Esquete | 'Logomarca da Besta' por Diogo Vianna

Reunião em uma agência de publicidade

DEMÔNIO: Bom, então, estou vindo aqui por que faz tempo que não falam de mim, etc.
PAULO (redator): Dê, hoje em dia é difícil ganhar relevância. As redes estão muito disputadas.
DEMÔNIO: Eu sei, mas ainda tenho muitos seguidores.
PAULO: Mas o que importa é engajamento, o quanto interagem com você.
DEMÔNIO: A questão é a seguinte, pessoal: 666 não tá colando mais.
MÔNICA (planner): Sim, por isso tínhamos sugerido algo mais moderno, como um chip ou código de barras.

DEMÔNIO: É, mas aí não adianta mais, sem chip não dá pra ligar pra ninguém e código de barra tem até no pão da padaria.

PAULO: Você tem algo em mente? Acho que precisamos de um briefing mais detalhado. Tá muito aberto.
DEMÔNIO: Talvez algo com cores mais fortes, clean, que chame a atenção.
MÔNICA: Cor forte podem associar diretamente a você. A ideia não é ser discreto?
PAULO: Sim, você tinha comentado algo do tipo.
DEMÔNIO: Eu falei isso na última call, vocês não prestaram atenção. Essa marca tem que ser qualquer coisa que meus seguidores possam usar em outras pessoas, e assim fazer parecer que elas são maléficas. Marketing Reverso.
MÔNICA: Tive uma ideia! A vacina.
DEMÔNIO: Como assim?
MÔNICA: A marca da vacina, é pequenininha e tem gente que nem fica com nada no braço.
PAULO: Nossa, que insight!
DEMÔNIO: Hum… E vocês acham que isso pega?

MÔNICA: Olha, é só chamarmos alguns influencers. Podemos tentar o Roger do Ultraje a Rigor e o Pastor Silas Malafaia.

PAULO: Sim, já trabalham nessa conta há algum tempo e estão alinhados.
DEMÔNIO: Perfeito, então. Vamos fazer isso com o que resta do budget.
MONICA: Ótimo! O senhor não se decepcionará.
DEMÔNIO: Senhor? Tá de sacanagem, né?
MÔNICA: Não, não… Quis dizer “você”…

Paulo abaixa a cabeça.
Mônica fica paralisada.

DEMÔNIO: Peraí… Por um acaso, vocês também estão trabalhando para o concorrente?

FIM

LOGOMARCA DA BESTA
Texto: Diogo Vianna
Colaboração: Leandro Chagas e Fabian Goetz