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Os Pequenos Vestígios | Quão frágil e tolas são algumas liberdades

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Os Pequenos Vestígios

Os vencedores do Oscar, Denzel Washington (“Dia de Treinamento”, “Glória”), Rami Malek (“Bohemian Rhapsody”) e Jared Leto (“Clube de Compras Dallas”) estrelam o thriller policial “Os Pequenos Vestígios”. John Lee Hancock (“Um Sonho Possível”, “Walt nos Bastidores de Mary Poppins”, “Fome de Poder”) dirigiu o filme a partir de seu próprio roteiro original. Estreou em 28 de janeiro de 2021.

Filmes policiais têm conseguido minha atenção ultimamente pelo elenco. Se por um lado o gênero não me atraía tanto, por outro, ver Denzel, Malek e Jared, seja em filmes de ação, stand up, ou tomando um café numa lanchonete qualquer já é o suficiente pra me convencer a dar uma chance. Além disso, o mais incrível é que estes atores fantásticos nos fazem esquecer quem são do lado de fora das telas, de tão imersivos e verdadeiros em suas interpretações.

Quando somos apresentados ao personagem de Deke (Denzel) vemos nele um olhar que muitos talvez identifiquem; um cansaço misturado com falta de fé, um esgotamento mental de alguém que foi a bancarrota profissional, ele nunca está inteiro, mesmo quando é brilhante. É exaustivo física e psicologicamente para ele voltar ao trabalho, vemos seu limite chegar na frente dos nossos olhos.

Cansaço e frescor

Por outro lado, um leve Jimmy (Malek) se torna um presente, frescor da profissão, recém formado e com vida estável, uma amostra de onde e como os personagens iniciam a carreira e para nós um lembrete dos obstáculos no caminho que nos tiram o chão, nos fazem perder a fé e nos tornarmos descartáveis, substituíveis, já que não mais somos produtivos e eficientes quando desmotivados, frustrados, desacreditados; quando nossas crenças são retiradas por uma realidade diversa da que julgávamos conhecer, não performarmos mais nosso papel da mesma forma, a não ser que esteja se doando apenas parcialmente ao que faz e como faz, talvez a unica forma de não perder a cabeça e seguir naquele trabalho.

A interação entre estes dois personagens é sinérgica, quase natural, muito boa de se ver na tela. Fazia muito tempo que personagens masculinos não me cativavam como eles fizeram.

Em “Os Pequenos Vestígios”, Leto como Sparma é o que de mais repulsivo, grotesco, nojento e pesado temos na sociedade da qual fazemos parte e que tentamos com tanta força não ser e nos distanciar, pois sabemos que existem no mundo humanos de moral distorcida, de inteligência perversa, de inclinações que desviam da conduta esperada e promulgada como aceitável. O personagem nos obriga a refletir se todos temos um pouco de Sparma e por isso o odiamos tanto, ou é sua sensação de liberdade para ser como é que nos revolta?

Quão frágil e tolas são algumas liberdades, a ponto de nos expor, limitar e encerrar nossa existência? Qual a solução ainda não encontrada para que casos assim não se repitam?

Perito

Como neta de um ex-perito criminal, sempre ouvi histórias sobre crimes, como foram solucionados e o que precisou ser feito para encontrar o assassino. Talvez pela falsa sensação que outros filmes deram à este tipo de narrativa é que não despertavam minha curiosidade (eu sabia como de fato acontecia), mas em “Os Pequenos Vestígios”, pude ver a reprodução de cenas que pareciam retiradas dessas histórias da minha juventude, detalhes muito sutis que revelam o dia a dia do setor de homicídios, resultando num filme muito mais completo e profundo dessa realidade dura que machuca até mesmo quem é responsável por trazer respostas às famílias feridas e alguma justiça, muitas vezes de forma limitada e inconclusiva.

Parece que há uma nova tendência nos filmes comerciais. Após anos de saídas mirabolantes e feitos extraordinários, de mostrar o mais próximo da realidade possível, o que pra mim cria um terror ainda maior, pois é crível e angustiante, e tenho gostado do que vem sendo feito, acredito que ainda tenha muito a ser explorado.

Outro detalhe que curti em “Os Pequenos Vestígios” foi o fato de que em meio a uma trama muito bem escrita, conseguiram apresentar criticas sociais, raciais, religiosas e de gênero. E sem de fato falar sobre elas, então mesmo quem acha o assunto desnecessário acaba ouvindo e, quem sabe e esperamos, aprendendo alguma coisa.

Por favor, continuem que está lindo.

Enfim, o trailer:

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Cinema

A Cabana – Curta-metragem com Dira Paes busca financiamento no Catarse

O financiamento ajudará na finalização do curta da diretora Barbara Sturm.

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O curta-metragem de ficção A Cabana apresenta Dira Paes (Alice) e Zé Carlos Machado (Jorge) em um lugar que poderia ser qualquer um. Um homem e uma mulher, levando uma vida em comum de forma nebulosa, como não é raro acontecer. Ausentes e mecânicos, em meio a neblina que os cerca cada vez mais. Um casal que não se vê. Até quando?

Para conferir mais informações sobre o curta, as recompensas e como apoiar, clique AQUI.

Para entender o que é o Catarse siga lendo o texto após o vídeo da campanha de A Cabana:

A diretora feminista Barbara Sturm

Formada em cinema, dirigiu três curtas-metragens. Atua desde 2007 no mercado de cinema brasileiro, já atuou como programadora no Cine Belas Artes, como gerente de aquisições na Pandora Filmes – onde foi responsável pelo lançamento de ‘Que Horas Ela Volta?” de Anna Muylaert.

Passou pela Pipoca Digital, e em 2017 assumiu como gerente de conteúdo na Elo Company, onde criou e coordena o Selo ELAS – projeto de apoio a longas-metragens brasileiros dirigidos por mulheres. É professora do curso O Mercado da Distribuição de Filmes, que já teve 18 turmas e mais de 100 alunos em todas as cinco regiões do Brasil. Faz parte do coletivo de inteligência estratégica ASAS.BR.COM e do grupo MAIS MULHERES NO AUDIOVISUAL BRASIL.

Sobre o Catarse

O Catarse é uma plataforma brasileira de financiamento coletivo para projetos criativos, que vão dos mais simples até os mais elaborados. O projeto foi ao ar no dia 17 de janeiro de 2011. Foi a primeira plataforma de crowdfunding do Brasil.

As campanhas podem ser financiadas formas diferentes. Em uma campanha Flex, caso do curta A Cabana, o projeto será lançado mesmo que não alcance a meta, geralmente os idealizadores já tem verba para finalizar e só precisam de mais uma ajuda.

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