Dash and Lily é uma criação de Joe Tracz com direção de Brad Silberling no estilo drama e comédia romântica para televisão, baseada no livro de Rachel Cohn e David Levithan, focada no público teen. O título do livro que deu origem à serie, por si só é um spoiler, portanto, deixo ao leitor decidir se busca pelo nome ou se assiste ao seriado com paz de espírito. É
classificado para 10 anos, série para toda a família. E, afinal, rola aquela maratona facilmente numa tarde chuvosa qualquer, não espere até o natal para assistir!
Primeiras impressões:
A princípio, com ambientação natalina, já aguardamos a clássica aura de bem estar que nos prende junto à televisão todos os anos. Quando podemos reunir a família ou rir sozinhos abraçados com um pote de pipoca. O item de destaque da série seria o livro vermelho, e, acredite, a magia está aos olhos daqueles que querem ver…
São adolescentes, sobre adolescentes – e com adolescentes muito bons atores por sinal. E como atraí-los para um filme clichê de natal? Misture um pouco de rigidez na fala, ímpeto de atitude, intransigência e uma ansiedade característica, além da busca por mentes que os acompanhem, que os faça sentir acolhidos e especiais ao mesmo tempo.
Afirmar a si mesmo como individualidade num mundo onde cada um busca seu lugar enquanto compartilha momentos muito parecidos é complexo, mas certamente todos temos
nossa própria forma de ver este redor e de experienciar a realidade, aqui nesta série, a troca de sapatos da empatia se faz presente de forma leve e doce, mesmo pra aqueles que de
longe já passaram pela fase.
Existem pontos de crítica? Claro! A sociedade força e aguarda estereótipos e mesmices, porém os sentimentos envolvidos são guiados muito bem numa sequência de episódios curtos
e bem enredados. Outro fato interessante é que por não mencionar o tempo presente e nossa situação de pandemia mundial, gera uma nostalgia, uma saudade verdadeira deste tempo de aglomerações felizes.
“Não são mais crianças!”
Que frase nos lembra mais a adolescência que esta? É divertido e engraçado vê-los saindo de suas zonas de conforto como metáfora do crescimento, este momento que todos nós vivemos em certo ponto da vida. E mais fantasticamente, é uma série cujo princípio é o analógico, sem postagem excessiva no estilo “quem sou eu sem a internet?”, sinceramente, hoje temos dificuldade em responder esta simples pergunta. Viver os momentos presentes se torna a verdadeira magia do natal, é quase um milagre ver adolescentes se contendo e não utilizando do seu acesso quase ilimitado à tecnologia.
O tão falado bullying está presente na construção de personagem, ainda que brevemente, porém serve para algo maior. Afastar o fantasma do egocentrismo que possa se desenvolver na fase adulta destes adolescentes. Muitas maldades, creio que a maioria delas nesta fase, muitas vezes nos acontecem sem qualquer sentido e de forma gratuita, quem o faz não para pra analisar as consequências daquele ato; portanto tentar entender caos e aleatoriedade seria muito para uma mente jovem e com poucas experiências, frustando muitas vezes e criando a sensação de solidão.
Dash and Lily aborda sobre tudo, sensações. E quando se consegue viver através dos acontecimentos, o resultado são encontros nunca imaginados – com você mesmo de uma forma libertadora.
Por fim, o lembrete que fica deste deleite jovem natalino é: esteja presente e sinta por inteiro.
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