Cinema
Muco | Documentário mostra contradição na tradição indiana
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1 ano atrásem
Os preceitos fundamentais do Yoga versus a realidade encontrada na Índia, este é o mote do documentário brasileiro Muco: contradição na tradição, que estreia nos cinemas nacionais em 8 de dezembro. No filme, dois irmãos viajam à Índia para ver de perto a aplicação da filosofia milenar na atualidade e suas implicações em causas tão urgentes.
Inicialmente, a produção percorreu a Índia, durante quatro meses, e Estados Unidos, em busca de imagens e entrevistas com líderes espirituais, cientistas, figuras políticas, ambientalistas e ativistas. O filme foi selecionado em 40 festivais internacionais, é vencedor de 21 prêmios, 13 deles de Melhor Documentário.
À primeira vista, o espectador pode imaginar que se trata de mais um documentário sobre mudanças climáticas, mas Muco vai além, investiga a fundo e faz pensar sobre a espiritualidade na prática.
Nesse sentido, a produção emociona ao abordar Ahimsa (não-violência) — o primeiro Yama (preceito ético) do Yoga — respeito e compaixão. Além disso, entrevista líderes espirituais e ligados a causas humanitárias como, Sri Sri Ravi Shankar e Chidananda Sarasvati.
Ao mesmo tempo, o documentário coloca em xeque a relação do povo indiano com as vacas como animais sagrados. Também nesse ponto, Muco questiona a relação entre as goshalas (vacas criadas em ashrams – templos) e rituais tradicionais. E destaca o conceito de espiritualidade engajada, além de orações e palavras, e sobre escolhas práticas.
Em síntese, Muco nos leva a refletir sobre Yoga e espiritualidade para muito além de prática de ásanas, de leitura dos textos sagrados ou de ritos. Traz à tona a importância da consciência e entendimento sobre a filosofia para construção de uma realidade baseada em respeito e compaixão.
MUCO: CONTRADIÇÃO NA TRADIÇÃO
Direção: Oberom (professor de Yoga formado em Educação Física com pós-graduação em Nutrição Humana e Saúde pela UFLA e outra pós-graduação em Yoga pelo Instituto Lonavla (Índia) através da FMU)
Brasil / Índia / EUA / 2022 / 109 min.
Produtores: Céu Bittencourt, Oberom, Orlando Chavatta e Samadhi.
Trilha sonora original: Guilherme Cavalcanti.
Câmeras e som: Céu Bittencourt, Oberom, Orlando Chavatta e Samadhi.
Assessoria de comunicação: Lara Padilha.
Direção e edição: Oberom
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Relações públicas, professora de Yoga, empreendedora sustentável com o @fioorganico e vegana, compartilhando o que tenho visto, lido, ouvido e experienciado pelas minhas andanças. Segue lá: @pabittencourt
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Cinema
‘Névoa prateada’, de Sacha Polak, é filme para refletir | Crítica
O longa estreia no dia 18 de abril nos cinemas de Brasília e São Paulo.
Publicado
7 horas atrásem
18 de abril de 2024Por
Livia BrazilNévoa prateada é um filme arrebatador que, com certeza, não vai passar incólume. O longa propicia emoções intensas, sejam elas positivas ou negativas. Fato que muitos não irão gostar. Alguns podem considerá-lo extremo demais, pesado demais. Os espectadores acostumados a tratar o cinema somente como forma de entretenimento e diversão provavelmente não irão gostar, já que é um filme que propõe análise e questionamentos. E que retrata uma realidade comum em alguns lugares da Inglaterra – e também de outros locais. Contudo, para quem gosta de assistir filmes que criticam a sociedade e comportamentos é um prato cheio. E para quem pretende aprender com o audiovisual também.
Mas sobre o que fala Névoa prateada?
A protagonista do filme é Franky, uma enfermeira de 23 anos que vive com a família em um bairro no leste de Londres. Obcecada por vingança e com a necessidade de encontrar culpados por um acidente traumático ocorrido há 15 anos, ela é incapaz de se envolver em um relacionamento com alguma profundidade. Até que se apaixona por Florence, uma de suas pacientes. As duas fogem para o litoral, onde Florence mora com a família. Lá, Franky encontrará o refúgio emocional para lidar com as questões do passado.
A saber, a atriz Vicky Knight, intérprete de Franky, venceu o Prêmio do Júri do Teddy Award do Festival de Berlim. Além disso, o longa recebeu indicação de Melhor Filme no Panorama Audience Award e foi destaque na programação da 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Participou, também, dos prêmios Dinard British Film Festival (vencedor como melhor filme), Tribeca Film Festival (indicado ao Best International Narrative Feature), FilmOut San Diego US, Sunny Bunny LGBTQIA+ Film Festival, entre outros.
A diretora de Névoa prateada, Sacha Polak, costuma levar para filmes temas difíceis, que poderiam facilmente ser assunto de terapia. A necessidade de se sentir amada, preconceitos, dificuldade de esquecer uma situação, aceitação. No longa em questão, Sacha trata de vários assuntos, como autoaceitação e, também, dificuldade de perdoar. Porém, apesar de ter uma gama de temas, o filme não se torna cansativo ou confuso. Muito pelo contrário, o roteiro passa para o espectador muito bem todos os conflitos da protagonista.
Além disso, Franky não é apresentada de forma piegas ou clichê. Por ter sido vítima de um incêndio, a personagem tem marcas em sua pele que poderiam, em uma narrativa mais lugar comum, transformá-la em uma pessoa que se vitimiza ou que é vista como coitadinha o tempo todo pelos outros. Mas não é isso que Sacha quer passar para quem assiste. E, apesar de não ter uma vida fácil, é possível enxergar Franky para além de suas cicatrizes. Franky é uma personagem complexa, completa e muito bem desenvolvida, tanto pelo roteiro quanto por sua intérprete.
Talvez por já ter trabalhado com Sacha Polak anteriormente, Vicky Knight tem facilidade em transpor para a tela os conflitos internos de Franky sem deixá-la simples demais ou transformá-la em um mártir. Também ajuda ter passado por situações parecidas com as da personagem. O fato é que foi justo o prêmio Teddy Awards que Vicky recebeu, já que consegue trabalhar nos detalhes, algo que nem todo ator tem sucesso.
Fotografia
Apesar de ser um recurso bastante comum, não deixa de ser interessante ver o filme em cores mais frias, já que Franky não tem uma vida fácil e passa por conflitos internos durante todo o filme. Também é possível que tal característica seja por ter sido filmado na Inglaterra, onde não há mesmo muito sol. Todavia, fica claro que Sacha Polak – e também a fotografia de Tibor Dingelstad – quis expressar o interior de Vicky nas cores frias que vemos nas cenas.
Além disso, a escolha de planos abertos quando Vicky se encontra perdida em sua vida e planos mais fechados quando ela começa a se encontrar ajudam a contar a história da protagonista. E, também, de sua coadjuvante, Florence. Aliás, Esme Creed-Miles arrasa na interpretação da menina totalmente sem rumo e influenciável. Se há algo negativo nesse filme é que Florence poderia ter tido mais espaço. E também, talvez, poderia ter havido mais cenas de Franky e Alice. Vicky Knight e Angela Bruce têm uma química muito boa em tela e poderia ter sido mais explorada.
Para resumir, é um filme bastante introspectivo, bonito e reflexivo, que mostra, de forma original, o valor das pessoas que nos rodeiam. Névoa prateada estreia no dia 18 de abril nos cinemas de Brasília e São Paulo.
Por fim, fique com o trailer:
Ficha Técnica
NÉVOA PRATEADA (Silver Haze)
Holanda, Reino Unido | 2023 | 1h42min. | Drama
Direção e roteiro: Sacha Polak.
Elenco: Vicky Knight, Esme Creed-Miles, Archie Brigden, Angela Bruce, Brandon Bendell, Carrie Bunyan, Alfie Deegan, Sarah-Jane Dent.
Produção: Viking Films.
Distribuição: Bitelli Films.
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