No ano de 1975 Cabo Verde tornou-se independente. Tal como outras colónias portuguesas, a missão após a libertação era redescobrir o seu passado e com isso formar a sua própria identidade cultural. A cultura “krioula” ou “crioula” resultou da
miscigenação entre a cultura de povos africanos com a cultura europeia, concretamente a cultura portuguesa, apesar de algumas ilhas de Cabo Verde sofrerem influências italianas e inglesas. O que faz com que a cultura cabo-verdiana seja um tanto complexa.
O fenómeno da emigração também esteve sempre ligada à evolução do povo cabo-verdiano, o que inerentemente trouxe novas raízes culturais ao arquipélago. Logo após a independência o património sócio-cultural de Cabo Verde encontrava-se num período de degradação, o que levou o autor João Lopes Filho a escrever o livro “Defesa do Património Sociocultural de Cabo Verde” (1985). O objetivo do livro seria pensar em formas de defender e formular algumas sugestões de modo a elevar o património, ou seja, consta que a principal missão do livro nessa altura seria contribuir para
“um repensar válido da sócio-cultural cabo-verdiana, em termos de equilíbrio e de progresso real, salvaguardando a preservação dos seus valores culturais e históricos.” (Filho, 1985)
Divulgação perspicaz
Atualmente já é notável que ao longo dos tempos estes princípios foram bem conseguidos, pois neste momento através do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, Cabo Verde demonstra estar à altura para valorizar e divulgar a sua cultura de
forma autónoma e perspicaz. O IPC – Instituto do Património Cultural de Cabo Verde em conjunto com o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas tem tido um papel preponderante a elevação da cultura cabo-verdiana. Desde o período de pós-
independência Cabo Verde nunca esteve no auge ao nível cultural como agora. Isso pode-se verificar através de inúmeros trabalhos desenvolvidos pelo IPC a nível de representatividade de Património Cultural.
Ouça o maior símbolo da Morna:
A mais recente elevação da Morna a Património Cultural Imaterial da Humanidade é a prova do trabalho que vem sendo desenvolvido. A 26 de Março de 2018 foi entregue o dossier da candidatura da Morna à UNESCO. No dia 7 de novembro de
2019, a Morna ficou inscrita na lista representativa de Património Cultural Imaterial da Humanidade e a decisão final ficou conhecida no dia 11 de dezembro de 2019.
Aprovação da Morna pela UNESCO
A mais conhecida Manifestação cultural cabo-verdiana, que representa canção, poesia e a vida do povo de Cabo-Verde foi elevada a Património Cultural Imaterial da Humanidade. A digna elevação foi noticiada e congratulada através de vários meios pelo mundo fora, principalmente em Cabo-Verde e Portugal. Para além do fortalecimento da cultura, a aprovação da Morna, segundo a Comissão da UNESCO, “vai aumentar a consciencialização das pessoas sobre a importância da cultura cabo-verdiana e, especialmente, do crioulo cabo-verdiano, aumentando a autoestima e o orgulho da população das ilhas, em torno das suas diferentes expressões culturais.”
Como a Morna, são várias as manifestações culturais de relevo para a sociedade cabo-verdiana. Sem esquecer a sua história, a identidade do povo cabo-verdiano deve ser mantida, preservada e transmitida às gerações futuras.