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Cultura

Festival Halleluya 2021 ilumina Morro da Urca com música e fé

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Irmã Ana Paula no Halleluya 2021 foto por Alvaro Tallarico

Num sábado de céu aberto, com uma linda lua iluminando o Cristo Redentor, aconteceu o Festival Halleluya 2021. Era dia 11 de dezembro. O Vivente Andante foi conferir na pessoa do jornalista Alvaro Tallarico, que vos escreve agora.

Cheguei por volta das 19 horas. O primeiro show estava marcado para 20 horas. Apenas 500 ingressos foram disponibilizados para o público, e tudo foi transmitido também de forma online. É o atual formato híbrido.

Assim que peguei minha credencial, segui para o bondinho. Um padre e uma mulher cheia de sacos de pães entraram comigo. Foi levemente cômico o padre comentando sobre o medo de altura e os ali presentes se divertiram com o fato, assim como ele mesmo. Assim que chegamos lá em cima, a funcionária solicitou ajuda e lá fomos eu, o padre e ela levar os pães quentinhos. Logo lembrei de uma passagem bíblica: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre”.

Aqueles que chegavam eram recepcionados com um lanche contendo alguns biscoitos e amendoim. Mais a frente, o patrocinador do evento, o café Três Corações servia essa bebida famosa e estimulante à vontade para todos que pediam. Assim tomei o primeiro expresso de uma noite que seria longa e colorida.

Camarim

No caminho, de frente para a praia de Botafogo, estava o músico Jadir Barcellos, responsável por se apresentar no Espaço Lounge.

“Tem disco novo saindo, CD Farol na Tempestade – Músicas para Pessoas que Sofrem, a gente vai continuar nosso programa na rádio Catedral, toda terça-feira, 6 e 10 da manhã, o Bom Dia Catedral, tem o livro do Terço da Batalha e vai sair o livro de ’40 dias decisivos para desatar os nós da vida”.

Suas músicas entravam nos intervalos dos shows que aconteciam no palco principal cuja primeira apresentação foi do samba católico do Sinal d’Paz que fez a galera levantar.

Em seguida, a Irmã Ana Paula fez uma da das melhores apresentações da noite, mesclando louvor e a alegria, com belos fundos no telão, que proporcionavam uma imersão maior no show.

Logo depois, pela primeira vez, houve uma adoração ao Santíssimo no Morro da Urca. Um belo momento de fé e união católica.

Eliane Ribeiro veio depois com seu tradicional carisma.

Ainda conversamos com Mylene Otou e Guilherme Pontes do Missionário Shalom, confira abaixo:

O show do Missionário Shalom foi catártico com muita dança e coreografia e fechou a noite com alegria. Todos obedeceram os pedidos para fechar os olhos e fluir nos momentos de oração. Menos eu. Fiquei observando a beleza da fé, uma aura de espiritualidade que tomava o topo do Morro da Urca. Ali rezavam pelo Rio de Janeiro, pelo Brasil, pelo mundo.

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Jornalista Cultural. Um ser vivente nesse mundo cheio de mundos. Um realista esperançoso e divulgador da cultura como elemento de elevação na evolução.

Crítica

Benjamin, o palhaço negro | Uma homenagem ao primeiro palhaço negro do Brasil

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Parece até piada que notícias como a do racismo sofrido pelo jogador de futebol Vini Jr. ou um aplicativo que simula a escravidão tenham saído enquanto “Benjamin, o palhaço negro” está em cartaz. Infelizmente não é. Assim como não é piada e nunca deveria ser considerada como uma as coisas que um certo “humorista” disse no vídeo que, com razão, foi obrigado a ser retirado do ar. Infelizmente, a luta contra o racismo continua, desde a época em que Benjamin de Oliveira viveu, de 1870 a1954. Cem anos e as atitudes dos racistas continuam iguais! É um absurdo!

Mas sabe o que mudou? O combate. Como fica bem óbvio no texto do musical, agora não se sofre mais calado. Agora há luta. Agora há regras, há leis, os racistas não vão fazer o que querem e ficar por isso. As pessoas pretas vão exigir o seu lugar de direito e o respeito de todos. Já está mais do que na hora, né?

Mas estou me adiantando para o final da peça. Vamos voltar ao começo.

Quem foi Benjamin de Oliveira?

Benjamin de Oliveira foi o primeiro palhaço negro do Brasil, em uma época em que pessoas pretas não eram aceitas ou bem-recebidas no mundo do entretenimento (e no mundo como um todo, sejamos sinceros). Além disso, ele foi o idealizador e criador do primeiro circo-teatro. Mas por que, então, não conhecemos a história dele?

Por que vocês acham?

Como os atores dizem no início do musical idealizado por Isaac Belfort, a história do circo foi embranquecida, assim como todas as histórias que aprendemos. A peça vem, portanto, para contar a história verdadeira e colocar luz em cima de quem deveria, desde sempre, ter ganhado os louros de sua invenção. Em um espetáculo intenso, sensível e moderno, o público aprende sobre quem foi Benjamin e, também, a valorizar os artistas negros atuais e da nossa história. Mostrando, assim, pra quem tinha dúvidas, quanta gente preta de talento existe e sempre existiu. Só falta, como disse Viola Davis, oportunidade.

O espetáculo

No palco, cinco atores. Eles se revezam para interpretar Benjamin, uma sacada ótima. Uma sacada que faz todo mundo querer se colocar no lugar daquele personagem. Uma sacada que faz qualquer um não conseguir não se colocar no lugar daquele personagem. E sentir todas as dores que ele sentiu. Para pessoas brancas, como a jornalista que vos fala, que nunca vão saber o que é sofrer o racismo na pele, é um toque certeiro pra empatia. Mesmo que forçada, aos que até hoje tentam ignorar esse mal da nossa sociedade. É necessário.

Outra sacada ótima foram os toques de modernidade ao longo de todo o roteiro, muito bem escrito. Colocar personagens da época de Benjamin agindo como os jovens tiktokeiros e twitteiros de hoje foi primordial pra facilitar a identificação. Mesmo para quem não conseguiria fazer a paridade entre a época outrora e os tempos atuais, o roteiro faz questão de não deixar dúvidas. E fica impossível não reconhecer algumas das personagens mostradas no palco. O espectador vai, na hora, conseguir lembrar de alguém que já conheceu ou viu passar pela internet. Ou vai pensar em si mesmo. E é aí que mora a chave do sucesso da peça: porque o reconhecimento traz a mudança (ou assim se espera).

Um elenco de se tirar o chapéu

Os cinco atores – Caio Nery, Elis Loureiro, Igor Barros, Isaac Belfort e Sara Chaves – sabem muito bem o que estão fazendo. Dão show em cima do palco. Cantam, atuam e se movimentam de forma emocionante. A cenografia ajuda, claro. Assim como a iluminação. E a coreografia. O espetáculo é apresentado em um espaço pequeno, que ajuda ao espectador se sentir dentro da peça. E a força com que cada elemento está em cena – atuação, música, iluminação, cenário – torna difícil não sentir cada cena como se estivesse acontecendo com si mesmo.

Preciso, porém, destacar dois dos atores: Caio Nery e Sara Chaves. Todos em cena estão visivelmente entregando tudo e fazem um espetáculo lindo de se ver. Mas Caio e Sara sobressaem. Destacam-se por ser possível enxergar a emoção por trás dos personagens, e deixarem a peça ainda mais forte e bonita. São dois jovens atores de 20 e poucos anos que, com certeza, ainda vão longe!

Curtíssima temporada

Se você se interessou em assistir “Benjamin, o palhaço negro”, corre! O espetáculo ficará em cartaz somente até o dia 28 de maio, esse domingo. Como mencionado anteriormente, o espaço é pequeno, portanto os ingressos esgotam rápido. Essa não é a primeira vez que o musical fica em cartaz no Rio de Janeiro. Ano passado teve sessão única em novembro e uma curta estadia em São Paulo. Isso porque é uma peça independente. O que resta ao público, além de assistir às sessões do final de semana, é torcer para conseguirem mais patrocínio para seguirem com essa peça tão importante por mais tempo.

Serviço

Benjamin, o palhaço negro

Onde: Espaço Tápias (Av. Armando Lombardi, 175 – 2º andar – Barra da Tijuca).

Quando: 27 e 28 de maio (sábado e domingo), às 20h.

Idealização e produção: Isaac Belfort

Direção geral e músicas: Tauã Delmiro

Direção musical e músicas: Peterson Ferreira

Coreografia: Marcelo Vittória

Design de luz: JP Meirelles

Design de som: Breno Lobo

Direção residente: Manu Hashimoto

Direção de produção: Sami Fellipe

Coprodução: Produtora Alada

Realização: Belfort Produções e Teçá – Arte e Cultura

Crédito da foto: Paulo Henrique Aragon

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