiro – RJ
Duração: 90 minutos
Ingressos: R$ 50 (inteira) / R$ 25 (meia) / R$ 20 (lista amiga – enviar mensagem para o Instagram @sorriaqueedrama)
Informações: (21) 25375204