Cinema
O Homem Invisível | Entenda a alegoria de um relacionamento abusivo
Publicado
3 anos atrásem

O Homem Invisível (“The Invisible Man“) retrata a fuga de Cecilia de um relacionamento abusivo, com seu marido Adrian, e a sua adaptação a um recomeço. Em um novo lar e tentando lidar com os traumas gerados pela relação, a personagem recebe a notícia do suicídio de Adam. A partir daí, Cecilia se vê envolvida em situações amedrontadoras e de difícil explicação, que a põem sempre em xeque. Cada vez mais convencida de que o suicídio do marido é uma farsa, a protagonista tenta, obstinadamente, pôr fim a sua condição de vítima.
O suspense/terror de Leigh Whannell (“Jogos Mortais”, “Invocação do Mal”), apesar de ser um remake, não dialoga em nada com o filme homônimo de 1933. E nem com o livro, também homônimo, de H.G. Wells, exceto pelo elemento fantástico da
invisibilidade. A trama trata-se de uma alegoria de violência doméstica, na qual Cecilia sofre abusos físicos e psicológicos do marido. E mesmo quando consegue criar coragem para transpor sua violentada vida, ela ainda se sente vigiada, à sombra de seu agressor. Quando a protagonista encontra-se em um novo lar, se readaptar a uma vida “em liberdade” é um processo lento, no qual reencontrar segurança em si e na vida exige paciência e muito autocuidado. Há uma cena marcante no filme na qual Cecília tenta sair de casa e atravessar a porta de entrada. É angustiante vê-la sentir imensa dificuldade em fazer algo tão corriqueiro numa vida não permeada pela opressão.
Ferramenta alegórica
Tendo a invisibilidade, fruto de um experimento científico de Adam, como o elemento de ficção científica do filme, esse se torna uma excelente ferramenta alegórica para vislumbrarmos que, mesmo sem a presença física do abusador, a vítima permanece em constante vigília sobre sua segurança. Notamos também a importância de escutar um pedido de ajuda, por parte da vítima, que muitas das vezes é desacreditada em seu meio social. Cecilia busca socorro, diante das abusivas investidas do então invisível marido, em seu amigo próximo e sua irmã. Contudo, ambos têm dificuldade em acreditar na palavra de Cecília visto que, para eles, Adam está morto, ainda que ela tente mostrar que a morte dele é uma farsa.
Ainda que não saibamos como era a dinâmica do casal anterior à trama, o diretor nos dá várias pistas que nos faz construir a personalidade possessiva, controladora, egoísta e obsessiva de Adam. Afinal, o propósito do agressor é ser dono de Cecilia a qualquer custo e, como não consegue mais, ele tenta puni-la por ela rejeitar a todo custo este, digamos, castigo. Vale destacar a entrega de Elisabeth Moss ao papel de Cecilia. Indubitavelmente, a atriz, com sua aparência abatida, seus cabelos despenteados e seu olhar baixo, nos passa genuinamente a imagem de uma mulher desgastada, que busca ajuda, mas é incompreendida. Apesar de todo o sofrimento e tensão, Cecilia não se mostra frágil.
Persistência
Vemos uma mulher persistente, que bate de frente com seu inimigo e incansavelmente busca forças para alcançar sua tão desejada liberdade. A postura, quase que heroica, de Cecilia, certamente toca o público feminino a todo momento. É basicamente impossível nós, mulheres, não nos conectarmos com as angústias e sufocamentos pelos quais a protagonista passa ao logo de quase duas horas de suspense. E, claro, quase que clamar para que ela, enfim, consiga pôr um fim em seu tormento. Vale mais uma ressalva à incrível trilha sonora de Benjamin Wallfisch, que nos enrijece os músculos a cada investida cruel de Adam.
O Homem Invisível nos mostra uma relação abusiva através do olhar da vítima, que é uma mulher angustiada pela obsessão do marido e, dentre as variadas leituras, nos faz refletir sobre o percurso doloroso que uma vítima oprimida pelo medo percorre e como podemos exterminar esse ciclo abusivo tão cristalizado em diversas culturas.
Enfim, veja o trailer:
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Revisora textual e jornalista cultural em construção.

Cinema
Nenhum saber para trás: os perigos das epistemologias únicas, com Cida Bento e Daniel Munduruku | Assista aqui
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Publicado
8 horas atrásem
24 de março de 2023
Na última quinta-feira (23), fomos convidados para o evento de lançamento do curta-metragem Nenhum saber para trás: os perigos das epistemologias únicas | com Cida Bento e Daniel Munduruku. Aconteceu no Museu da República, no Rio de Janeiro.
Após a exibição um relevante debate ocorreu. Com mediação de Thales Vieira, estiveram presentes Raika Moisés, gestora de divulgação científica do Instituto Serrapilheira; Luiz Augusto Campos, professor de Sociologia da UERJ e Carol Canegal, coordenadora de pesquisas no Observatório da Branquitude. Ynaê Lopes dos Santos e outros que estavam na plateia também acrescentaram reflexões sobre epistemicídio.
Futura série?
O filme é belo e necessário e mereceria virar uma série. A direção de Fábio Gregório é sensível, cria uma aura de terror, utilizando o cenário, e ao mesmo tempo de força, pelos personagens que se encontram e são iluminados como verdadeiros baluartes de um saber ancestral. Além disso, a direção de fotografia de Yago Nauan favorece a imponência daqueles sábios.
O roteiro de Aline Vieira, com argumento de Thales Vieira, é o fio condutor para os protagonistas brilharem. Cida Bento e Daniel Munduruku, uma mulher negra e um homem indígena, dialogam sobre o não-pertencimento naquele lugar, o prédio da São Francisco, Faculdade de Direito da USP. Um lugar opressor para negros, pobres e indígenas.
Jacinta
As falas de ambos são cheias de sabedoria e realidade, e é tudo verdade. Jacinta Maria de Santana, mulher negra que teve seu corpo embalsamado, exposto como curiosidade científica e usado em trotes estudantis no Largo São Francisco, é um dos exemplos citados. Obra de Amâncio de Carvalho, responsável por colocar o corpo ali e que é nome de rua e de uma sala na USP.
Aliás, esse filme vem de uma nova geração de conteúdo audiovisual voltado para um combate antirracista. É o tipo de trabalho para ser mostrado em escolas, como, por exemplo, o filme Rio, Negro.
Por fim, a parceria entre Alma Preta e o Observatório da Branquitude resultaram em uma obra pontual para o entendimento e a mudança da cultura brasileira.
Em seguida, assista Nenhum saber para trás:
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Marcia
6 de julho de 2020 at 12:49
Vi o filme e achei tb o desempenho de E.Moss bastante poderoso e sensível . A atriz consegue transmitir toda confusão mental causada pelo relacionamento abusivo, quando as ações realizam o que a comunicação verbal não consegue exprimir ou explicar. Genial!!
Alvaro Tallarico
8 de julho de 2020 at 08:15
Realmente, Marcia. A atuação de Moss engrandece o filme.
Mariana
9 de julho de 2020 at 10:20
Sim! Ela consegue interagir tanto conosco a ponto de sofrermos juntos. Brilhante!
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