Infelizmente não será esse ano que o carnaval acontecerá livremente, cheio de cores, fantasias, muito glitter e a alegria de ocupar espaços públicos com muita música e aglomeração. Esse é o momento de continuarmos em casa e vivenciarmos a experiência de forma consciente, protegendo a nós mesmos e a todos aqueles que cruzarão os nossos caminhos futuramente. Para não deixar o samba morrer, o axé perder o ritmo e a diversão se apagar, escolhi três documentários que falam sobre o tema, mostram as suas vertentes e podem ajudar a matar a saudade de quem gosta do agito carnavalesco. Veja:
Estou me guardando para quando o carnaval chegar
Com direção de Marcelo Gomes, o documentário se passa na cidade de Toritama, em Pernambuco. Conhecida como a capital do jeans, Toritama produz mais de 20 milhões de peças por ano dentro de fábricas caseiras localizadas nos fundos de quintais dos moradores da região. O mercado aquecido e o capitalismo explorador faz com que homens e mulheres trabalhem sem parar, infelizmente, em troca de um salário ínfimo. O curioso é que todos na cidade esperam pela semana mais aguardada de folga, o carnaval. As pessoas se mobilizam para somarem uma renda considerável que as possibilitem o deslocamento para as praias paradisíacas mais próximas. Mas para que essa diversão aconteça elas estão dispostas a vender tudo o que tiverem, desde geladeiras, sofás, mesas, cadeiras à motocicletas, tv’s e comida. O filme recebeu menção honrosa do júri oficial e da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas, além de ser escolhido como melhor filme pelo júri da Associação Brasileira de Críticos de Cinema.
Axé. Canto do Povo de Um Lugar
“Já pintou verão, calor no coração, a festa vai começar. Salvador se agita, numa só alegria, eternos Dodô e Osmar”, até aqueles que não são tão festivos sabem a letra de cor. O documentário dirigido por Chico Kertész inicia com essa canção que é herança e marca registrada do carnaval brasileiro. Com depoimentos de Gilberto Gil, Carlinhos Brown, Bell Marques, Daniella Mercury, Margareth Menezes e outros nomes da música baiana, o filme fala sobre o axé que é considerado um dos movimentos musicais mais globalizados do mundo. O documentário conta ainda com algumas imagens de arquivo que auxiliam a contar a história do axé durante todos esses anos.
Doutor Castor
A série documental dirigida por Marco Antonio Araujo foge um pouco da exclusividade carnavalesca, pois conta a história de Castor de Andrade. O advogado foi um dos chefões do jogo do bicho, presidente do Bangu A.C e também patrono da Mocidade Independente de Padre Miguel. O samba sempre esteve entrelaçado em sua vida, assim como a corrupção. Castor foi um homem que soube transitar bem entre diferentes ambientes e a série retrata as suas facetas mergulhando na história do contraventor, ouvindo personagens que estiveram ao seu lado destaca episódios importantes narrados por historiadores.