Para falar de luto, amor e família em Fado Tropical, o diretor Cavi Borges se utiliza de um ritmo melancólico e arrastado com algum exagero. Com muitas cenas de contemplação e silêncio em uma Portugal de belas paisagens mesmo em tons mais frios. O Fado e o Rap embalam essa narrativa que merecia diálogos mais naturais para manter o clima.
Isabel (Patrícia Niedermeier) e Antônio (Jorge Caetano) são gêmeos que se reencontram depois de anos e precisam resolver questões emocionais entre si e o pai já falecido. Isabel tem uma produtora de cinema no Brasil e está apenas de passagem por Portugal. Seu irmão insiste para que ambos façam uma viagem pelo país para se despedir das cinzas do pai, assim como ele desejou. Ela reluta em ficar, mas cede à pressão obsessiva de Antônio.
Aliás, veja o trailer e sgia lendo:
O texto não passa tanta naturalidade para essa relação e pode criar dificuldades em se conectar com o filme. Os diálogos são muito perfeitamente encaixados, quase ditados, e não tão criativos. O uso de planos gerais, que enquadram todos os personagens na tela, durante conversas inteiras colaboram com a falta de ligação entre os atores e deles com o público. Alguns planos dão a impressão de que estamos assistindo a um documentário e causam ainda mais estranheza.
Entretanto, o longa tem seus momentos. Por exemplo, Jorge Caetano entrega uma emocionante interpretação de Naquela Mesa de Nelson Gonçalves. A visita ao Hospital de Bonecas é visualmente impactante e reflete a condição física de Isabel, e por isso a deixa transtornada. O apego de Antônio ao passado e à família é bem trabalhado.
Por fim, Fado Tropical estreia dia 28 de julho, no Estação, como parte das comemorações dos 25 anos da Cavídeo.