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Crítica | ‘Voices of Fire: Novas Vozes do Gospel’ apresenta coral de luz e talento

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voices of fire

Voices of Fire: Novas Vozes do Gospel tem o famoso Pharrell Williams, vencedor de onze grammys junto com seu tio, o bispo Ezekiel Williams. Eles têm um foco: montar o melhor coral gospel do mundo. E a série já começa animadora com uma versão emocionante de uma participante cantando “At Last”, famosa na voz da maravilhosa Etta James. Emociona, planta a curiosidade e aquele pensamento de “vem maratona por aí”.

São vozes de fogo. Um fogo que seria de algo acima, espiritual. Seria o tal Espírito Santo? Que desce como fogo em Pentecostes? Tipo aquele que a Gabriela Rocha canta?

Do céu para a terra. A saber, no Brasil, Pharrell Willians ficou mais famoso após o clipe que fez com Snoop Dogg. As filmagens foram na Cidade Maravilhosa:

Outra canção com a mão do produtor que fez muito sucesso nos anos 2000: “Drop it Like it’s hot” e a chiclete, trilha sonora de Meu Malvado Favorito 2,  “Happy”. Em suma, há uma mescla entre produtor experiente, em especial no Hip Hop, com o reality show “Ídolos”, mas gospel.

Coral multicultural

O ambicioso pastor Ezekiel Williams tenta, ao longos dos seis episódios da série documental, montar um coral gospel plural, com 75 integrantes. Sua ideia pulverizou e mais de três mil pessoas se inscreveram para as audições. Um sucesso por lá. Desse modo, conforme as audiências vão acontecendo, o espectador conhece um pouco mais sobre as características técnicas de um coral como as vozes principais, os tons vocais mais e menos importantes, dentre outros.

O corpo de jurados é composto por membros da igreja especialistas no assunto. Ademais tem aquela fórmula manjada de história dramática mais vozeirões embasbacando os jurados – e a audiência. Há também um pouco da vivência de cada integrante da bancada julgadora.  Enquanto rola a audiência, os candidatos, na sala de espera, assistem a apresentação de quem está sendo avaliado.

Há uma cena bem bonita na qual mostra os inscritos num corredor, aguardando serem chamados, cantando juntos animadamente e com muito entrosamento, chamando a atenção dos jurados. A música tem esse poder universalista mesmo.

A série documental finaliza com a cereja do bolo, que é a estreia do Voices of Fire. Com isso, percorre os bastidores, os cantores ansiosos, os produtores preocupados… Tudo dentro de um script normal de uma apresentação. A saber, Pharrell, em meio a tietagens, é aquele que dará um aval técnico sobre o coral. Diante de uma plateia imensa, o final é previsível.

Origens do coral gospel norte-americano

A música gospel americana tem sua origem no triste período escravagista americano. Os negros escravizados, no século XVIII, cantavam entre si à noite como uma maneira de aliviar o sofrimento a que eram submetidos. Como cantar tornava-os “mais produtivos”, os senhores permitiam que eles cantassem durante o dia também, enquanto eram desumanamente explorados.

Para além de louvores bíblicos, eram entoadas mensagens para comunicarem-se entre si, indicando possibilidades de fuga, caminhos perigosos etc. Com a abolição da escravidão, a tradição de se cantar essas músicas permaneceu e ocupou igrejas pelos territórios do tio Sam, nascendo, assim, o gospel. Aliás, o gênero acabou derivando outros, como o blues e o jazz.

Majoritariamente composto pela negritude por conta de sua gênese, o coral gospel ganha outro enfoque na série. Assim, o diferencial que o pastor Ezekiel procura é ampliar a diversidade cultural dentro da igreja, através dos corais. Com a premissa de levar a palavra de Deus pelo mundo através da música, ter um coral plural traz maior identificação de diferentes comunidades. Visionário? Empreendedor?

Por fim, fato é que cada vez mais o mundo está mudando e abraçar a pluralidade é muito mais agregador e respeitoso com todos. Amém.

Afinal, veja o trailer:

Confira:

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3 Comentários

3 Comments

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  3. Sandra Regina Braga de Freitas Carnevali

    5 de dezembro de 2020 at 18:28

    Queria ouvir o coral cantar mais. Onde consigo?

Escreve o que achou!

Crítica

‘Isto é Amor!’, saiba mais sobre o livro de Sonia Rosa, por Paty Lopes

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capa do Livro Isto é Amor de Sonia Rosa. Mostra uma mãe com seu filho, ambos são negros claros. O fundo é rosa.

Nia Produções Literárias nasceu em 2015. Veio de um desejo muito particular de levar literatura infantil com protagonismo negro a lugares não convencionais e assim alcançar um público que precisava, mas não conseguia ter acesso de forma “convencional” a essa literatura. Nia significa propósito, e com esse proposta que ela se sustenta por todo esse tempo (que parece ser pouco, mas só quem vive de empreender sabe o que cada dia a mais significa). Tatiana Oliveira, é a responsável pela curadoria dos livros editados pela Nia.

Vamos falar do livro “Isto é Amor!”. Obra da querida e renomada autora Sonia Rosa.

O livro apresenta ilustrações de Sandra Ronca, que não pecou. Podemos dizer que Sandra usou de toda sua aquarela em tons pastéis para ilustrações delicadas e que fazem bem aos olhos, posso dizer que uma das mais belas vista por mim.

Suavidade é o termo certo, mas que deixam as crianças conectadas.

Posso afirmar isso, pois li a história para crianças autistas no Museu de Arte Moderna, as crianças se encantaram com os corações e as demais figuras.

É possível entreter as crianças com as ilustrações do livro, em suas páginas, como já dito, notamos que as personagens trafegam em espaços diferentes, e também contém objetos que crianças em desenvolvimento da fala terão oportunidade de aprendizado, o que julgo importante, dependendo da fase que estão.

A gramatura do livro, das folhas, descartam a ideia de um livro simplório, se bem que nenhum livro é simplório, afinal são deles que adquirimos a maior riqueza da vida, o saber. Então posso dizer que temos um livro corpulento, que inclusive serve como um excelente presente de aniversário, de natal ou dia das crianças, afinal estamos em outubro e nada mais justo que incentivar a leitura dos pequenos. Mais que isso, aproximar-se, contar histórias, criar enlaces, que ficarão para a vida, na memória de cada criança.

O livro é mesmo um mimo, visita às estações do ano, permeia na escola, festa, praia, além de mencionar as frutas, tudo isso para falar sobre o amor.

Embora a autora tenha livros que abordem as relações étnicas-raciais, no livro Isto é Amor! Ela trouxe a ilustração de personagens negros somente, a história é aquela que todos conhecemos, ou quase todos, afinal falamos de um Brasil precário, em reconstrução, nem todas as crianças têm acesso à escola, alimentação sadia e infelizmente aos direitos que as cercam, os que estão no Estatuto da criança.

O livro faz entender o amor em amamentar, e tudo aquilo que nos leva a infância, como bolos, a presença da avó, banhos de mangueira, tudo simples e que cabe no bolso de qualquer pai e mãe. Isso é importante, não cria uma ilusão que para o amor é preciso tanto, o impossível para alguns pais. O que torna a leitura democrática. Curti bastante esse cuidado!

Esse livro foi criada para crianças negras? Já que as brancas não estão nas ilustrações? Claro que não! Eis aí um excelente momento de interatividade da criança e aquele que está lendo para elas, se for o caso.

Durante a contação de histórias, com crianças com síndrome de Down e autistas, em nenhum momento elas fizeram comentários, me fazendo perceber, que o racismo é coisa de adulto mesmo!

Caso as crianças questionassem, eu colaria fotos deles, da avó deles, ou abriria espaço para eles criarem os seus autorretratos, ao lado dos personagens, porque o que vale mesmo é que eles entendam que viverão em uma sociedade miscigenada, onde os direitos obrigatoriamente devem ser os mesmos para todos.

A saber, Sonia Rosa é carioca, mestre em Relações Étnicos-Raciais pelo Cefet/RJ, pedagoga, professora e contadora de histórias. Sua obra literária é repleta de personagens negros em protagonismo. Em 2020 comemora 25 anos de carreira, com mais de 50 títulos, sendo o primeiro “O Menino Nito”. Já recebeu alguns prêmios pela FNLIJ, inclusive o Altamente Recomendável. Alguns dos seus livros “visitaram” o Catálogo da Feira de Bolonha – maior evento de Literatura Infantil do mundo. Tem livros editados na França, países africanos de língua francesa, Itália, Galícia, México, Canadá e Estados Unidos. Dez bibliotecas levam o seu nome.

Para comprar: https://www.nialiteratura.com.br/product-page/isto-%C3%A9-amor

Por fim, leia mais:

Paty Lopes e o Livro Infantil: Meu Amigo Down

Paty Lopes e o Livro Infantil: O dia em que descobri o que é o Axé

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