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Gambiarra | Ouça o EP de Donatinho tipo cyberfunk melody de anos 80 futurista

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Donatinho, Gambiarra e Hd de Espadas

A trilha sonora original do média-metragem “Gambiarra: o HD de Espadas” chega às plataformas digitais em formato de EP. A saber, conta com sotaque carioca e sonoridade que remete à década de 1980. Afinal, o artista Donatinho criou música incidental para a proposta inusitada dos cineastas Gustavo Colombo, Erik Hewitt e Frederico Cardoso.

O Vivente Andante ouviu o EP e, realmente, a música é bem dançante com um estilo de anos 80 futurista. Aliás, pode fazer sucesso nos bailes charme. Principalmente “Charged”, que mescla os sintetizadores com o funk carioca típico dos anos 80. Lembramos também de “Tron” ao escutar. Além disso, o filme “O HD de Espadas” faz parte do projeto Gambiarra, que busca ser transmídia e multiplataforma. É um universo que parte da premissa de que a visão dos cineastas dos anos 1980 sobre o futuro cyberpunk seria o presente das grandes metrópoles dos países de terceiro mundo.

Funk Melody

Para criar a atmosfera musical do filme, Donatinho utilizou uma ampla gama de sintetizadores analógicos e criou sons industriais. A faixa de abertura, “Charged”, apresenta clima futurista na introdução e levada funk melody no desenvolvimento do tema. A música surge enquanto somos ambientados à cidade maravilhosa versão Gambiarra, soturna e caótica. É o clima dos becos, fios de postes, camelódromos, linhas de trem e espigões ao lado de favelas. A melodia carrega a pulsação da cidade e anuncia as aventuras do protagonista. A música ganhou clipe, produzido por Rodrigo Ferdinand (também editor do filme), lançado junto com o EP, hoje, dia 11/09. A peça audiovisual evidencia a proposta estética de “Gambiarra: o HD de Espadas”, com vertiginosa edição de imagens do filme e do próprio Donatinho na pele de seu alter ego retrô-futurista concebido durante a produção do álbum Zambê (Dubas, 2014).

Como o título já anuncia, “Atrás de Uma Pista” embala as investigações de Heitor. O tema aparece em dois momentos do filme,
em cena contemplativa e em clima de suspense, respectivamente. Os anos 80 estão mais presentes nessa faixa, lembrando vagamente seriados de TV, a mídia mais popular da época.

“Dentro do Perigo”, por sua vez, tem uma abertura mais misteriosa. Em seguida vai num groove que remete também a incursões da música eletrônica produzida nos anos 70. No filme, entra primeiro a parte do tema mais acelerada, reforçando a sensação de perigo ao qual o personagem principal se verá exposto. Posteriormente, a introdução da música surge no encontro de Heitor com Lígia, outra personagem fundamental da história.

Jacarix

“Jacarix” é também o nome dado a uma droga que os surfistas de trem consomem. Esses personagens, marginais e heróis, dão a
dimensão do poder corrosivo que o Rio de Janeiro à Gambiarra tem sobre alguns de seus cidadãos. O tema que Donatinho criou traz a pegada mais pesada e industrial numa levada menos agressiva, tal como as cenas pedem. Como já se viu em trabalhos anteriores de Donatinho. A finalização do EP contou ainda com o registro de uma versão alternativa de “Charged” – a primeira versão composta para o filme, mas que acabou ficando de fora.

O média-metragem, que também conta com canções de Letrux e Giovani Cidreira, é diversão garantida para amantes de séries, filmes e videogames com pegada cyberpunk anos 80 (“Blade Runner”, “Akira”, o emblemático episódio interativo “Bandersnatch” de “Black Mirror”, “Stranger Things”, “Dark”, entre outros). E o mais importante: é uma oportunidade rara de conferir esse tipo de abordagem com linguagem, personagens e cenário brasileiros.

No site da produtora Cinema Petisco também é possível baixar as HQs originais, que caem bem com as músicas do EP rolando simultaneamente. A trilha sonora original composta, arranjada, executada e produzida por Donatinho teve a direção artística de Leonel Pereda e foi masterizada pelo lendário Arthur Joly, outra referência em som analógico. A capa do EP foi feita por Guilherme Ripardo, quem também fez a direção dos efeitos visuais do média-metragem e é autor do cartaz do filme. Para o lançamento do EP, Guilherme criou vídeo-Gifs para as outras músicas do EP a serem veiculados nas redes sociais. Além de ser uma passagem secreta para o universo Gambiarra, este EP de Donatinho é uma das produções mais bem realizadas no campo da música para sintetizadores feita no Brasil.

Afinal, veja o clipe de “Charged” baseado no filme “O HD de Espadas”:

“O HD de Espadas”, média-metragem que está no canal de YouTube da produtora Cinema Petisco desde o final de novembro de 2019 é o primeiro episódio. O foco está em Heitor, um jornalista fracassado que vive de postar notícias-Gif, mas sonha conseguir uma grande reportagem. Quando encontra um misterioso HD com informações que poderiam comprometer uma das corporações que dominam o Brasil nessa realidade distópica, ele começa por conta própria uma investigação pelo submundo do Rio de Janeiro, que o levará a descobertas e consequências inesperadas. A produção já conta quase 30 mil visualizações desde o seu lançamento.

Afinal, para assistir o filme completo clique aqui!

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Música

Bambas do samba: Geraldo Pereira

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Em ocasião do Dia Nacional do Samba lembramos a figura de Geraldo Pereira

”Geraldo Pereira, vara madura que não cai, deixou belos e bons sambas que influenciaram outros segmentos musicais, cujo maior exemplo é a Bossa Nova”
João Nogueira


Você pode não ligar o nome a pessoa, mas certamente conhece algumas de suas músicas: Bolinha de Papel, Falsa Baiana, “Pisei num despacho”, Sem Compromisso (que muitos pensam ser do Chico Buarque), Escurinho são alguns dos inumeráveis clássicos de Geraldo Pereira, cujas composições ajudaram a desenhar o cenário musical do samba . Nascido em Juiz de Fora em 23 de Abril de 1918 o sambista foi morar ainda criança no morro da Mangueira por volta dos onze, doze anos – a idade é imprecisa – e cresceu convivendo com grandes sambistas e malandros do morro. Desde cedo já demonstrava talento para a música – teve aulas de violão com Alfredo Português, Pai adotivo de Nelson Sargento. Aos 17 anos já arriscava suas primeiras composições.


Geraldo Pereira foi um grande cronista social do seu tempo. Através de seus sambas é possível ter uma ideia de como era o Rio de Janeiro na primeira metade do século XX. Ao mesmo tempo que são o retrato de uma época, suas canções se tornaram eternas e até hoje são regravadas e cantadas em rodas de samba em todo o Brasil. Geraldo Pereira Chegou a ter uma música censurada pela ditadura do Estado Novo, chamada Ministério Da Economia, onde ele fala das agruras de um sujeito cuja vida estava tão difícil que sua esposa foi “meter os peitos na cozinha de madame em Copacabana”. A música só veria uma gravação no início dos anos 1980 pela voz do saudoso Monarco.

Quem tomava aulas de violão com Geraldo Pereira pelos bares da Lapa era João Gilberto, que mais tarde seria considerado um dos pais da Bossa Nova. O baiano era um grande admirador da forma como o sambista tocava seu instrumento, aliás Geraldo Pereira é tido como o mestre do samba sincopado. Na linguagem técnica das partituras, síncope significa prolongar o som de um tempo fraco em um tempo forte que vem a seguir. Assim resulta em um ritmo pulado, requebrado, brejeiro, o samba de gafieira, que é diferente daquele tocado nas escolas de samba. Não foi por acaso que nos anos 1960 João Gilberto gravou Bolinha de Papel.

Toda essa genialidade não impediu que Geraldo tivesse uma vida difícil no morro, como a maioria dos sambistas de sua época. Ele sai de cena justamente quando sua carreira começava a se consolidar: na Lapa envolveu-se numa briga com o lendário Madame Satã. Foi golpeado e foi ao chão. Levado para o Hospital dos Servidores veio a óbito no dia oito de Maio de 1955. No carnaval de 1982 Geraldo Pereira foi enredo da Unidos do Jacarezinho. Suas canções até hoje são celebradas. Em suas letras estão sonhos, dores, alegrias e imagens que povoam o imaginário brasileiro. Geraldo Pereira presente!

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