Bunker ou Contos que ouvi depois do mundo acabar é um média-metragem que tem tudo a ver com o momento em que vivemos agora relacionado ao CoronaVírus, COVID-19, uma pandemia mundial. No filme, uma tragédia atingiu o planeta e os sobreviventes tentam encontrar formas de sobreviver. Alguns dos poucos recursos restantes permitem que um grupo de cientistas crie o que parece ser a única maneira de prevenir o envenenamento por radiação, um medicamento chamado KB-LB.
Escrito e dirigido por João Estrada, Bunker ou Contos que ouvi depois do mundo acabar acabou conquistando o prêmio de Melhor Filme Português no Festival Internacional de Cinema do Porto (Fantasporto) . Aliás, João Estrada entrou com 19 anos para a Escola Superior de Teatro e Cinema. Posteriormente, aos 20 anos, iniciou a ideia desse filme. Em 2014, apresentou o projeto à Escola e não foi aprovado. Contudo, João Estrada e sua equipe não desistiram e foram fazendo o filme como produção independente aos fins de semana e outros momentos e somente conseguiram finalizar em 2019 com o auxílio da empresa Walla Post-Production Collective, especializada em pós-produção. Tudo isso aumenta mais o valor desse bom filme, que foca em alguns poucos personagens em um bunker e suas interações que viajam pela compaixão, egoísmo, desespero. Ou seja, coisas que ocorrem após uma doença tomar conta da humanidade.
Elenco afiado
O média-metragem conta com um bom elenco que atua com eficiência. Entre eles, os atores António Capelo e Irene Cruz se destacam. António precisa expressar diferentes faces de um homem no seu limite, um herói – ou vilão? Além disso, Maria João Abreu, a jovem Maria Estrada, Diogo Lagoa, José Neto e Miguel Vieira mantém o nível bom. O início do filme possui um tipo de comercial do medicamento KB-LB e apresenta diversos figurantes e outros atores. Todavia, é mais uma espécie de teaser introdutório, que, inclusive, já desperta curiosidade no público e traz um estilo envelhecido como se fosse uma fita usada de VHS.
A fotografia do filme é bela, prezando por uma frieza dentro do bunker que contrasta com o forte e vivo verde nas cenas externas. A direção é segura e, no geral, parece até o episódio-piloto de uma série, pois fica a vontade de ver mais sobre aquele mundo apocalíptico e acompanhar o que acontece após o final.
*Filme visto pelo jornalista Alvaro Tallarico durante cobertura do Festival Internacional de Cinema do Porto, Fantasporto