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Entrevista exclusiva com Hunter | Conheça o projeto de Cyberflix

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Capa do conto Colmeia

“Caçadora” é a tradução da palavra inglesa “hunter” que nomeia a nossa autora entrevistada de hoje. Hunter é uma jovem escritora de 19 anos, autora de livros dark e apaixonada por distopias. Hunter prefere não ter seu nome revelado, no mundo dos livros, é conhecida apenas por seu pseudônimo e por seu trabalho.

Cyberflix

Recentemente a autora iniciou o projeto de contos CyberFlix. Esse projeto contará com a publicação de contos bimestrais, todos futuristas. E o primeiro conto já foi lançado, intitulado “Colmeia”.

O conto “Colmeia” narra a história de Abbie, jovem estudante de ciências tecnológicas, que é impedida por seus pais de encontrar com sua namorada Mel. A fim de quebrar essas barreiras, a aspirante a cientista resolve criar o projeto Colmeia, uma realidade virtual para que casais afastados pelo preconceito possam se encontrar.

CiberFlix tem como pano de fundo uma realidade completamente opressora e deflagra toda a sujeira desta sociedade. Nesta entrevista, autora revela algumas curiosidades sobre o projeto.

Entrevista

Júlia Cunha: Hunter, como surgiu o seu interesse pela escrita e como foi o processo de se assumir escritora?

Hunter: Na verdade surgiu de um jeito bem errado. Na escola em que eu estudava, tinha uma competição de quem lia mais livros, eu, competitiva do jeito que sou, queria ganhar de uma menina que eu odiava. Comecei a ler muito, pegar gosto por isso e acabei reescrevendo alguns finais de histórias. Com o tempo, esse processo virou algo terapêutico, e aí se tornou essa bagunça.

JC: Como funciona a criação de seus personagens e a sua relação com eles enquanto está produzindo uma história?

H: Meu personagem é basicamente uma voz da minha cabeça. Sério, eu não tenho controle pelas ações deles e muitas vezes eu mesma fico brava e julgo suas vidas como se fossem reais. Eles aparecerem sempre inspirados em partes de mim, ou de pessoas que poderia ser, ou pessoas que eu conheci que me magoaram.

JC: O primeiro conto do projeto CyberFlix, “Colmeia”, apresenta um aviso de gatilho por conta das cenas de lgbtfobia. Além disso, ele ainda toca em outros pontos importantes que também mexem com o leitor, como racismo, intolerância religiosa e machismo. Como produzir essas cenas mexe com você, mas também como vê a importância de abordá-los em suas histórias?

H: Eu sempre gostei de assuntos pesados, mas sempre odiei a forma que eram retratados. Acho que quando falamos sobre alguns assuntos devemos ter cuidado com quem está consumindo, afinal podemos causar crises de ansiedade no leitor, ou dar ideias negativas pra pessoas ruins. Em Colmeia expus o que acontecia com um olhar de desprezo quanto aqueles que fazem. Como uma mulher, bissexual e candomblecista, sempre quis contar minha versão da história, mesmo que doa na hora de escrever.  Acho que já posso dizer que o terceiro conto da saga conta a visão de um racista religioso que vandaliza um terreiro, então, vou expor bastante esses preconceitos.

JC: A sua personagem Abbie tem uma relação bem interessante com tecnologia e, enquanto lia, eu lembrava de alguns relatos de mulheres de programação falando da importância de todos os grupos se inserirem nessa área para que projetos como o de sua personagem sejam criados. Apesar de ser da área de jornalismo, você tem alguma experiência com programação? Se sim, como foi transpô-la para sua história?

H: Isso que é engraçado, eu sou PÉSSIMA com tecnologias. Não consigo nem mexer direito no meu computador. Minha área, a de jornalismo e gastronomia são mega divergentes e dou graças a Deus. Mas no fundo, escrevo sobre isso porque gosto da ideia de criar coisas fantásticas.

JC: Hunter, também em “Colmeia”, você revela que essa distopia se passa no Brasil – inclusive faz algumas menções ao Rio de Janeiro – e mostra uma realidade de muita repressão por parte do poder. Alguns pensamentos de sua personagem despertam a curiosidade do leitor por saber como as coisas chegaram a tal ponto. Até o final da série você pretende revelar, em seus contos, o que aconteceu com o Brasil durante esses 109 anos que se passaram?

H: Com certeza, Colmeia só saiu para dar um gostinho aos meus leitores. Tenho muitos planos para CyberFlix ainda a frente.

JC: Hunter, para finalizar, o que seus leitores podem esperar para as próximas histórias de CyberFlix?

H: Vocês podem esperar um livro físico. Recentemente tive problemas com ataques machistas vinda da comunidade Sci-fi e isso só me deu forças para lançar CyberFlix compilado em um livro físico. No momento retirei “A outra” porque estou em busca de uma editora.

Capa de "Colmeia"

“Colmeia”

O ebook “Colmeia” já está a venda na Amazon e você pode adquiri-lo através deste link.

E para saber mais sobre Hunter e acompanhar as publicações da autora, você pode encontrá-la no Instagram através do @hunterlivros.

Por fim, leia “Colmeia” e acompanhe o projeto CyberFlix.

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Formada em Letras e estudante de Jornalismo Cultural. Apaixonada por samba, literatura, cultura popular e pelo tricolor das Laranjeiras.

Cinema

‘TPM! Meu Amor’ é ‘romance da mulher com ela mesma’ | Entenda

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Paloma Bernardi do lado esquerdo de cabelo preso e blusa clara, Paloma Bernardi do lado direito de vestido e batom vermelhos e cabelo solto

Pois é, gente. Um filme sobre TPM. Quem diria. Temos produções audiovisuais onde as mulheres têm TPM? Com certeza. Mas sempre, SEMPRE, são estereotipados, pra fazer a “brincadeira” que a mulher está “maluca” porque está de TPM. Não é esse o caso em TPM! Meu amor, longa de Eliana Fonseca que estreou hoje, 31 de agosto. Com roteiro de Jaqueline Vargas, durante os 101 minutos de duração, assistimos Monique, a protagonista, sofrer com a famosa TPM. A dela, segundo a própria e seus amigos, parece não acabar nunca!

Monique, interpretada por Paloma Bernardi, leva uma vida estressante. É enfermeira no setor pediátrico de um hospital, uma das melhores e mais dedicadas. Aguarda ansiosamente uma promoção, justa para seu nível de comprometimento com o trabalho. Além disso, tem um chefe abusivo e essa maldita TPM fortíssima. Quando perde a promoção, por motivos altamente machistas, no ápice de frustração, acaba fazendo e falando tudo o que sempre quis, mas nunca teve coragem. Muito por causa da TPM. Ou seja, um longa brasileiro mostrando que a TPM também tem seu lado bom. A partir de então, precisa lidar com as consequências causadas por suas ações impulsivas.

Pra entender melhor, segue o trailer:

Um filme de mulheres (e não para mulheres, veja bem)

Vocês lá no primeiro parágrafo que a direção de TPM! Meu amor é de Eliana Fonseca e o roteiro é de Jaqueline Vargas. Acredito esse ser o grande diferencial: um filme sobre mulheres escrito e dirigido por mulheres. E com uma equipe majoritariamente feminina. Segundo a diretora, “há uma comunhão e compreensão do que se está fazendo com uma equipe composta por mulheres. É evidente e mais claro perceber algumas coisas quando são todas mulheres, não precisa explicar. Há uma ligação íntima porque a outra entende, já passou por isso”. Apesar disso, ela fez questão de deixar claro, em coletiva de imprensa realizada em 16 de agosto, que os homens que fazem parte da produção sacaram o filme, pois são muito sensíveis. “Foi uma troca linda de experiência”, disse ela.

Em sua fala é possível perceber que é um filme feito também para homens assistirem. Infelizmente, o que geralmente acontece quando as produções tratam de assuntos ditos femininos é ter um público feminino. É claro que mulheres irão se identificar muito mais com TPM! Meu amor. Mas isso não significa que seja um filme que só as mulheres irão aproveitar. Seria, inclusive, interessante os homens assistirem para entenderem melhor as pressões que as mulheres sofrem.

O longa tem a TPM como mote, mas vai muito além disso. Trata das pequenas (e grandes) violências que as mulheres suportam no dia a dia. E de como, ainda assim, enfrentam tudo de cabeça erguida e com um sorriso no rosto. Sabendo que se reclamarem de algo serão vistas como encrenqueiras e reclamonas. TPM, meu amor encoraja a mulher a se impor mais nesse mundo, e a se apoiar sempre em outras mulheres. E ajudá-las.

Mudanças

A roteirista Jaqueline Vargas disse ter começado esse projeto 15 anos atrás. Porém, as mudanças ocorridas na sociedade fizeram com que ela fizesse mudanças no roteiro. Inicialmente, o objetivo de Monique seria conquistar um amor, como tantas comédias românticas que vimos. Agora, seu objetivo é encontrar sua felicidade por conta própria. “Somos treinadas a viver em função do outro. O filme mostra que a mulher pode e deve se colocar em conta. E pode contar com outras mulheres.”, disse ela.

Paloma Bernardi, a protagonista, completou: “Ela não precisa colocar sua felicidade no outro, e sim em si mesma. Você pode olhar para o outro, mas tem que olhar pra si também, encontrar esse equilíbrio.” Paloma, aliás, está muito bem na pele de Monique. A atriz tem um timing muito bom para comédia, que não fica forçado. Sua atuação é leve e natural, o espectador se enternece com a personagem, mas também se diverte.

Elenco

O elenco, a propósito, é cheio de rostos conhecidos – e mulheres diversas e que fazem muito bem seus papeis. Foi interessante ver Maria Bopp como Carol, prima de Monique, uma mulher inocente e mais tradicional, diferente dos papeis em que geralmente vemos a atriz. Teca Pereira no papel de Leopoldina e Tânia Mara como a mãe de Monique roubam a cena todas as vezes em que aparecem na tela. Marisa Bezerra conquista o público como a enfermeira melhor amiga de Monique. Bárbara Luz, a adolescente Nicole, paciente do hospital, encanta com a personagem, tão bem-construída, mesmo não sendo uma personagem que apareça tanto.

A qualidade do roteiro se mostra quando percebe-se que todos os personagens, até os “menores”, que aparecem pouco, têm suas próprias histórias e importância. Mesmo Xanadu (inclusive, que nome maravilhoso!), a taxista interpretada por Jang Sin, ganha vida nos momento sem que aparece e não é um mero instrumento para a personagem atingir seu objetivo. Mérito da roteirista, da diretora e das atrizes, com certeza!

Trilha sonora original

No quesito técnica, não há nada muito grandioso ou diferente das outras comédias que assistimos. O foco do filme é realmente o enredo e não é necessário muita estripulia para se passar a mensagem. Mas um detalhe perceptível em TPM! Meu amor é como a trilha sonora conversa com o filme. Claro, a trilha sonora é feita para isso. Mas, aqui, ela é utilizada quase como que como mais um personagem. As músicas que acompanhavam as personagens são como um espelho do que elas estão sentindo e pensando. Esse fato dá um sabor a mais ao filme. É mais uma camada para o espectador se conectar com a personagem e entendê-la.

Apesar da produção musical ser de Marcos Levy, a trilha foi feita por mulheres. As músicas foram compostas para o filme. E a ideia foi mesmo de que a trilha conversasse com o filme – e com o espectador – o tempo todo, pra criar uma unidade.

Comédia gostosa

TPM! Meu amor é uma comédia leve e gostosa de assistir. Como mencionado anteriormente, óbvio que as mulheres terão maior identificação com as personagens. Porém, todo público é capaz de aprender com Monique. De dar boas risadas. E de se emocionar também.

Pra fechar, deixo uma fala de Eliana Fonseca, na coletiva de imprensa, que resume o longa:

“O mais bacana do filme é que é um romance da mulher com ela mesma. Se enamorar por você, se entender, se compreender, e se tocar pra frente. Quando se tem compreensão íntima e profunda de quem se é, se vai longe.” É isso. E isso vale para todos, não só para as mulheres. É um filme que faz olhar para dentro e refletir. Mas de forma leve e divertida.

Ficha Técnica

TPM! MEU AMOR

Brasil | 2023 | 1h41min. | Comédia

Direção: Eliana Fonseca

Roteiro: Jaqueline Vargas

Produção: Moonshot Pictures

Coprodução: Star Original Productions e Claro

Distribuição: Galeria Distribuidora

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