Helder Cardoso, mais conhecido por HJC, é um artista plástico natural de Santa Cruz, Ilha de Santiago, Cabo Verde. O fascino e a aptidão pela arte são aspetos que o acompanham desde muito cedo. A princípio, foi no jardim de infância, com o incentivo da mãe, que começou a dar os primeiros passos na área. Para além da mãe, HJC recorda que o avô e uma tia tiveram um contributo fundamental no processo de exploração do seu potencial.
Do jardim de infância para a primária, e da primária para a secundária, desenvolveu ainda mais a paixão pela arte e pela pintura. O declínio para disciplinas ligadas às artes plásticas, bem como suporte de alguns professores ajudaram-no a ter, como refere “uma
noção mais apurada em relação à arte”.



Recorda que fez a primeira pintura em tela no 12º ano, onde retratou a turma, com o incentivo de um professor. Posteriormente, em 2008, HJC entra para a universidade e vai estudar na capital do país. Encontrava-se inscrito no curso de engenharia civil e ao longo desse período deixou de desenhar. Contudo, continuava a fazer pesquisas ligadas à arte, em que assistia a vídeos de artistas plásticos e aprendia as técnicas, entretanto na altura não as colocava em prática.
Inicialmente, retratos e t-shirts
No último ano do curso foi surpreendido por um colega que o confrontou e desafiou a retratá-lo a si e à namorada. “Foi a primeira vez que coloquei em práticas as minhas pesquisas”, menciona. Então, começou a fazer desenhos a lápis de grafite, em que
recebia encomendas e passou a receber pelo seu trabalho. Paralelamente a isso, HJC fazia pinturas personalizadas em t-shirts, técnica que aprendeu com a tia. Fazia principalmente retratos. Também na altura fez a sua primeira exibição, com diferentes peças (t-shirt e ténis personalizados) numa feira na Rua Pedonal, na cidade da Praia, onde muitas pessoas juntaram-se para conhecer o seu trabalho.
Certamente, houve momentos mais difíceis para o artista, pois teria de optar por exercer engenharia civil ou dedicar-se plenamente à arte. Dessa forma, no ano de 2014, decidiu arriscar e escolheu a arte. Mas tinha plena consciência de que para ser um “artista de excelência teria de dedicar a isso a 100%”, confessa. Com isso passou a utilizar o Facebook como meio de divulgação, com a ajuda de um primo que trabalhava no ramo audiovisual. Posteriormente, HJC conheceu, em 2017, Tutu Sousa, artística plástico que o convidou para participar no projeto Rua D´Arte.



Como resultado teve a oportunidade de trabalhar com artistas como Kiki Lima, Tchalé Figueira e Nela Barbosa. Contudo, foi com Tutu Sousa que HJC ganhou o brio de trabalhar com pintura em tela. Já participou em diversos projetos, como o evento anual realizado por Tutu Sousa e o artista guineense Sidney Cerqueira. Evento, aliás, onde vendeu as suas primeiras pinturas a tela. Inclusive, considera que este evento o lançou como “artística plástico no panorama nacional”.
Pinturas urbanas, pois
Em 2018 fez a primeira exposição individual no Palácio Ildo Lobo, na cidade da Praia e em 2019 fez a segunda na Galeria Tutu Sousa em Terra Branca. Também já participou em diversas exposições realizadas pelo Ministério da Cultura e das indústrias criativas de Cabo Verde. As pinturas urbanas são uma aposta do jovem artista para conseguir chegar junto da comunidade. Nessas pinturas ele retrata personalidades cabo-verdianas nacionais e internacionalmente conhecidas. Para além de ser uma forma de valorização da cultura cabo-verdiana, considera que a comunidade se identifica com essas personalidades. Indubitavelmente um dos exemplos foi a primeira pintura urbana em homenagem ao líder Amílcar Cabral.



Trabalhar a consciência das pessoas em relação à arte é um dos objetivos do artista, deste modo, produz há dois anos a “Santa Cruz Art Week”, que acontece em meados novembro. O intuito é tentar mudar as mentalidades em relação à arte e
conseguir mais projeção em relação à intervenção artística. O artista considera que em Cabo Verde tem conseguido atingir diversos púbicos devido “à diversidade em termos de trabalhos dentro do campo da arte e isso facilita chegar às pessoas e atingir diferentes públicos”.
Enfim, a marca
Para além de Cabo Verde o artista já realizou trabalhou em diversos países como Portugal, República Checa e Ilhas Canárias. Em relação ao futuro, HJC tem diversos planos. Primeiramente visa a aquisição do seu próprio estudo e, quem sabe, transformá-lo num santuário frequentado por amantes das artes e que queiram aprender mais acerca do assunto. Pretende promover aulas de pintura e ser incentivador da prática da arte. Um dos maiores sonhos do artista é fazer pinturas urbanas em todas as ilhas de Cabo Verde, visto que em Santigo todos os concelhos já possuem a sua “marca”.
Afinal, o feedback em relação ao trabalho de HJC é positivo, sendo um dos artistas plásticos de maior destaque atualmente em Cabo Verde. HJC refere que quando recebe o convite é algo satisfatório, devido ao reconhecimento do trabalho. Além disso, a oportunidade de contar a sua história e incentivar outras pessoas é algo que não tem preço. Tem a sensação de dever cumprido.
Muito Obrigado, Excelente????????