Thor: Amor e Trovão tem um trailer que provoca e instiga. O filme anterior, Thor: Ragnarok, consegue divertir e entreter, existe conexão com os personagens e uma boa direção de comédia de aventura. A princípio, é um entretenimento eficiente no que se propõe. O diretor Taika Waititi (do bom Jojo Rabbit) seria quase um especialista nesse tipo de filme. Entretanto, nessa sequência, ele perde a mão com força, tanto na direção quanto no roteiro.
É tudo excessivamente bobo e falho. Ok, vindo da Marvel Studios, não exatamente esperamos um aprofundamento, o objetivo é entreter o público, gerar dinheiro, vender camisas, bonecos, enfeites, chaveiros. Porém, nesse quarto filme do Thor alguns limites são ultrapassados. Uma chuva de piadas gratuitas, e extremamante sem graça, que não acrescentam em nada. A cabine do filme estava lotada. Muitos críticos com camisas da Marvel, homenageando seus heróis. A Marvel, hoje um braço da Disney, traz esses super-heróis que são realmente tratados como deuses pelos fãs. O filme emula isso ao mostrar outros deuses decadentes, como Zeus, Apu, que não ligam para mais nada, são apenas celebridades querendo se divertir e dar show. A humanidade pouco importa.
Na trama, Thor, o Deus do Trovão, deve enfrentar Gorr (Christian Bale), o Carniceiro dos Deuses, que deseja matar todos esses seres, pois, como mostra a introdução, sentiu-se abandonado quando mais precisou. Para combater essa ameaça, Thor pede a ajuda da Rei Valquíria (Tessa Thompson, uma das melhores coisas do filme), de Korg (Taika Waititi) e da ex-namorada Jane Foster (Natalie Portman), que agora empunha o martelo mágico Mjolnir, como a Poderosa Thor.
Zeus
Ainda por cima, temos Russel Crowe como Zeus e a participação de Matt Damon. O elenco, infelizmente, é desperdiçado por completo, perdido entre diálogos ridículos. As cenas carecem de emoção e não atingem o espectador em nenhum momento. O vilão não mete medo algum e Christian Bale passa batido. Ele só aceitou o papel por insistência dos filhos (e grana). Será que se arrependeu?
O ato final traz alguns poucos bons momentos com um grupo de crianças. Contudo, não consegue salvar esse que é um dos piores filmes da Marvel. A película parece com seu início, onde vemos uma Asgard ridicularizada, servindo somente como ponto turístico. E, afinal, é isso que o longa faz o tempo todo: ridiculariza deuses, ironiza, mas de forma idiota, sem inteligência, sem favorecer nada de reflexão.
Enquanto em Eternos, vemos algo mais adulto, com Chloé Zhao entrando numa vibração contemplativa com mitologia, filosofia, os ciclos da vida e sentimentos, em Thor: Amor e Trovão, a infantilidade impera, mas, ok, convenhamos que aqui esse parece ser o público-alvo principal, as crianças. Afinal, Thor não é nada mais do que uma criança grande.
Além disso, o pior é que desde seu começo o filme passa uma mensagem de menosprezo da fé. O deus que aparece na introdução, Apu, é Apu Inti, ou simplesmente Inti, o deus do Sol dos antigos incas, ou seja, é um jeito de diminuir a América Latina e suas antigas crenças, assim como faz com a mitologia grega. Em seguida, a cena pós-créditos não cria nenhuma expectativa, apesar de tentar. Enfim, Thor: Amor e Trovão estreia no dia 7 de julho de 2022.
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