Cachaça, um curta pernambucano de 1997 estrelando Chico Díaz: dois homens, uma aposta, o ultimo que estiver de pé ao raiar do sol ganha. Mesmo com esse enredo simples, a diretora Adelina Pontual acaba por apresentar uma história com um bom desenvolvimento e um final curioso.
Em 13 minutos, somos apresentados a um vendedor de fezinhas e a um beberrão vestido como cafetão de gala. Um homem doido para fazer algum dinheiro e o outro apenas procurando diversão. Na curta noite em que os personagens passam juntos, os seus objetivos se entrelaçam e acabam sendo envolvidos num antagonismo curioso regado à “branquinha”.
Temática
Mesmo que esses homens não se encontrassem, a fotografia indicava de forma neurótica o prenuncio de algo interessante. Com closes exagerados em rostos expressivos, a câmera buscava desesperadamente por algo na qual se agarrar, gravar e expor. Felizmente um pobre coitado esbarrou numa naja com camisa estampada, e caiu num bote cheio de “mé” e promessas de uma grana fácil. Cachaça aqui se tornou o laço no qual o ingênuo caiu, provendo assim um final surpreendente, mas ainda assim previsível.
Histórias como essa se espalham país afora, onde homens precisam provar a sua virilidade através de atos possivelmente, mas não inerentemente suicidas, a fim de conquistar o respeito, dinheiro e admiração de completos desconhecidos. No caso de Cachaça, é visível uma dinâmica muito desbalanceada de interesses. Enquanto uma das partes precisa ganhar a aposta, a outra está feliz em jogar, sendo irrelevante o resultado, visto que uma derrota não é apenas improvável, como impossível.
Finalmente, talvez o mais interessante em Cachaça é justamente o quanto do filme se revela depois que ele acaba. Esse curta singelo acaba por dar tanto pano para um subtexto mais complexo que a discussão acaba sendo parte integral da experiência de assistir à Cachaça. Enquanto alguns filmes procuram dar uma experiência mais amarrada, essa obra apresenta uma abertura inesperada, visto que o filme acaba e você fica matutando o que tinha de tão especial nisso. Talvez a indignação de ter visto algo “simples” que instiga um pensamento mais desbravador e a descoberta de uma experiência complexa.
Para assistir a esse e outros filmes, visite o site da 16ª CineOP. Lá você encontrará diversos curtas, médias e longas de todo tipo, como O Amor Dentro da Câmera e o documentário Mata.