Conecte-se conosco

Crítica

Dignidade | Peça disseca a moralidade humana

Publicado

em

Peça Dignidade

Dignidade apresenta para o público brasileiro uma montagem do texto do espanhol Ignasi Vidal. Com tradução e direção de Daniel Dias da Silva, a peça sela a amizade de décadas dos atores Thelmo Fernandes e Claudio Gabriel.

A princípio, ao entrar no belíssimo teatro de arena do Sesc Copacabana, o público é recepcionado pela cenografia com aspecto de futurismo que ajuda na imersão de um tempo impreciso. Se é passado ou presente não se sabe, mas a atualidade do texto é indiscutível. Esse aspecto cenográfico contribui muito para alçar o texto a um status de atemporalidade.

Thelmo e Claudio num jogo de cena intenso apresenta ao público o laço afetivo construído ao longo dos anos, mas que está em clima de rompimento por impasses éticos. Transitando pelo espaço circular, os atores entregam a vulnerabilidade de seus personagens e expõem suas contradições à platéia em diferentes ângulos.

A ética de uma amizade

A história vai revelando os dilemas existenciais de homens maduros o suficiente para perceberem suas convicções de mundo enfraquecidas. Não é apenas a fragilidade de suas relações que são evidenciadas, mas também expõem as instituições abaladas do Estado moderno.

Neste sentido, a peça contribui para refletirmos acerca da política em uma face desmoralizada, totalmente deturpada de seus princípios originais. É um texto muito duro e com tom caótico. Apresenta a forma como os interesses privados atravessam as políticas públicas, deturpações morais são banalizadas.

O jogo político é apresentado ao público a partir de sua face mais grotesca. Incomoda perceber a onipresença da decadência humana em todas as esferas sociais. A peça é um alerta. É necessário que a encaremos, ainda que doa, para saber o quão fundo é o nosso poço.

SERVIÇO:

Temporada: 25 de novembro a 18 de dezembro

Dias da semana: Quinta-feira a domingo

Horário: 20h

Ingressos: R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada), R$ 30 (inteira)

Local: Teatro de Arena do Sesc Copacabana

Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana / Rio de Janeiro

Informações: (21) 2547-0156

Bilheteria – Horário de funcionamento:

Terça a sexta – de 9h às 20h; Sábados, domingos e feriados – de 13h às 20h

Classificação Indicativa: 12 anos

Duração: 90 minutos

Ademais, leia mais:
12 Anos ou A memória da queda | Com poesia, peça reflete sobre escravidão passada e presente
Festival ‘Pausa para Cena’ foca em mulheres da História do Brasil com encenações gratuitas
Na Rédea Curta | Filme traz o lado cômico da maternidade solo

Anúncio
Clique para comentar

Escreve o que achou!

Crítica

‘O Admirável Sertão de Zé Ramalho’ brilha no Teatro Prudential

Publicado

em

Foto mostra o elenco do musical Admirável Sertão de Zé Ramalho

“O Admirável Sertão de Zé Ramalho” é um bom musical que oferece uma bela parcela de diversão e, ao mesmo tempo, pincela a história de um magistral artista, refletindo um pouco da essência de algumas de suas principais criações. Durante as quase duas horas de espetáculo, essa imersão na vida e obra de Zé Ramalho acontece de forma tão envolvente que nem percebemos o tempo passar. Notei isso assim que terminou e lembrei de olhar o relógio. Foi um susto ver quanto tempo havia passado e logo senti uma alegria pela capacidade que o espetáculo teve.

Uma das primeiras impressões quando a cortina abre é a ausência de cenografia, o que inicialmente pode surpreender. No entanto, essa escolha pode ter sido feita para destacar ainda mais os músicos e instrumentistas, que mostram grande habilidade e paixão pela música de Zé Ramalho. Especialmente Muato brilha sempre que aparece. Porém, é impossível não mencionar a luminescência da sanfoneira Ceiça Moreno, que estreia aos 76 anos de idade no teatro encantando a plateia com sua interpretação apaixonada e voz acolhedora. Ela é uma ótima tradução de “Avôhai” e inicia o espetáculo de forma genial.

A elegância poética de Adriana Lessa

Se não vemos um cenário tão cheio de nordestinidade e cor, temos um figurino deslumbrante concebido por Wanderley Gomes, que enche o espetáculo de brasilidade. No elenco, a participação de Adriana Lessa adiciona elegância e poesia à narrativa, especialmente quando encena a história por trás da música “Chão de Giz”, em uma cena cheia de beleza poética, onde podemos apreciar a capacidade cativante dessa grande artista em falar muito com poucos gestos e expressões. Isso já vale o ingresso. É o momento em que ela empresta seu talento para dar vida a Gisa, um dos grandes amores de Zé Ramalho, que inspirou a emblemática canção, uma das minhas preferidas do músico.

Desafios de “O Admirável Sertão de Zé Ramalho”

O repertório de Zé Ramalho é tão vasto que é bastante desafiador condensá-lo em apenas duas horas de espetáculo, mas a peça procura seguir uma cronologia coerente. O texto de Pedro Kosovsky busca pintar um quadro geral da vida de Zé Ramalho, destacando algumas nuances, como suas incursões na psicodelia e na sociedade alternativa. Ademais, logicamente, o espetáculo também faz incursões na crítica política, uma característica marcante das composições desse gênio que escolheu ir contra o fluxo das massas.

Um dos pontos mais interessantes da peça é a forma como tenta equilibrar a narrativa da vida de Zé Ramalho com a história por trás de algumas de suas músicas. Isso reflete a própria complexidade do artista, que mistura elementos da cultura nordestina com influências do rock, como os Beatles. Há inclusive uma cena, que usa bem a imponente e lindíssima estrutura do Teatro Prudential, onde parece que vemos Beatles brasileiros.

Além disso, outro destaque é a interação com o público. Essa conexão cria laços emocionais e exacerba a vitalidade do espetáculo.

Em resumo, pude ver a peça a convite da crítica teatral Paty Lopes, e devo dizer que ” O Admirável Sertão de Zé Ramalho” é uma celebração da rica trajetória musical e pessoal de um dos maiores artista brasileiros. Uma experiência que faz mergulhar na complexa e fascinante jornada de Zé Ramalho.

Serviço:

Teatro Prudential

Rua do Russel 804, Glória.

De 28 de setembro a 29 de outubro

De quinta a sábado, às 20h. Domingo, 18h.

Obs: 05 de outubro não haverá apresentação

Dias 28, 29, 30 de setembro e 01 de outubro [Estreia com preços promocionais]
R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia)

A partir de 06 de outubro [Ingressos com preços normais]
Quinta e sexta – R$ 90,00 (inteira) / R$ 45,00 (meia)
Sábado e domingo – R$ 100,00 (inteira) / R$ 50,00 (meia)

*Obs.: 05 de outubro não haverá apresentação

Classificação: 12 anos
Duração: 105 MINUTOS

INGRESSOS:

Atendimento Presencial: De terça à sábado de 12h às 20h, Domingos e feriados de 12h às 19h. Em dias de espetáculos, a bilheteria permanece aberta até o início da apresentação.

Autoatendimento: A bilheteria do Teatro Prudential possui um totem de autoatendimento para compras de ingressos.

Ficha técnica:

Texto: Pedro Kosovski
Direção: Marco André Nunes
Idealização e produção artística: Eduardo Barata

Direção musical: Plínio Profeta e Muato
Direção de movimento: Caroline Monlleo
Elenco: Adriana Lessa, Ceiça Moreno, Cesar Werneck, Duda Barata, Marcello Melo, Muato, Nizaj, Pássaro, Tiago Herz e Genilda Maria (atriz stand-in)
Cenário: Marco André Nunes e Uirá
Figurinos: Wanderley Gomes
Iluminação: Dani Sanchez
Desenho de som: Júnior Brasil
Visagismo: Fernando Ocazione
Assistente de direção: Diego Ávila
Programação visual: Felipe Braga
Fotos: Cristina Granato

Assessoria de imprensa: Barata Comunicação e Dobbs Scarpa

Direção de produção: Elaine Moreira
Produção executiva: Tom Pires
Produção: Barata Produções

Ademais, leia mais:
Bob Marley: One Love | Cinebiografia do ícone do reggae ganha seu primeiro trailer
Tigertail e o choro contido | Crônica
Sérgio e o Buda | Crônica

Por fim, por falar em música, confira o clipe de samba jazz “Preto de Azul”:

Continue lendo
Anúncio
Anúncio

Cultura

Crítica

Séries

Literatura

Música

Anúncio

Tendências