Vi “Eternos” (Eternals) na sessão de imprensa que aconteceu no UCI New York City Center, na impressionante tela do IMAX. O filme começa com ação e depois segue de uma forma que dá a entender que será mais do mesmo, ou seja, a já tradicional fórmula de entretenimento da Marvel.
Vamos com os Eternos em um primeiro ato longo cheio de explicações e apresentações com um andamento que até pode chatear alguns, mas que faz parte do estilo da diretora. Aliás, ouvi isso de alguns outros críticos. Que o filme seria chato. Não vi dessa forma. Após esse início que parecia eterno (perdão pelo trocadilho), as coisas vão ganhando novos tons e entendemos melhor a preparação inicial. Ao invés do universo multicolorido usual da Marvel, aqui os tons são mais cinzentos.
A princípio, outra coisa que me chamou bastante atenção foi como a partir de certo momento o filme faz um uso interessante da metalinguagem, brincando com o cinema e trazendo situações realmente engraçadas.
Melhor fotografia da Marvel
Há uma coleção de cenas lindas e, em matéria de fotografia, é o melhor e mais belo filme da Marvel Studios. A direção da vencedora de Oscar com “Nomadland”, Chloé Zhao, tem uma sensibilidade, em especial no aproveitamento desses cenários belíssimos. Raios de sol iluminam amores, e, quando a noite cai, a tragédia se impões nas sombras e silhuetas. A direção que acerta no uso dos cenários peca na maior parte inicial da película no direcionamento dos atores, contudo, aos poucos, toma um fluxo crescente. O elenco é ótimo com figuras tarimbadas como Angelina Jolie (bem) e Salma Hayek.
A história corre em paralelo ao Universo Marvel, ao mesmo tempo que faz parte, sem pertencer. Os Eternos são uma família de imortais que atravessam séculos e passam por alguns dos principais momentos da evolução do planeta Terra, supostamente sem poder interferir, a não ser que seja para derrotar os Deviantes, antagonistas da equipe, como demônios intergalácticos.
Eternos casos de família
Na verdade, “Eternos” é um drama familiar e essa é a graça do filme. Foge sim do padrão Marvel dos últimos anos. Além disso, entra em diversas questões de representatividade, desde etnicidades até homoafetividade. Phastos (o divertido Brian Tyree Henry) é o primeiro personagem abertamente homossexual do universo Marvel cinematográfico. Ainda por cima, Makkari, vivida pela carismática atriz surda Lauren Ridloff, é a primeira heroína surda do universo Marvel.
Há romance e o amor é um fio condutor, mas não o único, nem o principal. Os sentimentos humanos desses deuses imortais são o grande diferencial. Inveja, ciúme, falsidade, traição. O que me fez gostar dessa película foi essa coisa de começar de um jeito que me pareceu superficial, mas ir aprofundando. Apesar de ter sim boas sequências de ação e efeitos especiais que não decepcionam, os casos de família e as diferenças de personalidades e caminhos entre os membros da equipe que podem cativar os espectador.
Por fim, entre os críticos, enquanto uns amaram, outros odiaram. Chloé Zhao entra numa vibração contemplativa e dá um passo além na Marvel falando de mitologia, filosofia, humanidade e os ciclos eternos de vida, morte – e sentimentos.
Afinal, se liga no trailer:
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