Ao usar este site, você concorda com a Política de Privacidade e termos de uso.
Aceito
Vivente AndanteVivente AndanteVivente Andante
  • Cinema
  • Música
  • Literatura
  • Cultura
  • Turismo
Font ResizerAa
Vivente AndanteVivente Andante
Font ResizerAa
Buscar
  • Cinema
  • Música
  • Literatura
  • Cultura
  • Turismo
CríticaLiteratura e HQ

‘Cordel Camará’ é um show de referências, por Paty Lopes

Por
paty2606
Última Atualização 9 de setembro de 2023
8 Min Leitura
Share
SHARE

“Cordel Camará – a história e as lendas da capoeira”. A literatura de cordel é conhecida no Brasil como folheto, literatura popular em verso, e foi assim que Jorge Fernando do Santos resolveu contar a história da capoeira.

“A capoeira surgiu como resposta a violência a qual os escravizados eram submetidos em tempos coloniais e imperiais no Brasil. A partir de golpes e movimentos corporais ágeis, a luta permitia que eles se defendessem das brutais perseguições dos capitães do mato, cuja atribuição era capturar quem havia fugido”.

Melhor dizendo, a capoeira foi criada pelos descendentes de africanos aqui no Brasil. Não é uma luta africana, como muitos pensam.

“Os rituais religiosos e danças comemorativas feitas na terra natal já mostravam os primeiros passos que iriam culminar na Capoeira”. Portanto, as referências aos orixás feitas pelo autor estão muito bem solidificadas na leitura.

Um dos mestres mais conhecidos da capoeira Angola é Vicente Ferreira Pastinha – o Mestre Pastinha. (mencionado no cordel)

Discípulo do mestre africano Benedito, Pastinha dedicou sua vida aos ensinamentos da capoeira em sua academia no Pelourinho

Embora haja registros que a capoeira tenha nascido em Alagoas, o livro faz a primeira referência na Bahia. Quando fui tentar entender essa origem, encontrei divergências de informações. Mas percebi que o maior capoeirista do mundo é da Bahia, que as histórias registradas também são do estado baiano. O autor foi bem assertivo, diante dos fatos, dos dados científicos.

Confesso que senti falta de mais ilustrações em “Cordel Camará” que apontassem a luta/dança como um pertencimento nosso.

A história é contada em rimas, inclusive os nomes dos golpes fazem parte do texto também.
Os instrumentos musicais utilizados na capoeira estão desenhados, fazem parte das ilustrações. Gostei da ilustração, bem inclusiva, entendeu o princípio desse país miscigenado.

As palavras em ioruba também estão contidas no texto, levando em consideração, uma delas que muito me toca, a palavra banzo, que era o sentimento de saudade da terra natal, dos seus, sentimentos dos escravizados no Brasil.

Zumbi também é mencionado em “Cordel Camará”, ele é conhecido como um líder quilombola brasileiro. Quilombo, povoação fortificada de escravos negros fugidos da escravidão, e nesse lugar de resistência, a luta era a capoeira.

“Cordel Camará” faz referência ao mestre Mangangá (Manoel Henrique Pereira – Santo Amaro – Ba, 1895 — Santo Amaro – Ba, 1924), mais conhecido como Besouro Mangangá foi um capoeirista baiano que no início do século XX tornou-se o maior símbolo da capoeira baiana.), o que pareceu bem-vindo.
Aliás, segue veja abaixo o filme do Mestre da Capoeira (filme nacional, patrocinado pela Ancine, com a participação da atriz Jessica Barbosa, que estava inclusive no SESC Copacabana, atuando no teatro).

Existe coesão no texto do autor.

É bom entender a importância do esporte para nós brasileiros.

Interessante que antes de terminar o livro, o texto fala sobre a representatividade feminina na luta.

Penso que a história deve ser contada, mas também explicada, pois a cada referência temos histórias para contar.

No Brasil, temos um péssimo hábito de valorizarmos o que é de fora, temos, por exemplo, a luta marcial do Japão, o Jiu-jítsu, que desembarcou aqui em 1914.  Mesmo assim essa é uma das modalidades de luta mais procuradas pelos jovens brasileiros. Sabe-se que são lutas diferentes, uma mais ofensiva, pois se tratava de um estilo de luta pela sobrevivência. Já a outra tem uma função de controle, dominar o oponente (desarmado) por meio de técnicas que envolvem o uso eficiente de energia física e mental.

Vale muito falar sobre Manoel dos Reis Machado, mestre Bimba foi uma figura importante, pois modernizou a prática da capoeira a fim de trazer mais adeptos e conseguiu que se tornasse um esporte nacional no Brasil. O autor fez uma bela pesquisa sobre os capoeiristas.

A professora que se dispõe a levar esse material para a sala de aula  aborda também o escravismo no Brasil. É um trabalho riquíssimo a ser destrinchado pelos pequenos brasileiros sedentos de informações.

Oriento para crianças com mais de dez anos, quando não acompanhadas, com interesse em entender mais sobre a capoeira.

Nas últimas páginas, o autor fala sobre o símbolo de resistência que se transformou a capoeira. Em 2014, a Unesco, declarou a roda de capoeira Patrimônio Imaterial da Humanidade. Penso que cada escola deveria ter um exemplar.

Seja menino ou menina,

quem a arte já domina

pula pra lá e pra cá.

Sabe dar salto-mortal,

Na praça ou lá no quintal:

-capoeira vai gingar!

A obra é resultado de uma cuidadosa pesquisa histórica, que caracteriza o trabalho de Jorge Fernando dos Santos. Em “Cordel Camará – a história e as lendas da capoeira”, o autor narra como a capoeira foi se espalhando pelo Brasil e recorda grandes nomes do esporte, como os Mestres Pastinha, Bimba e Besouro Mangangá, entre outros. A ilustração apresenta ao leitor toda a beleza dos movimentos da capoeira e os instrumentos utilizados, como o berimbau e pandeiro. O livro faz parte da coleção “Cordel”, que oferece ao público diversos títulos que abordam temas regionais e culturais. Ao final da publicação, o autor oferece ainda um glossário com as palavras de origem africana e uma explicação sobre a origem histórica da capoeira.

Jorge Fernando dos Santos é de Belo Horizonte. Escritor, jornalista e compositor, tem mais de 40 livros publicados, entre eles o romance “Palmeira Seca” (Prêmio Guimarães Rosa em 1989, adaptado para teatro e minissérie da Rede Minas). É autor da novela “Alguém tem que ficar no gol” e da biografia “Vandré – o homem que disse não”. Pela PAULUS Editora publicou “No clarão das águas”, “ABC da MPB”, “As cores no mundo de Lúcia”, “Ave viola – Cordel da viola caipira”, “Alice no país da natureza”, “Cordel da bola que rola” e “Cordel do Rio Chico”.

Onde comprar: Amazon

Ademais, leia:

Preto de Azul | Samba jazz que une Brasil e Cabo Verde está nas plataformas digitais

Kaialas | Projeto que une Brasil e Cabo Verde disputa festival em Portugal

Pretas Ruas busca oportunidades para mulheres negras | Podcast com Pamella Lessa

Tags:cordel camarápaty lopes
Compartilhe este artigo
Facebook Copie o Link Print
paty2606's avatar
Porpaty2606
Sou apenas uma crítica teatral, entendendo o quanto o teatro educa e move montanha em nós...
Nenhum comentário

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Gravatar profile

Vem Conhecer o Vivente!

1.7kSeguidoresMe Siga!

Leia Também no Vivente

Fedora
Cinema e StreamingCrítica

Amor ao Cinema: ‘Fedora’ é um olhar MORDAZ sobre a indústria cinematográfica

André Quental Sanchez
7 Min Leitura
Lucicreide Vai Para Marte
CríticaCinema e StreamingNotícias

Lucicreide Vai pra Marte | Comédia para todas as famílias

Ana Beatriz Gianelli
5 Min Leitura
Cinema e StreamingCríticaNotícias

Crítica | ‘A Luz do Demônio’ traz uma freira exorcista e não inova

Rodrigo Adami
5 Min Leitura
logo
Todos os Direitos Reservados a Vivente Andante.
  • Política de Privacidade
Welcome Back!

Sign in to your account

Username or Email Address
Password

Lost your password?